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4. As Tecnologias

5.1 Análise de consumos

Esta primeira fase inicia-se com a análise dos consumos e na determinação das necessidades energéticas anuais (aconselho que o período mínimo de análise seja de 12 meses, sendo que esta janela de tempo é aconselhável que seja coordenada com o cliente de forma a que a mesma retrate um período típico de consumo) do cliente, seja este uma empresa do sector de serviços, agropecuária, agricultura, industria ou sector doméstico e residencial.

Esta análise dos consumos do cliente pode ser determinada por vários métodos. A telecontagem é definitivamente o melhor método, pois temos nela uma amostragem dos consumos reais de quinze em quinze minutos. Para termos acesso a essas matrizes de

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consumo existem várias maneiras, conforme o fornecedor de energia em questão. Sendo que em comum passa pelo acesso à área do cliente na respetiva página online do comercializador final de energia com a qual o cliente tem contrato.

De referir que atualmente todos os consumidores servidos em média tensão (MT), têm contadores de energia com modem o que permite a telecontagem e a comunicação desses dados para o operador da rede (EDP Distribuição). É responsabilidade do operador da rede a comunicação dos dados aos respetivos comercializadores finais de energia (EDP

Comercial, Iberdrola, Endesa,…).

Figura 40: Área do cliente da página online da EDP Comercial. Fonte: CK Solar Academy

Nos clientes servidos em baixa tensão especial (BTE), parte significativa ainda tem contadores convencionais, observa-se no entanto que nos contratos mais recentes já é instalado os contadores com telecontagem. Por último nos clientes em baixa tensão normal (BTN) (potências até 41,4kVa no caso dos clientes de comércio), a esmagadora maioria tem contadores convencionais. Atualmente a EDP Distribuição tem um programa de

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substituição de todos os contadores convencionais por contadores bidirecionais com telecontagem até ao ano de 2020.

Após termos acesso aos dados de telecontagem na área reservada do cliente, é possível aceder às matrizes mensais de consumo e executar o download das mesmas. Uma vez obtidas as 12 matrizes correspondentes aos 12 meses do ano, estas são introduzidas num livro de Excel desenvolvido na nossa empresa, de forma a reorganizar estes dados para que sejam apresentados na forma de uma coluna com 8760 linhas. O número de linhas é igual ao número de horas de um ano (24*365). Este número linhas é necessário visto que no dimensionamento do sistema fotovoltaico, em que é utilizado o softwa re “PVsyst”, este no input dos dados de consumos só admite estas 8760 linhas, apresentando “erro” sempre que falte ou haja uma linha a mais.

Figura 41: Exemplo da matriz de consumos horária mensal apresentada na área reservada do cliente na EDP. Fonte: EDP Comercial

Além da telecontagem, existem duas outras opções: através de analisadores de energia e por análise de faturas. Para tratar os dados de consumo de energia das faturas, usam-se

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folhas de Excel desenvolvidas na empresa por mim que fazem a desagregação de modo a termos os dados de doze meses, valores esses que necessitam de estar hora a hora, pois o

“PVsyst”, como já mencionado, apenas aceita os valores horários.

Na minha opinião, estes dois métodos apresentam algumas desvantagens. No caso da desagregação das faturas, quando se divide energia pelo tempo, obtemos potência, contudo esta potência média não retrata fielmente o perfil de consumo do cliente.

Figura 42: Tabela do Excel da desagregação, onde são introduzidos os consumos mensais, nas diversas tarifas, resultando potências médias. Fonte: Própria

Figura 43: Gráfico com as potências médias obtidas com a desagregação dos consumos das faturas.

Fonte: Própria

Como mostrado nos gráficos da figura 44, a desagregação das faturas permite obter as potências médias em cada um dos períodos tarifários, contudo estas potências médias não refletem com exatidão o real perfil de consumos. Analisado o diagrama de carga obtido

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verifica-se que um apresenta um grande período de homogeneidade, não havendo picos de consumo nem cavas, o que frequentemente não corresponde à realidade de consumo. Para minimizar este efeito de homogeneidade podemos aliar à desagregação das faturas num período de 12 meses, uma análise ao perfil de consumos com um analisador de energia.

Figura 44: Relatório diário de consumo de energia medido pelo analisador da Efergy. Fonte: Efergy

Estes aparelhos permitem o registo dos consumos de energia numa instalação elétrica monofásica ou trifásica através de medições indiretas com recurso a pinças amperimétricas. Estes registos podem ser apresentados ao utilizador numa página diária (figura 47), ou exportados para uma folha de Excel para serem importados pelo PVsyst, para o dimensionamento de um sistema fotovoltaico.

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Tive a oportunidade de instalar vários destes analisadores para obter o registo de consumos e o respetivo perfil de consumos/diagrama de cargas. O período ideal de análise seria 12 meses, contudo economicamente e logisticamente para a nossa empresa tal não é possível. Normalmente temos o analisador a medir um período de 1 mês. Esta janela de tempo permite ajustar o diagrama de cargas que foi obtido inicialmente com a desagregação de faturas e assim obter um perfil de consumos mais realista.

Por experiência própria, o uso unicamente dos dados obtidos através destes analisadores por curtos períodos de tempo (15 a 30 dias), e os mesmos serem replicados até atingirmos um período de 1 ano, gera um grande erro, maior do que usar unicamente a desagregação já referida, pelo que desaconselho o uso deste método.

Em resumo, a análise dos consumos para a determinação do diagrama de carga é essencial para determinar qual a potência com que iremos iniciar o estudo e o respetivo dimensionamento do gerador fotovoltaico de forma que este possa produzir uma parte importante da energia necessária ao cliente. Por norma faço vários estudos com potências diferentes de forma a verificar qual é a melhor solução técnica e a que apresenta a melhor viabilidade económica.

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