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Análise da produção das cultivares estudadas

CAPÍTULO 2 - CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE CULTIVARES DE BANANEIRA

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.2 Análise da produção das cultivares estudadas

Para os dados de produção do ensaio (Tabela 5), os resultados para as características avaliadas de diâmetro de fruto (DFR) e número de frutos por pencas (NFP) revelaram efeito significativo, a 1% de probabilidade, para a fonte de variação de cultivar (C) e não significativo para a característica de diâmetro de fruto (DFR) nos seus valores de método de propagação (MP) e tratamentos (interação C x MP). Já para peso de cacho (PCA), peso de cacho + engaço (PCE) e produtividade por área (PRT), houve resultados significativos, á 5% probabilidade, apenas para o efeito dos tratamentos (interação C x MP), não havendo efeito significativo, nem para a fonte cultivar, nem para método de propagação. A característica peso do engaço (PEN) não revelou efeito significativo para nenhuma fonte de variação estudada e obteve média de 1,302 kg (ANEXO B).

Em estudos realizados para cultivares de bananeiras resistentes a sigatoka negra no Nordeste brasileiro, pesquisadores encontraram valores para peso do engaço (PEN) que variaram de 0,45 a 1,16 kg e estes serviram de sustentáculo para cachos que obtiveram peso variando de 5,07 a 16,15 kg (SANTOS et al., 2006), o que demonstra que a forma de condução convencional das plantas do presente ensaio foi mais eficiente do que a adotada para cultivares de bananeiras resistentes a sigatoka negra, já que o peso médio de engaço para o ensaio (1,302 kg) foi superior.

A característica de número de pencas por cacho (NPC), da análise de produção do ensaio, apresentou efeito significativo em todas as suas fontes de variação, sendo que para o efeito de cultivares a significância foi a 1% de probabilidade e para os efeitos de método de propagação e tratamentos, ela ocorreu a 5% de probabilidade. Para comprimento de frutos (CFR), a ANAVA revelou efeito significativo, a 5% de probabilidade, para os efeitos de cultivar (C) e tratamentos (interação C x MP) e não significativo para a fonte de variação de método de propagação (MP) (ANEXO B e Tabela 5).

Tabela 6 – Características de produção para os diversos desdobramentos das cultivares de banana (Musa spp.) cultivada em sistema de cultivo convencional no município de Quixeré/CE. 2014

Fonte de variação

NPC (unids.) NFP (unids.) DFR (mm)

Pacovan Prata-anã Pacovan Prata-anã Pacovan Prata-anã

PRSC 7,18AB 7,71AB 13,04A 14,06B 41,80B 37,39A PRCC 6,91A 7,78B 13,18A 14,22B 41,88B 39,08AB PPCT 7,12A 9,00B 13,20A 14,36B 42,40B 37,56A Média Cultivar 7,07A 8,16B 13,14A 14,21B 42,03B 38,01A Fonte de variação CFR (cm) PCA (kg) PRT (kg/ha)

Pacovan Prata-anã Pacovan Prata-anã Pacovan Prata-anã

PRSC 17,74AB 16,19A 14,13A 17,06B 20.185,75A 24.367,75B

PRCC 17,39AB 18,08AB 15,39A 16,99AB 21.982,00A 24.274,75AB

PPCT 19,74B 15,47A 18,22B 16,28AB 26.028,50B 23.257,25AB

Média Cultivar 18,29B 16,58A 15,80AB 16,89AB 22.572,58AB 24.126,08AB

Valores com mesma letra na mesma coluna formada por duas colunas consecutivas não diferem entre si estatisticamente, porém, valores com letras diferentes na mesma coluna e na linha formada por duas colunas

consecutivas diferem entre si estatisticamente ao nível de significância apresentado no ANEXO B; PRSC →

propagação por rizoma sem “ceva”; PRCC → propagação por rizoma com “ceva”; PPCT → propagação por

meristema; ‘Pacovan’ e ‘Prata-anã’ → cultivares estudadas que dentro de cada método de propagação formam os

tratamentos T1 a T6; NPC → Nº de penca por cachos; NFP → Nº de frutos por penca; PCA → Peso do cacho

(kg); PCE → Peso do Engaço + cacho (kg); DFR → Diâmetro do fruto (mm); CFR → Comprimento do fruto

(cm); PRT → Produtividade da área (kg/ha); PCA→ Peso do cacho (kg).

Os resultados do ensaio obtidos para as características número de pencas por cacho (NPC) e número de frutos por penca (NFP) revelaram que a cultivar ‘prata-anã’, em média com respectivamente 8,16 e 14,21 unidades, produziu uma penca a mais por cacho e um fruto

a mais por penca do que a cultivar Pacovan que obteve para as mesmas características, 7,07 e 13,14 unidades, e que mesmo assim, o peso médio por cacho (PCA) das cultivares Pacovan e Prata-anã que obtiveram, respectivamente, 15,80 e 16,89 kg, não diferiram estatisticamente entre si. Isso se deve ao fato de que a cultivar Pacovan ter obtido para o ensaio frutos mais robustos e compridos do que a cultivar ‘prata-anã’. Tal diferença revelou aa cultivar Pacovan valores superiores de comprimento (CFR) e diâmetro de fruto (DFR) que obteve, respectivamente, 1,71 cm e 4,02 mm acima dos valores obtidos pela cultivar Prata-anã (Tabela 5).

Para o número de pencas por cacho (NPC), os melhores resultados do ensaio foram obtidos quando se propagou a cultivar Prata-anã por meristema (9,00 unidades), observou-se ainda que não houve efeito significativo entre as cultivares Pacovan e Prata-anã quando foram propagados por rizoma sem “ceva” e que os piores resultados para a característica avaliada foi obtido quando se propagou a cultivar Pacovan por rizoma com “ceva” (6,91 unidades). Já para a característica número de frutos por penca (NFP), não houve efeito significativo para método de propagação e sim para cultivar. Sabe-se que, em média, a cultivar Prata-anã (14,21 unidades) obteve mais frutos do que a cultivar Pacovan (13,14), e que efeito da concorrência na aplicação dos métodos na cultivar, pode-se afirmar que, em valores absolutos, os piores resultados foram obtidos quando se propagou a cultivar Pacovan por rizoma sem “ceva” que obteve 13,04 unidades, e os melhores resultados foram obtidos quando propagou-se a cultivar Prata-anã por meristema que obteve 14,36 unidades (Tabela 5).

Os valores do ensaio obtidos para comprimento (CFR) e diâmetro de fruto (DFR), para a cultivar Pacovan com, respectivamente, 18,29 cm e 40,03 mm e para a cultivar ‘prata-anã com, respectivamente 16,58 cm e 38,01 mm (Tabela 5), foram satisfatórios já que a pesquisa cientifica desenvolvida em condições edafoclimáticas semelhantes ao do atual ensaio obtiveram para comprimento (CFR) com a cultivar Pacovan valores que variaram de 15,52 a 19,50 cm (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; DONATO et al., 2006; RIBEIRO et al., 2012) e para a cultivar Prata-anã valores que variaram de 11,00 a 16,62 cm (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; DONATO et al., 2006; LÉDO et al., 2008; RIBEIRO et al., 2012; RODRIGUES et al., 2001). Já para diâmetro de fruto (DFR) os mesmos ensaios apontaram valores que variaram de 34 a 40 cm (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; DONATO et al., 2006; RIBEIRO et al., 2012) e para a cultivar Prata-anã valores que variaram de 31,40 a 37,80 cm (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; DONATO et al., 2006; LÉDO et al., 2008; RIBEIRO et al., 2012; RODRIGUES et al., 2001).

A literatura define racemo ou cacho como o resultado de uma inflorescência indefinida na qual as flores são pediceladas e se inserem num eixo comum, a certa distância uma das outras, ou ainda, a união de engaço e pencas para o caso específico das bananeiras (LIMA et al., 2012; MAPA, 2009; WESTERCAMP, 2012), e no caso do ensaio, que com exceção do tratamento onde se propagou a banana por rizoma sem “ceva” da cultivar Prata-anã e obteve-se o valor de 15,39 kg para o peso do cacho + engaço (PCE), todos os demais valores foram superiores aos obtidos para estudo no ano de 2006, tendo-se ainda alcançado como valor máximo para a característica quando propagou- se no ensaio a cultivar Pacovan por cultura de tecidos, que obteve o valor de 19,55 kg (Tabela 6).

Tabela 7 – Valores obtidos para algumas características de produção dos diversos desdobramentos para os métodos de propagação estudados em cultivares de banana (Musa spp.) desenvolvidas no manejo convencional no município de Quixeré/CE. 2014 Fonte de variação PCE (kg) PCA (kg) PRSC PRCC PPCT PRSC PRCC PPCT CPV 18,28AB 16,64A 19,55B 17,06AB 15,39A 18,22B CPA 15,39A 18,43B 17,59AB 14,13A 16,99B 16,28AB Média (MP) 16,83AB 17,54AB 18,57B 15,59AB 16,19AB 17,25AB Fonte de variação PRT (kg/ha) PRSC PRCC PPCT CPV 24.367,75AB 21.982,00A 26.028,50B CPA 20.185,75A 24.274,75B 23.257,25AB Média (MP) 22.276,75AB 23.128,38AB 24.642,88AB

Para cada variável, valores com mesma letra na coluna não diferem entre si estatisticamente ao nível de

significância apresentado no ANEXO B; MP → método de propagação; CPV → cultivar Pacovan; CPA →

cultivar Prata-anã; PRT → Produtividade da área (kg/ha); PCA → Peso do cacho (kg); PCE → Peso do cacho +

Engaço (kg).

Em comparação com um levantamento realizado na pesquisa científica recente desenvolvida para as condições do Nordeste brasileiro, os resultados obtidos para o ensaio para o número de frutos por pencas (NFP), número de pencas por cacho (NPC) e o peso do cacho (PCA) foram satisfatórios já que a pesquisa apontou para o número de frutos por pencas para a cultivar Pacovan valores que variaram de 12,30 a 14,20 unidades e para a cultivar Prata-anã valores de 13,30 a 15,50 unidades (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; LÉDO et al., 2008). Para o número de pencas por cacho a cultivar Pacovan obteve-se valores de 6,40 a 8,00 unidades e para a cultivar Prata-anã valores de 9,20 a 12,90 unidades (AZEVEDO et al., 2010; BORGES et al., 2011; LÉDO et al., 2008). E para o peso de cacho, a cultivar Pacovan revelou no levantamento valores de 13,70 a 17,80 kg, enquanto que a

cultivar Prata-anã os valores obtidos foram de 11,40 a 18,88 kg (BORGES et al., 2011; DONATO et al., 2006; LÉDO et al., 2008).

O ensaio apontou como melhores resultados para peso de cacho (PCE e PCA), os obtidos quando propagou-se a cultivar Pacovan por meristema (19,55 kg e 18,22 kg) e os obtidos quando propagou-se a cultivar Prata-anã por rizoma com “ceva” (18,43 kg e 16,99 kg) e por meristema (17,59 kg e 16,28 kg), que não diferiram estatisticamente entre si. Já os piores resultados para a característica foram os obtidos quando propagou-se a cultivar Prata-anã por rizoma sem “ceva” (15,39 kg e 14,13 kg) e a cultivar Pacovan propagado por rizoma com “ceva” (16,64 kg e 15,39 kg) (Tabela 6).

As características de peso de cacho + engaço (PCE), peso de cacho (PCA) e produtividade por área (PRT), pelo fato do efeito para peso do engaço apresentado na ANAVA não ter apontado efeito significativo para nenhuma fonte de variação, todos os valores obtidos de PCE é o resultado dos valores obtidos de PCA nos tratamentos somados por um fator (1,302 kg). Em uma análise semelhante, justifica-se que para os resultados entre PCA e PRT, pelo fato de que PRT ser a representação dos dados de PCA transformados em rendimentos dos tratamentos obtidos para a área de 1 hectare, todos os valores obtidos de PRT é o resultado dos valores obtidos de PCA nos tratamentos multiplicados por outro fator (número de cachos por tratamento obtidos pelo arranjo das plantas adotados para o ensaio e transformados para a área de 1 hectare).

Para os dados de rendimentos por área do ensaio pode-se afirmar que com os resultados obtidos, que tiveram uma amplitude de 20.185,75 a 26.028,50 kg/ha com respectivamente os tratamentos T3 e T5, foram superiores aos rendimentos médios obtidos no Estado do Ceará (9.700 kg/ha), que é o estado da federação brasileira onde se obteve os menores rendimentos por área para o ano 2014, e inferiores ao tratamento de pior resultado em cerca de 31% e ao tratamento de melhor resultado de cerca de 11,5% aos obtidos em média no Estado do Rio Grande do Norte (29.412 kg/ha), que é o estado da federação brasileira onde se obteve os maiores rendimentos por área no mesmo período (IBGE 2014).

Para a comparação obtida entre os resultados do ensaio e os dados estatísticos obtidos em média no Estado do Rio Grande do Norte, pode-se apenas supor que os resultados do ensaio foram inferior devido ao fato da produção de bananeira do Estado dá preferência a atividade de exportação da fruta, e nesse caso, utiliza cultivares mais produtivas e adaptadas ao seu sistema de manejo, como é o caso das que a literatura cita para o tipo Cavendish, sendo as do ensaio, cultivares do tipo Prata, de mais baixa produtividade.

Para a comparação com os dados do Estado do Ceará, porém, percebe-se que a situação se inverte. Isso se deve ao fato de que no Ceará, em geral, ainda utiliza-se de uma forma de manejo artesanal, arcaica e ultrapassada no cultivo da bananeira, não observando as técnicas de manejo mais elaboradas no cultivo, inclusive, dos cultivares do tipo Prata, que são as mais utilizadas em suas áreas de cultivo. Tais técnicas são, porem, comprovadamente eficientes e totalmente adaptáveis as condições locais de produção, já que para a área do ensaio fez-se ampla utilização destas, e obteve-se produção superior em mais do dobro em relação a do Estado do Ceará.

Porem, para a finalidade do estudo a que se propõe o ensaio, que é a comparação dos seus resultados com os dados obtidos na análise conjunta de rendimento por área de produção entre os Estados do Ceará e do Rio grande Norte (11.884,96 kg/ha) 2, pode-se afirmar que os resultados do ensaio foram satisfatórios, já que os tratamentos, em sua totalidade foram superiores a esse, além de que do total de tratamentos estudados, 50% destes, ou seja, o tratamento composto pela cultivar Prata-anã propagada por rizoma com “ceva” ou T4 e os tratamentos compostos pelas cultivares Prata-anã e Pacovan propagadas por meristema ou T5 e T6, superaram o rendimento da análise conjunta em mais de duas vezes (Tabelas 5 e 6).

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