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5.2– Análise da influência do Despacho n.º 4694/

De modo a analisar a influência da Despacho n.º 4694/2014 e da Diretiva n.º 3/2017 foi comparado o preço médio trimestral da banda de regulação secundária no mercado português e no mercado espanhol, desde janeiro de 2013 até setembro de 2017. Esta comparação teve como objetivo verificar que a partir de entrada em vigor do Despacho n.º 4694/2014, há uma alteração da evolução do preço do mercado português. Na Figura 5.1, pode-se, então, observar a evolução do preço médio trimestral de banda de regulação secundária nos dois países, assim como a diferença existente entre os preços médios trimestrais do mercado português e do mercado espanhol.

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Figura 5.1: Preço médio trimestral da banda de regulação secundária no mercado português, no mercado espanhol e diferença de preço entre os dois mercados, de 1 de janeiro de 2013 a

30 de setembro de 2017.

Observando a Figura 5.1, nota-se que a partir do segundo trimestre do ano 2014 há uma alteração na evolução do preço médio trimestral português. Através da diferença entre o preço da banda de regulação secundária do mercado português e o preço no mercado espanhol, pode-se observar que até ao primeiro trimestre de 2014 o preço médio trimestral do mercado português era tendencialmente mais elevado, tendo um valor médio da diferença entre os dois mercados de 7,46 €/MW. Depois da entrada em vigor do Despacho n.º 4694/2014 esta diferença foi muito reduzida passando a ser bastante próxima de zero (entre de 1 de abril de 2014 até 30 de setembro de 2017 esta diferença teve um valor médio de 0,58 €/MW). Isto traduz-se num indício da influência que este Despacho teve no comportamento do preço da banda de regulação secundária no mercado português, onde se verificou um claro acompanhamento do preço médio trimestral do mercado espanhol. Nesta figura pode-se ainda verificar que apesar da diminuição de preço médio trimestral que o mercado português teve depois da entrada em vigor do Despacho, ao longo da janela temporal analisada o preço médio trimestral da banda de regulação secundária portuguesa é tendencialmente mais elevado, sendo apenas mais baixo no quarto trimestre de 2013 e a partir do segundo trimestre de 2014. Para concluir com maior precisão a influência da Despacho n.º 4694/2014 e da Diretiva n.º 3/2017 foi ainda feita uma análise à correlação entre o preço médio trimestral dos dois mercados em estudo para a mesma janela temporal.

Este estudo foi feito através do coeficiente de correlação que mede o grau da correlação entre duas variáveis de escala métrica, traduzido na força da dependência

-10 0 10 20 30 40 50 Pre ço [€/MW]

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linear entre as duas variáveis. Neste caso as variáveis em consideração são o preço médio trimestral da banda de regulação secundária no mercado português e no mercado espanhol. O coeficiente assume valores entre -1 e 1, onde 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis, 0 significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra, devendo-se investigar por outros meios, e -1 significa que há uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis, isto é, se uma aumenta a outra diminui.

O cálculo do coeficiente de correlação é dado através da seguinte fórmula [48]: ρ𝑥,𝑦= 𝐶𝑜𝑣(𝑋, 𝑌) √𝑉𝑎𝑟(𝑋)𝑉𝑎𝑟(𝑌) = ∑ (𝑥𝑡− 𝑥̅)(𝑦𝑡− 𝑦̅) 𝑛 𝑡=1 √∑𝑡=1𝑛 (𝑥𝑡− 𝑥̅)2(𝑦𝑡− 𝑦̅)×√∑𝑛𝑡=1(𝑦𝑡− 𝑦̅)2 (5.1) Na qual:

ρ𝑥,𝑦 Coeficiente de correlação entre as variáveis 𝑥 e 𝑦, dadas pelo preço médio trimestral da banda de regulação secundária em Portugal e em Espanha;

𝑥𝑡 Preço médio trimestral da banda de regulação secundária em Portugal, para uma hora 𝑡, em €/MW;

𝑥̅ Média do preço trimestral da banda de regulação secundária em Portugal, para a janela temporal analisada, em €/MW;

𝑦𝑡 Preço médio trimestral da banda de regulação secundária em Espanha, para uma hora 𝑡, em €/MW;

𝑦̅ Média do preço trimestral da banda de regulação secundária em Espanha, para a janela temporal analisada, em €/MW.

Na Tabela 5.1 são apresentados os coeficientes de correlação do preço médio trimestral da banda de regulação secundária entre Portugal e Espanha, por trimestre, numa janela temporal de janeiro de 2013 até setembro de 2017.

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Tabela 5.1: Coeficientes de correlação para os vários trimestres de janeiro de 2013 até setembro de 2017. Data 1º T 2013 2º T 2013 3º T 2013 4º T 2013 1º T 2014 2º T 2014 3º T 2014 4º T 2014 1º T 2015 2º T 2015 Correlação 0,53 0,34 0,30 0,51 0,63 0,70 0,58 0,64 0,64 0,68 Data 3º T 2015 4º T 2015 1º T 2016 2º T 2016 3º T 2016 4º T 2016 1º T 2017 2º T 2017 3º T 2017 Correlação 0,64 0,64 0,68 0,76 0,61 0,68 0,94 0,87 0,87

Como se pode observar pela análise da Tabela 5.1, a correlação entre os dois preços médios trimestrais foi aumentando ao longo do tempo. Deve-se ressaltar o facto de que em 2013 a correlação média dos preços foi baixa, sendo que o trimestre onde existiu uma maior correlação atingiu o valor de 0,53. A partir do segundo trimestre de 2014 há um claro aumento na correlação dos preços, esta data foi também a data em que o Despacho n.º 4696/2014 entrou em vigor. É, então, possível afirmar que o Despacho n.º 4696/2014 teve um visível impacto ao nível do preço médio trimestral da banda de regulação secundária portuguesa, proporcionando uma aproximação com o mercado espanhol. Em 2017, com a Diretiva n.º 3/2017 constata-se um novo aumento da correlação entre o preço médio trimestral do mercado de banda de regulação secundária em relação ao preço médio trimestral espanhol, atingindo valores de 0,94 indicando uma correlação quase perfeita entre os mesmos. Estes factos são também visíveis na Figura 5.2, que traduz numa representação gráfica a Tabela 5.1, mostrando a evolução da corelação entre o preço da banda de regulação secundária portuguesa com o preço da banda de regulação secundária espanhola ao longo do período estudado.

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Figura 5.2: Correlação entre o preço médio trimestral da banda de regulação secundária portuguesa e espanhola de janeiro de 2013 a setembro de 2017.

Como se pode observar na Figura 5.2 a correlação entre os preços médios trimestrais da banda de regulação secundária teve uma linha de tendência crescente ao longo da janela temporal analisada, terminando em 2017 com uma correlação quase perfeita entre o preço português e o preço espanhol.