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Análise da categoria 2: desafios enfrentados no desempenho da função de direção

Capítulo 6 Resultados e Discussão

6.1 Análises das categorias

6.1.2 Análise da categoria 2: desafios enfrentados no desempenho da função de direção

A intenção dessa análise é aprofundar o estudo para se compreender as possíveis dificuldades enfrentadas pela direção. Verificaram-se questões relacionadas à pessoalidade, falta de servidores, cumprimento de metas com pontualidade, indisposição de servidores, burocratização e imposição, como evidenciados na fala de alguns entrevistados como segue nos trechos abaixo:

“[...] não que sejam as atribuições que limitam os avanços do campus, mas, por exemplo, ocorre de haver pessoas dentro da própria equipe ou parte da equipe que dificulta o trabalho da gestão, ou pelo menos tenta dificultar. Vejo isso como hipocrisia, pois não há motivos para questionar o trabalho da gestão [...]. [...] acredito mesmo ser por inveja, questão de pessoalidade [...]” (E2).

“[...] Um grupo restrito de docentes parece não ver com bons olhos a presença da diretora nesta instituição. Este grupo invariavelmente utiliza de seu prestígio social, bem como de suas posições políticas e ideológicas para desqualificar ou menosprezar as ações desenvolvidas pela direção” (E3).

“[...] nossa! Deixe-me pensar... Acredito ser a falta de diálogo. Não é uma atribuição da direção explícita em lei, mas diálogo é manter a comunicação, manter os servidores informados, acho que isso está naquelas portarias não está?! [...]” (E1). “[...] ah sim! Acho que questões orçamentárias são mais difíceis de controlar devido à crise financeira que estamos vivenciando né. Acho que ainda é preciso estudar mais, ser menos burocrático, resolver as coisas com mais simplicidade [...]” (E2).

As respostas acima nos remetem novamente ao que já foi posto no referencial teórico deste estudo que, por mais exaustivos que sejam os esforços da direção geral, para cumprir seu papel de diretor, seu trabalho deverá estar em constante adaptação para saber lidar com as diferentes pressões do cotidiano escolar. Nesse sentido, não se pode deixar de relembrar o pensamento de Luck (2009, p. 137):

64 Como a escola é formada por pessoas de múltiplos saberes e motivações de diversas temporalidades e valores, circunscritas num mesmo espaço, o entendimento e a aceitação às proposições educacionais não se dá de forma natural e pronta. O relacionamento entre líderes e seus liderados é complexo e recíproco. Outra dificuldade apontada pelo entrevistado foi sobrecarga de trabalho do diretor e a ausência de servidores.

“[...] muitas vezes percebemos que a diretora está muito atarefada fazendo um trabalho que caberia a outro servidor executar, mas ela despacha logo o que tá fazendo pra não acumular, já que o quadro de servidores no gabinete é zero. Isso mesmo! A direção conta com apoio das servidoras lotadas no setor da secretaria escolar” (E8).

Na fala do diretor geral, algumas questões foram apontadas, como a falta de servidores, de recurso orçamentário e financeiro para a contratação de estagiários remunerados ou até mesmo profissionais terceirizados e excesso de trabalho com a descentralização da portaria 475 que trata a expedição de portarias.

“[...] a reitoria está cada dia que passa descentralizando mais tarefas para os campi, não importa se é campus avançado em início de atividade ou se é campus definitivo com mais tempo de funcionamento e com maior número de servidores. Isso prejudicou muito aquele campus que ainda é avançado, que tem um número reduzido de pessoas [...]. [...] a descentralização da portaria 475 demanda uma gama de atribuições que sobrecarrega o gabinete e a gestão de pessoas, até porque não é só emitir e assinar as portarias. Tem que estudar, analisar, tem atribuições que tratam sobre a vida financeira de servidor [...]” (DE).

As entrevistas prestadas pelos colaboradores nessa categoria demonstram a necessidade e a importância de se estudar fenômenos que impedem ou prejudicam ações da direção escolar. Não se pode destacar somente a sobrecarga de atribuições, mas, sim, as questões de punho administrativo e até de conflitos em nível pessoal que deveriam ser abertamente discutidas.

6.1.3 Análise da categoria 3: sugestões para enfrentar dificuldades

Após todos os relatos demonstrados, propor sugestões de alterações, nas atribuições estudadas neste trabalho, com vista a colaborar com o bom desempenho do trabalho do diretor, torna-se essencial a partir dos dados apontados que são descritos a seguir.

Para encerrar a gama de perguntas da entrevista, a última questão foi elaborada com o intuito de analisar os apontamentos sugeridos para o enfrentamento das dificuldades no desempenho do trabalho do diretor.

65 “[...] acredito que falta mais transparência nas ações ou talvez mais comunicação. Acho que falta mesmo é comunicação. Seria interessante criar uma atribuição que a direção tivesse a obrigatoriedade de levar toda e qualquer ação do diretor geral em nome da instituição ao conselho acadêmico. Para que os servidores tenham ciência do que está sendo realizado em nome da instituição”.

Coincidentemente os entrevistados E2 e E7 mencionaram alterações no Inciso II da resolução 004/2017.

“[...] seria interessante que ao invés do diretor designar servidores para cargos e funções, que houvesse um processo seletivo interno ou uma eleição pela comunidade escolar para eleger um servidor apto a assumir o cargo e caberia ao diretor somente designar por portaria após o resultado [...]” (E2).

“[...] melhor seria ao invés do diretor designar o servidor para assumir o cargo com função, aplicar um teste de capacitação antes. Pelo resultado do teste, aí sim, o diretor poderia designar ou não” (E7).

De acordo com os entrevistados E4, E5 e DE, quanto à portaria 475/2016, seguem relatos:

“[...] a portaria 475 delega muita atribuição. Não temos tempo pra executar tudo que está contido nela. De qualquer maneira o serviço sai, mas nem sempre sai no tempo certo. Algumas atribuições da portaria 475 poderiam ser executadas pela reitoria no setor de gestão de pessoas, pois possuem um número significante de servidores aptos a executarem essas atribuições [...]” (E4).

“[...] aquelas atribuições descritas na portaria 475 são de teor totalmente administrativo. Não faz sentido ser de competência ao diretor emitir as portarias, e sim, assinar. Acho que a diretora deveria delegar competência ao setor responsável, ficando a cargo dela só assinar a portaria” (E5).

“[...] então, o que de fato me incomoda hoje, incomoda não, sobrecarrega né, são as atribuições da portaria 475. Algumas poderiam continuar na reitoria, pois campus não tem servidor suficiente para estar em dia com todas as portarias a serem emitidas” (DE).

Por fim, o entrevistado E6 sugeriu a inclusão na promoção de encontros gerenciais, reuniões de alinhamentos com todos os servidores ao menos duas vezes por semestre.

Sobressai a constatação de que a maior dificuldade enfrentada é atender a grande demanda de atribuições, principalmente, aquelas elencadas na portaria 475, em razão de reduzido número de servidores e da grande demanda de trabalho.

Neste sentido, corrobora-se ao pensamento de Luck (2009, p. 110):

“É muito variável o número de funcionários em relação ao número de alunos por escolas, carecendo os sistemas e redes de ensino de uma definição dessa relação. Em geral, há na escola um quadro enxuto de funcionários. Porém, sem um plano de gestão do uso e aplicação de seu tempo e competência para o atendimento das demandas educacionais, nenhuma escola funciona bem”.

66 Considerando que, na entrevista, houve depoimentos que remetem à análise de que há excesso de funções atribuídas ao diretor, sugere-se, neste trabalho, uma proposta de intervenção que é descrita a seguir.

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