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5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. ANÁLISE DA CATEGORIA A – ENTIDADE

Conhecer as entidades não parece ser uma tarefa fácil, por isso devemos partir da premissa de que “a organização é complexa, ambígua e paradoxal” (Pires, 2005:111). Apesar desta premissa, podemos distinguir uma organização da outra, uma vez que deixaram de ser “entidades abstractas, para passarem a ser entidades concretas, com vida própria, com um passado e com objectivos que lhes organizam o futuro aos quais as pessoas se ligam através de uma dada identidade cultural” (idem:183).

Em análise às transcrições das entrevistas efectuadas às entidades em estudo, de um modo geral, todas parecem estar cientes em relação aos objectivos que se propõem a cumprir. Não obstante, pelas diferenças a nível institucional, são diversos os seus objectivos. A nível privado, por exemplo, a

“cooperativa sem fins lucrativos”21 “veio dar mais um carácter profissional”22, bem como, “criar uma maior dinâmica em volta destas actividades” ou seja, completar “a parte voluntária do Rancho Folclórico que é uma Associação

Juvenil”23 e tem “a função de desenvolvimento local”24. Quanto à empresa de animação turística, esta apresenta como missão “a valorização do património

natural e construído que envolve (…) a região”25.

No que concerne às entidades públicas, o clube tem como “grande

objectivo, que faz parte (…) dos pontos do (…) estatuto, a promoção de hábitos saudáveis de vida e a sensibilização das pessoas para as questões ambientais através do usufruto dos espaços ambientais de natureza em si”.26 A ESDRM, especificamente o curso de DNTA, apresenta como principal objectivo a formação de “Técnicos Superiores de Desporto com especialidade de

desportos natureza da recreação e lazer”27. Relativamente ao Parque, a sua missão “é tentar compatibilizar, no fundo, as actividades económicas que

existem numa área onde existem bastantes pessoas, que têm as suas actividades económicas, que nem sempre são muito benéficas e compatíveis com a conservação da natureza e tentar criar desenvolvimento de uma forma sustentável”28.

Finalmente, a CMRM é constituída pela “Divisão de Desporto (…) e uma

empresa municipal que gere o Complexo Desportivo”29, ou seja, “uma está

mais direccionada para a gestão em si do complexo desportivo e a outra (…) para a promoção da actividade desportiva, que é a Divisão de Desporto da Câmara Municipal de Rio Maior, ou seja, tem uma papel mais político”30. Assim, “a Câmara deve ter aqui um papel de impulsionador, mas não deve ter o papel

principal”, isto é, “o movimento associativo deve ter (…) um papel determinante e (…) a política tem sido a de criar condições para que estas actividades existam, dar apoio às instituições que desenvolvem essas actividades”31. 21 R1 22 R1 23 R1 24 R1 25 R2 26 R3 27 R4 28 R5 29 R6 30 R6 31 R6

Adicionalmente e em análise ao Plano de Actividades da CMRM de 2006, comprovam-se estas intenções, nomeadamente o orçamento de Apoio ao Associativismo Desportivo, que é o segundo maior investimento autárquico e o Projecto “Mais Desporto Mais Saúde”, o terceiro. Efectivamente,são intenções que parecem corresponder às orientações prioritárias do poder local sugeridas por Constantino (1999). De acordo com o autor e em relação ao desenvolvimento do sistema desportivo, o poder local deve assumir-se como entidade propiciadora e estimuladora do aumento da oferta de condições que permitam à generalidade dos cidadãos o acesso a formas qualificadas de prática do desporto, aumentando os respectivos níveis de participação e frequência nas actividades desportivas.

A população alvo, para a qual se dirigem as actividades e serviços das entidades em estudo, é “o público escolar.”32, “empresas”33, a “população

local”34, porém, tal como é salientado por um dos entrevistados, “este tipo de

prática desportiva, nomeadamente ligada à natureza, deve ser para todas as idades”35. Entende-se, deste modo, tal como afirma Constantino (1999), que todos têm actualmente lugar no desporto independentemente da idade, do sexo, ou da capacidade de rendimento desportivo, ou seja, o desporto surgiu como um novo direito ao alcance de todos. Talvez, tal como nos diz Bento (1995), é um desporto para todos, ou seja, adaptado a todos, aos diferentes estados de condição, de rendimento, de desenvolvimento, de saúde e de idade.

Na verdade, estes serviços e as AFAN “têm sido procurados por uma

população muito heterogénea. Vai desde crianças a adultos e já idosos, até em fase de idades já bem avançadas.”36 Adicionalmente, “as escolas vêm de todos

os pontos do país, desde universidades ao ensino primário”37, para além das “escolas da área do parque”38, ou seja, da população do Concelho de Rio Maior. 32 R1 33 R2 34 R3, R5 35 R6 36 R3 37 R1 38 R5

No que concerne à divulgação dos serviços e produtos das entidades em estudo promovem-nas “através do Jornal Região de Rio Maior, jornal

local”39, “na Região de Turismo”40, “folhetos ou flyer’s”41, “um guia de percursos

pedestres”42 e “página na Internet”43. Esta divulgação é ainda desenvolvida através da participação “em congressos e jornadas”44, em “feiras”45, “colóquios,

seminários”46.

É de salientar que o uso da Internet, fruto do desenvolvimento tecnológico, se tornou num indispensável meio de comunicação e divulgação. Com efeito, segundo Castells (2005), o actual processo de transformação tecnológica expande-se exponencialmente pela sua capacidade de transformar todas as informações num sistema comum de informação, à escala global, processando-as em velocidade e capacidade cada vez maiores e com custos cada vez mais reduzidos numa rede de recuperação e distribuição potencialmente ubíqua. Neste ponto, em análise às transcrições das entrevistas nota-se que “principalmente a Internet é que é o grande canal de

procura”47, no entanto, nem todas as entidades a referenciaram como a mais importante, aliás “ainda é muito quase passe a palavra”48 o meio de divulgação mais utilizado.

Podemos pois inferir que as entidades em estudo se distinguem pelos objectivos, pelas estratégias adoptadas para a promoção da sua missão, seus valores e seus produtos e serviços, ou seja, pelas suas acções de marketing.