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Análise da dimensão 2: corpo docente e tutorial

No documento Revista Estudos nº 42 | ABMES (páginas 60-64)

A Dimensão 2 nos instrumentos anteriores possuía indicadores muito voltados aos aspectos quantitativos e enumeráveis dos aspectos de titulação, regime de trabalho, tempo de experiência profissional e docência, tanto para os docentes quanto para os coordenadores de curso. No novo instrumento, o objetivo não é mais alcançar números que possam denotar uma provável qualidade. A proposta, agora, é definir e acompanhar as atribuições e responsabilidades dadas aos quatro grandes atores da Dimensão 2 – coordenadores de curso, NDE, docentes e tutores – de tal forma que sejam coerentes com o planejamento definido na Dimensão 1.

Vamos analisar cada um desses atores na concepção do novo instrumento. No ins- trumento anterior, a atuação do NDE era medida de forma genérica, partindo muito da percepção da visita in loco e da leitura das atas de encontros, procurando encon- trar a ocorrência de mudanças no curso, mas agora está explícito o que se entende por um NDE atuante:

• Atua no acompanhamento, na consolidação e na atualização do PPC;

• Realiza estudos e atualizações periódicas;

• Analisa se o perfil do egresso previamente definido está adequado ao PPC;

• Observa atentamente as novas demandas do mundo do trabalho.

O grande protagonista dessa Dimensão, sendo o dinamizador de todas as ações e o responsável permanente em manter a comunidade acadêmica alinhada em prol da execução do PPC, é o coordenador do curso. Em indicadores, o coordenador do curso será observado no que se refere à sua atuação nos seguintes aspectos:

• Atende à demanda existente considerando a sua própria gestão, a relação com docentes, discentes, tutores, equipe multidisciplinar e a representativi- dade nos colegiados superiores;

• Trabalha com plano de ação documentado e compartilhado;

• Divulga os indicadores relacionados ao seu desempenho;

• Administra a potencialidade do corpo docente e do tutorial, favorecendo a integração e a melhoria contínua.

A adequação do seu regime de trabalho (outro indicador observado do coordenador do curso) será medida na capacidade de atender às atribuições que satisfaçam todos os aspectos da sua atuação. Para obter conceitos acima de 3, é condição necessária que o regime do coordenador seja de tempo integral; entretanto, essa não é a única condição. O coordenador do curso deve ter a sua carga horária de trabalho efetivo disposta de forma a atender os seguintes aspectos, devidamente evidenciados:

• Participação nos colegiados superiores da IES com plano de ação devida- mente documentado e compartilhado;

• Acompanhamento permanente da sua própria gestão com indicadores dispo- níveis e públicos sobre o desempenho do seu curso;

• A relação permanente com docentes, discentes, tutores e equipe multidisciplinar;

• Favorecimento da integração e melhoria contínua do potencial de professo- res e tutores.

Percebe-se então que ao coordenador do curso não bastará ter uma excelente atua- ção; será necessário também cumprir dentro do seu regime de trabalho as suas atribuições – o que será medido pelo conjunto de evidências que comprovarão a eficiência da sua atuação.

Trazendo o olhar para o corpo docente, devemos analisa-lo sob quatro indicadores: titulação, regime de trabalho, experiência profissional e experiência da docência superior. Novamente, será avaliada aqui a relação desses indicadores com as res- ponsabilidades e atribuições do corpo docente, sendo para isso necessário que as IES tenham seus PPC perfeitamente desenhados conforme os diferentes perfis do seu corpo docente e criem mecanismos que comprovem a evidência de que as ações de cada perfil estejam coerentes com as responsabilidades e atribuições do seu corpo docente sob a perspectiva do novo instrumento.

Iniciando pela titulação, o que se entende do novo instrumento é que, conforme a sua titulação, partindo do lato sensu até o stricto sensu doutorado, as atribuições se somam numa linha ascendente. Quanto maior a titulação, mais o docente precisará fomentar o espírito crítico, proporcionar acesso a conteúdos de pesquisa de ponta e relacioná-los aos objetivos das disciplinas, além de estimular grupos de estudo ou pesquisa. Deve ser um observador atuante e atento a tudo que for relevante para o aprimoramento profissional e acadêmico do discente, quanto maior for a sua titulação.

Quando for observado o regime de trabalho, o que se entende do novo instrumento é que, conforme o seu regime, partindo do horista para o integral, as atribuições pos- suem uma linha ascendente de atribuições. Quanto maior a dedicação, mais o docente precisará participar ativamente do planejamento didático, da preparação e da corre- ção das avaliações de aprendizagem, registrando individualmente essas atividades, de forma a gerar as evidências de que o trabalho foi efetivo e bem equilibrado.

Conceitualmente análogo aos critérios de titulação e regime de trabalho, quanto maior a experiência profissional do docente, maior será a sua responsabilidade em mediar permanentemente a relação entre teoria e prática, com situações e proble- mas contextualizados, promovendo a interdisciplinaridade e o contexto laboral alinhados com as competências previstas no perfil do egresso.

Por fim, quanto maior a experiência da docência superior, maiores serão as atri- buições na promoção da melhoria da aprendizagem sob os aspectos da avaliação diagnóstica formativa e somativa, bem como o seu grau de maturidade na redefi- nição de sua prática docente e no exercício da sua liderança. É muito importante que, dada a experiência do corpo docente no exercício da docência, o professor use as suas experiências anteriores para promover uma linguagem que seja aderente às diferentes características de cada turma, trazendo exemplos que contextualizem com os conteúdos dos componentes curriculares. Esses atributos serão avaliados exatamente da mesma forma, seja para cursos presenciais ou na modalidade a dis- tância (sendo divididos em dois indicadores).

Os tutores – ao contrário do instrumento anterior, no qual eram avaliados apenas em relação ao grau da sua titulação e ao seu tempo de experiência – assumem papel na aprendizagem dos alunos e devem propor e executar, com os docentes, estra- tégias para a promoção da aprendizagem sugerindo atividades e leituras comple- mentares pelos mais diversos meios que auxiliem no alcance do perfil do egresso desenhado no PPC. Para melhores resultados em relação aos tutores é necessário que tanto a sua titulação quanto a sua formação sejam na área das disciplinas nas quais são responsáveis, e a maioria com titulação stricto sensu.

Ainda no âmbito do EAD, surge no instrumento um novo ator com atribuições definidas: a equipe multidisciplinar na modalidade EAD – responsável por elabo- rar e/ou validar o material didático, contando com professores responsáveis por cada disciplina, bem como os demais profissionais nas áreas de educação e técnica (webdesigners, designers gráficos, revisores, equipe de multimídia). Essa equipe terá a responsabilidade de disseminar as tecnologias, metodologias e os recursos educa- cionais para a educação a distância, com planos de ação e processos documentados, formalizados e implementados.

Por fim, devem estar explícitos no PPC os mecanismos de interação entre tutores, professores e coordenadores de curso que garantam a mediação e articulação entre esses atores. As interações devem ser registradas permanentemente, demonstrando um incremento qualitativo.

Por fim, o que a Dimensão 2 objetiva alcançar, em linhas gerais, é:

• A garantia de que todos os atores da comunidade acadêmica estejam devida- mente alinhados com o planejamento, as metodologias e estratégias do PPC, sendo responsáveis pela execução das ações, pelo seu registro, pela avaliação e pelo acompanhamento periódicos, tendo como objetivo central a melhoria contínua da aprendizagem dos alunos, a partir de soluções e ações inovado- ras que corrijam regularmente o processo de ensino-aprendizagem.

• Explorar as múltiplas possibilidades de diálogo entre todos os atores, incluindo os alunos, como forma de construir um curso dinâmico sempre atento às demandas da sociedade, das oportunidades de aprendizagem, do mercado de trabalho e em conformidade com o perfil do egresso proposto. A comunicação deve ocorrer em ambientes motivadores e ricos, com registro e publicidade de interações e ações realizadas.

No documento Revista Estudos nº 42 | ABMES (páginas 60-64)

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