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Análise da Escala de Avaliação de Stress Percepcionado (PSS)

CAPÍTULO 7. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSAO DE RESULTADOS

7.3. Análise da Escala de Avaliação de Stress Percepcionado (PSS)

Os autores da escala (PSS) não apresentam valores de corte, admitindo, no entanto, que o valor médio será um bom ponto de corte. No presente caso, com 10 itens, pontuados de 0 a 4, o valor de corte seria de 20. Analisando o total da amostra, obteve-se um resultado médio de 21,75. Com base neste valor verifica-se que o nível médio de stress do grupo é ligeiramente superior ao valor de corte12.

Como já foi explanado anteriormente, os acontecimentos relativos ao stress não dependem só do indivíduo ou do ambiente. O stress varia em função da relação específica que se estabelece entre o indivíduo e o ambiente. A este respeito Fortin (1992) refere que os efeitos combinados, que as frustrações e as tensões diárias têm sobre os indivíduos, estão sujeitos, entre outros factores, à avaliação que cada um faz da importância das suas próprias necessidades e da confiança nas suas aptidões. Este efeito depende igualmente da avaliação que um indivíduo faz da disponibilidade, qualidade e adequação do seu sistema de apoio social. Para minimizar os efeitos do stress é essencial que o indivíduo desenvolva os seus recursos internos e externos. Lidar com o stress implica o desenvolvimento contínuo de certas atitudes que, eventualmente, o influenciam durante toda a sua vida, incluindo o desenvolvimento de uma percepção própria das situações, tendo em conta o seu contexto no momento, o seu conhecimento e os seus recursos pessoais. O mesmo autor acrescenta ainda que lidar com o stress é possuir o seu próprio meio de recolher informação, resolver problemas, planear actividades gratificantes, tirar partido das relações interpessoais do ambiente de trabalho, bem como gerar ideias, pensamentos e emoções. Cuidar dos utentes deve também incluir saber cuidar de si próprio.

Analisando os resultados por serviços, verifica-se que o grupo de enfermeiros do serviço de Oftalmologia e Medicina revela o maior nível médio de stress e que os enfermeiros do serviço de Pneumologia apresentam o menor nível.

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Quanto ao sexo, constata-se que o nível de stress nas mulheres é significativamente superior ao dos homens. Este dado está em linha com diversos estudos que apontam para diferenças entre homens e mulheres nas suas respostas biológicas (neuroendócrinas e imunológicas) e comportamentais (Taylor, Klein, Lewis et al. 2000). Vaz Serra (2007) realça este dimorfismo, afirmando que as mulheres e os homens são diferentes na sua sensibilidade perante os acontecimentos indutores de stress.

Estudando os resultados, quanto às faixas etárias, verifica-se que o nível de stress da faixa etária 31-45 é maior que o nível de stress da faixa etária 24-30. O nível médio de stress, nas restantes faixas, não apresenta diferenças significativas.

Analisando a influência do estado civil nos níveis de stress, verifica-se que o nível de stress dos elementos casados/união de facto não é diferente do nível de stress dos elementos divorciados/separados. O nível de stress dos elementos solteiros é inferior ao nível de stress dos elementos casados/união de facto e dos elementos divorciados/separados. Uma possível explicação poderá residir na existência de um agregado familiar e elementos associados (exemplo: compromissos financeiros), que se constituem como elementos stressores. Na ausência destes elementos stressores (caso dos enfermeiros solteiros), o nível de stress será menor.

A análise das categorias profissionais permite-nos verificar que não há diferenças significativas entre o nível médio de stress dos enfermeiros nível 1 e dos enfermeiros graduados. O nível médio de stress dos enfermeiros nível 1 e dos enfermeiros graduados é maior que o nível médio de stress dos enfermeiros especialistas e enfermeiros chefes. Podemos concluir, que quanto mais elevada a categoria profissional menor o nível de stress. Este resultado está em linha com Vaz Serra (2007), que refere que quanto maior a experiência profissional e a participação nas decisões (que decorrerá da categoria profissional), menor o nível de stress.

Para análise do tempo de exercício de funções como enfermeiro, consideraram-se quatro grupos: até 5 anos; 6-10 anos; 11-20 anos; >20 anos. Verifica-se que o grupo que apresenta menor nível médio de stress é o que tem o tempo de serviço inferior ou igual a 5 anos. O grupo dos 6-10 anos apresenta maior nível médio de stress do que todos os outros. Os restantes grupos não apresentam diferenças significativas entre si. Este resultado é similar ao obtido no teste, quanto à idade, o que obriga a algumas precauções: empiricamente, haverá uma correlação elevada entre tempo de serviço e idade.

Para análise do tempo de exercício de funções no serviço em que se encontram actualmente, consideraram-se igualmente quatro grupos: até 3 anos; 4-5 anos; 6-10 anos; >10 anos. Os

CAPÍTULO 7 – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

enfermeiros com tempo de serviço inferior ou igual a 3 anos apresentam menor nível médio de stress e o grupo dos enfermeiros com o tempo de serviço entre 6-10 anos apresentam maior nível médio de stress. Os restantes grupos não apresentam diferenças significativas entre si. Resumindo, a maior permanência no serviço está associada a um maior nível de

stress.

Considerando o vínculo, há 38 enfermeiros Contratados e 72 enfermeiros no Quadro. Verifica-se que não há diferenças significativas quanto ao nível médio de stress.

Quanto ao regime laboral há 10 enfermeiros com horário de trabalho fixo e 100 com horário de trabalho por turnos. Verifica-se que o nível médio de stress dos elementos que prestam trabalho por turnos é superior ao dos elementos que tem um horário de trabalho fixo. Este resultado está em linha com outros estudos sobre o assunto. Silva e Silvério (1997: 233) referem que “o trabalho por turnos é vivenciado por muitos enfermeiros como um problema médico, psicológico e sócio-familiar com elevados custos”

Os enfermeiros que acumulam funções são 27, os que não acumulam são 83, verificando-se que não há diferenças significativas quanto aos níveis médios de stress.

Relativamente ao tempo de deslocação entre a sua residência e o local de trabalho, consideraram-se três grupos: até 15 minutos; 16-30 minutos; mais de 30 minutos. Verifica-se que o stress mínimo corresponde a tempos até aos 15 minutos, aumentando com a duração da deslocação. Este teste vem realçar o peso de agentes não directamente relacionados com o trabalho. Resumindo quanto maior o tempo de deslocação entre a sua residência e o local de trabalho maior o nível médio de stress.

O ambiente relacional no seu local de trabalho foi classificado pelos inquiridos em quatro opções: Medíocre; Aceitável; Bom; Muito Bom. Verifica-se uma relação perfeita entre o nível de stress e qualidade do ambiente relacional: o grupo que considera o ambiente de trabalho “Muito Bom” é o que apresenta menores níveis de stress. De acordo com Blegen (1993) citado por Vaz Serra (2007: 599), após uma revisão de 48 estudos referentes a 15.048 enfermeiros, testemunhou que “quanto maior o stress menor a satisfação sentida no trabalho; por sua vez, a satisfação com o trabalho decorre de forma paralela com o envolvimento na organização”.

Os enfermeiros que praticam desporto são 39, os que não praticam são 71. Verifica-se que não há diferenças significativas quanto aos níveis médios de stress.

Os enfermeiros que praticam actividades lúdicas são 49, os que não praticam são 61. Verifica-se que não há diferenças significativas quanto aos níveis médios de stress.