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7 PROGRAMAÇÃO DE MANUTENÇÃO

7.3 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DA FUNÇÃO TRANSMISSÃO

A avaliação da confiabilidade da FT possibilita a elaboração das programações das intervenções para manutenções, visando à minimização dos desligamentos programados e a eliminação ou redução dos desligamentos intempestivos e restrições operativas com aplicação de PV.

Considerando que:

a. A qualidade do serviço público de transmissão de energia elétrica é medida com base na disponibilidade e na capacidade plena das Funções Transmissão, as quais são consideradas indisponíveis quando ocorrer Desligamento Programado ou Outros Desligamentos ou Atraso na Entrada em Operação (ANEEL, 2007).

b. Os desligamentos e restrições operativas, registradas nas Funções Transmissão, causam descontos nas remunerações destinadas aos agentes de transmissão, denominados Parcela Variável por Indisponibilidade (PVI) e Parcela Variável por Restrição Operativa Temporária (PVRO) (ANEEL, 2007).

A análise da confiabilidade da Função Transmissão, proposta nesta tese, considera os seguintes critérios: disponibilidade, capacidade plena e flexibilidade.

É importante considerar que algumas FT possuem remunerações mais elevadas, em função da importância que representam para o sistema, da carga que alimentam, ou porque são necessárias na recomposição do sistema, no caso de um blecaute. Consequentemente, os descontos aplicados, no caso de indisponibilidades destas FT, são mais elevados.

7.3.1 Disponibilidade da Função Transmissão

O equipamento mais importante de uma FT é o denominado equipamento principal, cuja substituição imediata depende da existência de um equipamento reserva. No caso da Função Linha de Transmissão (FT LT), o equipamento principal é a linha de transmissão, na FT Transformação é o próprio transformador, conforme exemplos da Figura 7.2.

Figura 7.2 – Função Transformação e Função Linha de Transmissão

Fonte: Adaptado de Diagramas Unifilares Eletrobrás Eletronorte.

A indisponibilidade do equipamento principal provoca diretamente a indisponibilidade da FT. Em alguns casos de FT Transformação, é mantido um transformador como

equipamento reserva que também é remunerado e pode substituir o equipamento principal, quando este for desligado para manutenção, para aumentar a disponibilidade da FT e reduzir o desconto por PVI. A penalização do equipamento substituído pelo reserva, para desligamentos não programados, é menor (desconto na RAP – Receita Anual Permitida). Neste caso, não se aplica o desconto referente à indisponibilidade do equipamento reserva, instalado em substituição ao equipamento principal da FT.

Do ponto de vista da disponibilidade, os desligamentos intempestivos da FT são os causadores dos maiores descontos, referentes à aplicação de PVI Não Programada. Sendo assim, os equipamentos cujos defeitos podem causar o desligamento intempestivo da FT devem ter suas manutenções priorizadas.

Os desligamentos programados da FT para realização de manutenções preventivas ou corretivas resultam na aplicação da PVI Programada. Neste caso estão incluídos os equipamentos cujos defeitos exigem o desligamento da FT para serem eliminados. No entanto, é preciso considerar que em alguns equipamentos a necessidade do desligamento da FT, para eliminação de um defeito, depende da localização do defeito no equipamento. Por exemplo, uma seccionadora de disjuntor (SD6-02) no arranjo de barra dupla a quatro chaves, exibida na Figura 7.3, necessita do desligamento da FT quando possui um defeito localizado no lado oposto ao disjuntor (DJ6-02), ponto A, pois neste caso, o uso da seccionadora de by- pass (SY6-02), não permite a desenergização do ponto do defeito.

Figura 7.3 – Seccionadora de Disjuntor SD6-02

Fonte: Adaptado de Diagramas Unifilares Eletrobrás Eletronorte.

Além de causarem a aplicação da PVI Programada, os desligamentos de equipamentos para realizações de manutenções dependem de autorização do ONS, com isso exigem a

programação antecipada e, dependendo da situação, a realização da intervenção em horário de carga leve, para não impactar o sistema. Isto significa a realização do trabalho em horário fora do expediente normal, o que implica na necessidade de realização de horas extras, o que aumenta os custos envolvidos.

Os desligamentos com maior tempo de recomposição causam maior comprometimento da disponibilidade de uma FT. Este tempo também depende do arranjo da subestação a que a FT pertença.

7.3.2 Capacidade plena da função transmissão

Os equipamentos que afetam a capacidade plena são aqueles cujos defeitos podem causar a Restrição Operativa da FT, situação que prevê a aplicação de PVRO. Com relação à manutenção, são considerados os equipamentos cujas manutenções causam Restrição Operativa da própria FT, a que pertencem, ou em outra FT. Por exemplo, na SE de barra dupla a quatro chaves, da Figura 7.4, a manutenção no DJ da FT Linha de Transmissão (DJ6- 02), realizada por meio de by-pass sobre ele (fechando a SY6-02) e transferência da proteção para o DJ de interligação de barras (DB6-01), resulta em Restrição Operativa da FT Módulo Geral, que inclui os barramentos da SE e os equipamentos de interligação de barras.

Figura 7.4 – Transferência de Proteção do DJ6-02 para DB6-01

7.3.3 Flexibilidade da Função Transmissão

Os equipamentos que afetam a flexibilidade são aqueles cujos defeitos e manutenções impedem as manobras na subestação, esta situação não prevê a aplicação de PV, no entanto, dificulta ou até impede as manobras para realização de manutenções em equipamentos da SE, inclusive aqueles pertencentes aos acessantes.

O arranjo físico das subestações contribui para o aumento da flexibilidade, consequentemente aumenta a disponibilidade da instalação. Por exemplo: uma SE com barra dupla é mais flexível que uma SE com barra principal e de transferência. Enquanto uma SE com configuração de barra de disjuntor e meio, é mais flexível que uma SE com barra dupla. O aumento da flexibilidade da SE facilita a realização das manutenções nos equipamentos, reduzindo a necessidade dos desligamentos, consequentemente, aumentando a sua disponibilidade.

A flexibilidade operacional da FT está relacionada à dificuldade que ela apresenta para a realização de intervenções para manutenções preventivas e corretivas.

Há equipamentos cujos defeitos e manutenções não impactam a FT, ou seja, não afetam a disponibilidade e a capacidade plena, e nem reduzem a flexibilidade. Como, por exemplo, um defeito em um componente no quadro de comando de um transformador, que não ofereça risco de desligamento, nem de restrição operativa para a FT, e que possa ser eliminado sem a programação de desligamentos e sem risco para o sistema.