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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.2 CATEGORIA “SABERES DOCENTES”

5.2.2 Análise da subcategoria “Saberes curriculares”

Na unidade “Saberes curriculares” que tratam dos programas escolares que os licenciandos aprendem a aplicar é apresentado os registros que indicam a manifestação desses saberes.

No registro L7N2 é possível verificar que o licenciando entende que os conteúdos propostos pelos documentos oficiais para o ensino de Estatística e Probabilidade são lineares (é necessário que o professor tenha conhecimento do conteúdo e didático, procure fugir da linearidade, ou seja, do que é imposto pelos documentos norteadores, (L7N2), (L8M1), (L7M1), (L2M2)), isto é, para ensinar um conteúdo é necessário trabalhar seu antecedente. No entanto corroboramos com Lopes (2008, p. 59), ao salientar que “o ensino da estocástica talvez possa auxiliar na ruptura dessa prática linear, considerando que os conceitos a serem trabalhados podem ser extraídos de problemáticas diversas, sem se prenderem a um determinado ano da escolaridade”.

Sinaliza-se aqui a contribuição de todos os componentes do PEE, sobretudo as ações propostas pelo formador, sem engessar o licenciando, considerando suas experiências, saberes e o status epistemológico das ideias, de forma que a base de saberes construída e modificada lhe permita atuar de forma eficaz.

Os excertos vão ao encontro da literatura (LOPES, 1998, 2008, 2015), mostrando que a Estatística pode ser ensinada antes mesmo dos anos finais da Educação Básica (o conteúdo de Estatística pode se ensinado na Educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamenta, (L8N1), (L6M1)). “Dessa forma, faz-se necessário que a escola proporcione ao estudante, desde os primeiros anos da escola básica, a formação de conceitos que o auxiliem no exercício de sua cidadania” (LOPES, 2008, p. 60).

No registro L10N1, o licenciando demonstra conhecer os conteúdos dos anos finais do Ensino Fundamental (média e mediana são conteúdos do 7° ano do Ensino Fundamental e no 9° ano apenas aparece como conteúdo o tema Estatística (L10N1)), enquanto L1N1 revela não conhecer os conteúdos relacionados com a Estatística e Probabilidade a serem trabalhados na licenciatura (não conheço o currículo do Ensino Superior (L1N1)). Salienta-se que a ementa da disciplina de Estatística e as DCE foram apresentadas e discutidas com os licenciandos, mostrando a articulação do PEE com os conteúdos da Educação Básica, em consonância com os conteúdos de Elementos da Estatística Descritiva.

Indicam a necessidade em conhecer o currículo e fazem menção a alguns conteúdos trabalhados na Educação Básica.

É nececessário que o professor conheça o currículo de Estatística que é proposta pelas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) (L4N1).

O currículo escolar contempla os conteúdos de gráficos, tabelas, medidas de tendência central, probabilidade (L7N1).

Entendem que os conceitos que podem ser atingidos vão além daqueles mencionados nas DCE (PARANÁ, 2008), articulando saberes curriculares com os disciplinares.

O conhecimento estatístico irá possibilitar ao estudante interpretar resultados e estar ciente sobre as tendências possíveis ou limitações nas generalizações que podem ser obtidas com os dados (L6N2).

É importante oferecer ao aluno situações na qual ele possa perceber a aplicabilidade, não somente dentro da Estatística e da Probabilidade, mas também em outras áreas, para que seja percebida como um processo de construção (L7N2).

A partir dos excertos é possível dizer que os licenciandos manifestam a capacidade de relacionar, organizar e estabelecer ligações entre o conteúdo e o ensino a aprendizagem, conforme atividade de um licenciando apresentada no Quadro 10.

Quadro 10 - Atividade elaborada pelo licenciando L6

Atividade de Estatística: A tabela de frequências apresenta o resultado de uma pesquisa sobre as idades dos alunos de um curso esportivo.

Tabela 1 - Idade dos alunos de um curso esportivo

Fonte: Autor

Determine a idade média, a idade mediana e a idade modal dos alunos da classe.

Com a atividade citada, o professor pode desenvolver o processo de transnumeração, pedindo aos alunos para representarem os dados da tabela em um gráfico. A dificuldade que pode aparecer dependendo do grau de escolaridade dos alunos pode ser em compreender o que significa a coluna de frequência absoluta, tendo que o professor pode fazer a intervenção para o esclarecimento da mesma.

Fonte: Autor

Na atividade elaborada pelo licenciando L6 percebe-se o conteúdo de medida de tendência central sendo abordado em uma tabela. A atividade indica o que o conteúdo de transnumeração pode ser abordado, mesmo não pertencente ao currículo do estado do Paraná. Esse aspecto revela a contribuição do PEE para a aproximação entre os saberes curriculares, os de conteúdo e os pedagógicos. Nessa perspectiva, entende-se que os licenciandos podem ir além do que propõem a DCE (PARANÁ, 2008), ao serem capazes de ensinar conteúdos que podem desenvolver as competências estatísticas.

Sem dúvida, o processo educacional é inerentemente político e nós, professores, constantemente tomamos decisões e assumimos ações que expressam o quanto não somos politicamente neutros. Assim, um primeiro desafio refere-se a nossa opção em incluir ou excluir alguns assuntos do currículo de nossa disciplina. Nessa ação estamos efetivando nossa posição política, quando legitimamos certas crenças e deslegitimamos outras (LOPES, 2008, p. 64).

Portanto, os saberes curriculares, embora um pouco tímidos, puderam ser manifestados, pois, os licenciandos foram convidados a ler e discutir as diretrizes que embasam o ensino de Matemática no estado do Paraná, em especial no que concerne ao bloco Tratamento da Informação, ao considerar que o saber profissional é

proveniente de fontes distintas (TARDIF, 2014) e passível de articulação, ampliação e modificação, de forma que aprendizagem seja possível através de ilustrações e exemplos próximos ao contexto do aluno.