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Esquema 1: Representação de Signo, adaptado de Joly (1996)

3.1 Análise da entrevista com professores de Ciências

A entrevista baseou-se em 6 (seis) questões (ANEXO IV) relacionadas à formação dos entrevistados, especialmente no que se refere aos conhecimentos de astronomia. Além disso, também foi perguntado aos professores, se eles apresentavam alguma dificuldade em “lidar com os computadores disponíveis no laboratório de informática da escola”, os quais são gerenciados pelo sistema operacional Linux.

Todos os professores que colaboraram com essa pesquisa foram denominados aqui, como: Prof1, Prof2, Prof3, Prof4, Prof5 e Prof6.

Em relação à área de formação acadêmica dos professores, 4 (quatro) dos 6 (seis) entrevistados são formados em “Ciências/Biologia”, 1 (um), “Ciências/Matemática” e, por fim, 1 (um) em “Ciências/Biologia e Química”.

O segundo e terceiro questionamentos pautaram-se em verificar se durante o curso de graduação, os professores entrevistados haviam cursado alguma (s) disciplina (s) específica (s) ou até mesmo, alguma (s) outra (s) disciplina (s) diversa (s), que tivesse abordado astronomia

As respostas revelaram que nenhum dos professores entrevistados cursou, durante seu período de formação, alguma disciplina que tivesse abordado algum tópico de astronomia.

Diante dessa constatação, como ensinar algo que não se aprendeu? Carvalho e Gil-Perez (2003, p.21) afirmam que se existe um ponto em “que há consenso geral entre os professores – quando se propõe a questão do que nós, professores de Ciências, devemos “saber” e “saber fazer” – é, sem dúvida, a importância concedida a um bom conhecimento da matéria a ser ensinada.”

Vê-se, portanto, que ensinar algo (Ciências) que não se “domina”, se torna uma tarefa quase que impossível, pois, do contrário, corre-se o risco de pautar o ensino em questões baseadas apenas no senso comum. Bromme (1988) e Coll (1987) apud (Carvalho e Gil-Perez, 2003, p.21), salientam que “é preciso, ainda, chamar a atenção sobre o fato de que algo tão aparentemente claro e homogêneo como “conhecer o

conteúdo da disciplina” implica conhecimentos profissionais muito diversos”, por exemplo, a história das Ciências, as orientações metodológicas usadas na estruturação e construção do conhecimento, o entendimento sobre as relações entre ciência-tecnologia- sociedade, dentre outros.

Falando em formação, Altet (2001) argumenta que a formação do professor aborda vários fatores que influenciam no momento de ensinar, destacando que:

A dificuldade do ato de ensinar está no fato de que ele não pode ser analisado unicamente em termos de tarefas de transmissão de conteúdos e de métodos definidos a priori, uma vez que são as comunicações verbais em classe, as interações vivenciadas, a relação e a variedade das ações em cada situação que permitirão, ou não, a diferentes alunos, o aprendizado em cada intervenção. Assim, as informações previstas são regularmente modificadas de acordo com as reações dos alunos e da evolução da situação pedagógica e do contexto (ALTET, 2001, p. 26).

Nas palavras do autor, verifica-se que para o “ato” de ensinar são necessários vários aspectos ligados ao trabalho pedagógico do educador, dentre elas, são destacadas “as comunicações verbais”, as “interações”, as “relações”, “intervenções”. Entretanto, como promover todo esse conjunto de ações, se o professor não possuir a formação mínima sobre a temática do conteúdo a ser abordada em sala?

Candau (2003) argumenta que a qualidade do ensino está diretamente ligada à formação dos professores. Ela afirma:

A busca da construção da qualidade de ensino e de uma escola de primeiro e segundo graus comprometida com a formação para a cidadania exigem necessariamente repensar a formação de professores, tanto no que se refere à formação inicial como a formação continuada (CANDAU, 2003, p.140).

Vê-se, mais uma vez, que a formação inicial dos professores, é algo fundamental para a qualidade do ensino.

Na quarta questão, os entrevistados foram questionados se sua formação lhes havia fornecido possíveis requisitos teóricos suficientes para lecionar astronomia.

Obtiveram-se as seguintes respostas:

“Não forneceu nada. Tem que estudar” (Prof1);

“Não, tenho muita dificuldade em astronomia” (Prof2); “Não, de jeito nenhum” (Prof3);

“Não forneceu, tive que estudar à parte” (Prof4); “Não, teria que mudar” (Prof5);

“Não, porque não teve aulas” (Prof6)

Verifica-se, por meio dos relatos dos professores entrevistados, que todos têm a convicção de que sua formação inicial, não lhes forneceu requisitos mínimos para que pudessem lecionar o conteúdo de astronomia.

Lima (2002, p. 219), afirma que as melhorias na educação dependem dentre outros fatores, da formação dos professores. A autora argumenta também que a “preocupação com a aprendizagem profissional da docência se insere no âmbito das preocupações com a melhoria da qualidade da educação, visto que a formação de professores é apontada como elemento fundamental”. Mesmo não considerados como elementos exclusivos nos processos que envolvem melhorias no ensino, “os professores e sua formação não podem ser ignorados nesse processo”.

É claro, que a formação inicial do professor requer a estruturação de elementos que vão além da assimilação de conteúdos durante a fase de formação inicial (graduação), a “serem repassados posteriormente aos alunos”, como, por exemplo, o desenvolvimento de estratégias metodológicas, utilização de materiais didáticos, produção e elaboração de sequências didáticas, processos de relações entre professor x aluno, aluno x aluno, etc.

Entretanto, para que esses processos tenham êxito, acredita-se que é indispensável que o futuro professor, conheça o básico do conteúdo a ser utilizado como elemento explícito

e implicitamente envolvido no processo pedagógico, entre educadores e alunos, na busca da construção do conhecimento.

Já na quinta questão, voltou-se a atenção exclusiva à formação continuada dos educadores – “Você já participou de algum (s) curso (s) de formação continuada sobre astronomia?” Os entrevistados responderam:

“Não é oferecido” (Prof1); “Sim, a do OBA16

, no 12º Encontro Nacional de Astronomia “(Prof2);

“Não” (Prof3);

“Não, se fosse ofertado eu faria” (Prof4);

“Um seminário em Curitiba de três dias” (Prof5); “Nunca” (Prof6);

Os dados revelaram que a maior parte do professores (4), até o momento da pesquisa (novembro de 2012), não haviam participado de nenhum curso de formação continuada na área de astronomia. E, os dois entrevistados que afirmaram ter participado de curso na área pesquisada, não estavam atuando em sala de aula no momento da entrevista, uma vez que se encontravam afastados de sala de aula, por problemas de saúde. Desse modo, vê-se que 66,67% - (4 dos 6) - professores de Ciências entrevistados, que lecionam no respectivo ensino, atuam sem nenhuma formação específica na área de astronomia.