Análise de conceito de Walker e Avant

Um conceito é a imagem mental de um determinado fenômeno, uma idéia ou construto sobre algo ou ação. A linguagem (termos ou palavras) é utilizada para expressar o conceito e são úteis para a comunicação entre as pessoas, algumas vezes, esses termos não são conceitos, sendo apenas uma forma de comunicar os conceitos podendo então estar adequados ou inadequados para explicar algo à alguém. Portanto, quando os termos usados para definir um conceito não são adequados, é necessário refinar ou mudar a linguagem conhecida para descrever o conceito (WALKER; AVANT, 2005). Os conceitos descrevem e explicam fenômenos que embasam uma profissão e, portanto devem ser bem desenvolvidos (PETTENGILL, 2003).

A enfermagem vivencia um período de desenvolvimento do conhecimento científico próprio para a sustentação da prática profissional, e a análise de conceito atualmente se faz necessária para que os conceitos empregados sejam bem compreendidos e adaptados à realidade da profissão (PETTENGILL, 2003).

Para o desenvolvimento de análise de conceito, é descrito na literatura técnicas elaborados por diferentes estudiosos, como o modelo proposto por Wilson que serviu de base para o desenvolvimento de outros métodos sendo: os modelos de Walker e Avant (2005), Rodgers (1993), Schwartz-Barcott entre outros. Ainda há o modelo qualitativo de análise de conceito proposto por Morse (1995) (PETTENGILL, 2003).

No Brasil o modelo apresentado por Walker e Avant (2005) é especialmente o mais empregado nos estudos envolvendo análise de conceito (PETTENGILL, 2003).

Identifica-se nas publicações brasileiras o uso deste modelo para a análise dos conceitos de incontinência urinária de esforço (THOMAZINI, 2011), adesão ao tratamento anti-hipertensivo (ARAÚJO; GARCIA, 2006) e fadiga (MOTA; CRUZ; PIMENTA, 2005).

Walker e Avant (2005) desenvolveram uma estratégia com a proposta de examinar a estrutura e função de um conceito, que vem sendo aplicada para analisar os fenômenos de enfermagem (diagnósticos, resultados e intervenções) a fim de obter a padronização da linguagem para descrever a prática de enfermagem, bem como, os conceitos dos diagnósticos de enfermagem (MELO, 2004; PILLEGI, 2007; CHAVES, 2008), pois cada conceito possui características definidoras ou atributos que fazem deles únicos diante dos outros e então realmente expressam o fenômeno em questão.

Como proposta para a análise de conceito, Walker e Avant (2005) descrevem um processo de investigação de elementos básicos de um conceito desenvolvido em oito passos: seleção de um conceito; determinar o propósito da análise de conceito; explorar os usos do conceito; identificar os atributos definidores; desenvolver um caso modelo; desenvolver casos adicionais como caso boderline, caso contrário e caso relacionado; identificar antecedentes e conseqüências; identificar os referentes empíricos. Embora estes passos existam, as autoras ressaltam a importância da interatividade entre eles.

Para implementar tal processo é necessário uma revisão da literatura a respeito do fenômeno que se pretende analisar a fim de se obter um embasamento teórico que norteará as etapas subseqüentes da análise de conceito (WALKER; AVANT, 2005).

No primeiro passo, Seleção do Conceito, as autoras recomendam uma seleção cuidadosa do conceito, que deve refletir a área de interesse do pesquisador e contribuir para o desenvolvimento de conhecimento a respeito do fenômeno de interesse (WALKER; AVANT, 2005).

O segundo passo, Determinar o Propósito da Análise de Conceito será focado no porque se está fazendo a análise e guiará a atenção durante o desenvolvimento desta. Pressupõe determinar, portanto, os objetivos da análise de conceito.

O terceiro passo, Explorar os Usos do Conceito, tem o objetivo de identificar na literatura científica, em dicionários, enciclopédias, entre outros, com a finalidade de analisar todas as formas de aplicação do conceito e considerar para a análise

tudo o que foi encontrado em todos os aspectos do conceito, independente da área de estudo (tanto aspectos de senso comum e científicos).

O quarto passo, Identificar os Atributos Definidores, é considerado pelas autoras do método o coração da análise de conceito. Serão agrupados/listados os atributos frequentemente associados ao conceito e que permitem uma análise ampla do significado do conceito. Tal lista de atributos definidores, também chamados de características definidoras auxiliam a determinar a ocorrência de um fenômeno e a diferenciá-lo de um parecido.

No quinto passo, Desenvolver um Caso Modelo, é demonstrado um exemplo do uso do conceito utilizando todos os seus atributos definidores, as autoras afirmam que esta etapa exemplifica o conceito. Poderá ser construído no início da análise, desenvolvido simultaneamente com os atributos ou emergir após a identificação destes. Podem ainda ser exemplos de casos reais, casos encontrados na literatura ou criados pelo pesquisador.

No sexto passo, Desenvolver Casos Adicionais, casos similares ou opostos ao caso modelo são desenvolvidos com o propósito de identificar os atributos definidores que melhor definem o conceito. As autoras sugerem para esta fase, o desenvolvimento de caso boderline (que apresenta apenas alguns dos atributos do conceito em estudo); caso relacionado (são casos semelhantes ao conceito estudado, mas não contemplam todos os atributos definidores); caso contrário (não apresentam nenhum dos atributos definidores do conceito em estudo; são claros exemplos do que não é o conceito); caso inventado (contém idéias fora da realidade ou experiência das pessoas. Geralmente são relacionados com ficção científica e envolvem os atributos do conceito em estudo) e caso ilegítimo (exemplifica o uso inapropriado ou fora do contexto dos atributos do conceito estudado).

O sétimo passo, Identificar Antecedentes e Conseqüências busca a identificação de antecedentes, ou seja, de acontecimentos ou incidentes que devem ser anteriores a ocorrência do conceito; e também de acontecimentos ou incidentes que são resultados da ocorrência do conceito, determinando as conseqüências.

No oitavo e último passo, Identificar os Referentes Empíricos identificam-se classes ou categorias de fenômenos reais que pela sua existência ou presença demonstram a ocorrência do conceito; podendo ser idênticos aos atributos definidores. São considerados úteis pelas autoras por fornecerem à prática clínica um fenômeno claro e observável.