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A Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2011), é um norteador para a organização da análise dos materiais didáticos. Serve como um método de análise em que foram consideradas a exploração do material, a codificação, a categorização, a inferência, a análise da enunciação, a análise da expressão e a análise das relações.

A Análise de Conteúdo procura trazer um método de investigação concreto e operacional para a pesquisa científica. Bardin aplicou as técnicas na investigação psicossociológica e nos estudos das comunicações de massas. Para a autora, sua obra pode ser usada como um manual metodológico por psicólogos, sociólogos, linguistas, ou qualquer outra especialidade ou finalidade.

A obra traz uma exposição histórica, ressaltando a necessidade de colocar suas condições de aparecimento e de extensão em diversos setores, a expansão das aplicações da técnica em áreas diversificadas e o surgimento de interrogações e novas respostas no plano metodológico.

Segundo Bardin (2011), alguns fenômenos afetaram a investigação e a prática da análise do conteúdo, como o recurso do computador, o interesse pelos estudos inerentes à comunicação visual e a inviabilidade de precisão dos trabalhos linguísticos.

Bardin define a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. E defende a ideia que a análise de conteúdo se faz pela prática.

Assim, faz-se necessário considerar a totalidade de um “documento” passando-o pela classificação, procurando identificar as frequências ou ausências de itens. A escolha dos

critérios de classificação depende daquilo que se procura ou espera encontrar. O interesse está em como os dados poderão contribuir para a construção do conhecimento após serem tratados e não na simples descrição do conteúdo.

Portanto, a intenção da análise do conteúdo é a inferência, (inferência nessa pesquisa é abordada como a operação lógica pela qual se admite uma proposição em virtude de sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras). Com base nas categorias estabelecidas, o pesquisador procura inferir, ou seja, extrair uma consequência, deduzir de maneira lógica conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou sobre o contexto em que foi emitida.

A obra auxilia desde um investigador iniciante a elaborar hipóteses utilizando as técnicas e a interpretação até um mestrando, doutorando, professor universitário ou um participante de programas de iniciação científica.

Na área da educação a análise de conteúdo pode ser um instrumento de grande utilidade em pesquisas que envolvem entrevistas, questionários abertos, discursos, documentos oficiais, textos literários, artigos de jornais, etc.

Ela começa por uma “leitura flutuante” por meio da qual o pesquisador relaciona o documento analisado com suas anotações até que comecem a emergir suas primeiras unidades de registro (palavra, conjunto de palavras formando uma locução ou tema, guiando o pesquisador na busca de informações contidas no texto). É a leitura em que surgem hipóteses ou questões norteadoras, em função de teorias conhecidas.

Para que o pesquisador tenha condições de definir e classificar as unidades de registro é necessário passar por algumas etapas. Assim, ele fundamenta suas ações justificando a organização do trabalho e a validade dos seus instrumentos.

Segue a descrição sucinta das principais etapas da análise de conteúdo:

 Organização do material de trabalho – uma vez que o material de trabalho foi constituído, deverá ser organizado tendo em vista sua manipulação. O essencial é que sua manipulação seja fácil e possa ser feita com certa rapidez;

 Definição das unidades de registro – é a significação a codificar. Conforme colocado acima, são palavras, conjunto de palavras ou até mesmo o tema;

 Definição e delimitação do tema – o tema é a afirmação de um assunto. Como unidade de registro, é a unidade que se liberta naturalmente do texto analisado;  Definição de categorias – são classes que reúnem um grupo de elementos da unidade

de registro. É de grande importância, pois a qualidade de uma análise de conteúdo depende de suas categorias. Existe a possibilidade de se trabalhar com categorias a

priori, sugeridas pelo referencial teórico e com categorias a posteriori, elaboradas

após o material; Bardin (2011) coloca que uma boa categoria deve suscitar a exclusão mútua, a homogeneidade, a pertinência, a objetividade, a fidelidade e a produtividade;

 Contagem e análise frequencial – frequência com que aparece uma unidade de registro denotando importância. A decisão de realizar uma contagem depende das questões feitas pelo pesquisador e dos objetivos da pesquisa;

 Análise estatística e interpretação – análise da distribuição de frequências fornecendo um parâmetro estatístico para a avaliação do padrão de respostas obtido;

 Tratamento dos resultados – a inferência se orienta pelos polos da comunicação, a mensagem é o ponto de partida de qualquer análise. Ao se identificar um tema nos dados, é preciso comparar verificando se há um conceito que os unifique. Caso os temas encontrados sejam diferentes, é necessário buscar possíveis semelhanças entre eles.

As proposições (enunciado geral baseado nos dados) derivam do estudo cuidadoso dos dados, podendo ser verdadeiros ou não. É preciso voltar aos marcos teóricos ao interpretar os dados, pois eles dão o embasamento e as perspectivas significativas para o estudo. A relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que dará sentido à interpretação. As interpretações a que levam as inferências serão sempre no sentido de buscar o que está implícito na aparente realidade.

CAPÍTULO 3

Procedimentos Metodológicos