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Análise Crítica

No documento Produtos minimamente processados (páginas 55-60)

Os produtos MP devem ser alvo de um eficaz sistema de gestão de qualidade que ofereça todas as garantias aos consumidores. Este sistema deverá ter início nas boas práticas agrícolas.

O grande aumento do consumo de produtos MP traz consigo um grande desafio no que se refere ao desenvolvimento de novas tecnologias. (47) No entanto, continuam a ser necessários mais estudos de modo a obter uma maior segurança microbiológica dos produtos, uma manutenção do seu valor nutricional e das suas características sensoriais originais.(18)

O factor tempo de vida útil continua a ser um inconveniente dos produtos MP, pois os produtos inteiros apresentam um tempo de vida útil superior aos produtos MP. De um modo geral os produtos MP são comercializados num período máximo de 5 dias. O aumento da vida útil destes produtos para 10 dias traria grandes benefícios para o mercado, possibilitando maior expansão e flexibilidade de comercialização. Para que tal seja alcançado extensivos trabalhos de investigação devem continuar a ser efectuados.(47)

Os produtos MP deterioram-se devido às alterações fisiológicas inerentes ao processamento e à actividade microbiológica. Os danos mecânicos promovem o contacto entre as enzimas e os substratos e a migração de microrganismos no interior dos tecidos. Estas alterações fisiológicas promovem inúmeras degradações bioquímicas tais como o escurecimento, produção de aromas indesejáveis e alterações da textura.

Para diminuir as alterações fisiológicas supra citadas é necessário fazer mais investigação. Esta investigação deverá ter como objectivos encontrar as variedades, o tipo de processamento mais apropriados e estabelecer

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procedimentos adequados à manutenção da qualidade inicial do produto por um período de tempo economicamente viável à comercialização do mesmo.

Muitos dos efeitos negativos decorrentes do processamento podem, no entanto, ser minimizados através de uma boa gestão de temperaturas durante o armazenamento e a distribuição dos produtos. Este é um dos factores mais importantes na preservação da qualidade, dos MP, apesar de ser o mais difícil de assegurar e controlar. Um dos objectivos dos estudos nesta área é a procura de novos compostos provenientes de fontes naturais que sejam seguros e saudáveis para os consumidores e que permitam uma boa preservação das qualidades de frescura. Nesta área destacam-se os estudos elaborados sobre óleos essenciais.

Um dos obstáculos na produção de produtos MP deve-se ao facto da maioria dos métodos de preservação possuírem um limiar óptimo de actuação muito próximo do limiar da deterioração. A fronteira entre o aumento de vida útil do produto MP e a deterioração é muito ténue.

No que diz respeito à microbiologia, são necessárias práticas de higiene eficientes em cada etapa da cadeia alimentar, desde a produção até ao consumo dos alimentos. Cada passo pode influenciar a qualidade dos alimentos eventualmente consumidos. Relativamente aos aspectos referentes à segurança alimentar é importante salientar que do ponto de vista qualitativo o maior controlo higiénico está na implementação de medidas como as Boas Práticas de Higiene e instituição Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP).

Continuam também as investigações sobre embalagens de acondicionamento dos produtos MP. Actualmente estão em desenvolvimento embalagens que adaptam a permeabilidade do filme de acordo com a temperatura.

O binómio elevada rentabilidade para o produtor e conveniência para o consumidor tornam os produtos MP muito aliciantes para as empresas produtoras de produtos MP.

Para os consumidores a conveniência de utilização supera o factor preço dos produtos. Apesar do preço dos produtos MP ser mais elevado estes têm um rendimento de 100% pois ao nível do consumidor final não ocorrem desperdícios. Sendo assim, a diferença de preços entre os produtos MP e os frescos não é tão significativa.

Um produto MP adequado é aquele que responde às exigências do mercado, isto é dos consumidores. Estes produtos devem apresentar-se em conformidade com as suas características originais, preservar a sua cor, valor nutricional, sabor, aroma e textura, além da segurança alimentar desejada.

A definição de qualidade na vertente dos consumidores, vendedores e economistas, é a capacidade de desenvolver um produto que tenha a capacidade de ir ao encontro às necessidades e expectativas do consumidor final. Do ponto do consumidor a compra é efectuada de acordo com a aparência, textura e cor, já a repetição da compra deve-se à qualidade do sabor.

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7. Conclusão

Após a elaboração desta monografia conclui-se que os produtos MP são realmente um mercado em expansão. O crescimento económico deste sector deve-se ao facto de estes produtos serem um sinónimo excelente de produtos de conveniência. Para além da conveniência possuem qualidade assegurada.

Apesar do grande potencial dos produtos MP, ainda existem muitos problemas na produção e comercialização, tais como a falta de embalagens adequadas, de tecnologias de produção, de uma adequada rede de frio e de legislação específica.

A chave para o sucesso da indústria dos produtos hortofrutícolas MP assenta em três pilares fundamentais: boas matérias-primas, técnicas de processamento mínimo adequadas e um bom circuito comercial.

Em suma, no acto da compra de uma embalagem de produtos MP é quase impensável a quantidade de trabalho, tecnologia, investigação e "know-how" que o consumidor leva para sua casa.

8. Bibliografia

1 - Martins MM, Empis J. Produtos hortofrutícolas frescos ou minimamente processados: Processamentos mínimos. Porto: Sociedade Portuguesa de

Inovação; 2000

2 - Ragaert P, Verbeke W, Devlieghere F, Debevere J. Consumer perception

and choice of minimally processed vegetables and packaged fruits. Food

Quality and Preference. 2004; (15): 259-270

3 - Sigrist JMM. Estudos fisiológicos e tecnológicos de couve-flor e rúcula

minimamente processadas [tese de doutoramento]. São Paulo: Escola superior

de agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo; 2002

4 - Pereira LM, Rodrigues ACC, Sarantópoulos CIGL, Junqueira VCA, Cardello HMAB, Hubinger MD. Vida-de-prateleira de goiabas minimamente

processadas acondicionadas em embalagens sob atmosfera modificada.

Ciência e Tecnologia de Alimentos. 2003; 23(3): 427-433

5 - Wiley R. Minimally processed refrigerated fruits & vegetables. New York: Chapman & Hall; 1994

6 - Ministry of agriculture, food and rural affairs, Food safety risk assessment.

Minimally processed vegetables risk assessment introduction and summary.

In: Minimally processed vegetables risk assessment [Internet]. Canadá; 2003 [Revisto em 2004 Out 05]. Disponível em: http://www.gov.on.ca/OMAFRA/english/food/inspection/fruitveg/mpv_ra.htm.

7 - Vitti MCD, Kluge RA, Schiavinato MA, Moretti CL, Jacomino AP. Aspectos

fisiológicos e microbiológicos de beterrabas minimamente processadas.

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No documento Produtos minimamente processados (páginas 55-60)

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