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Análise da Variável Intermediária: Sustentabilidade

Para Grinover (2002, p.36), o estudo da sustentabilidade, propõe a observação do espaço segundo dois fenômenos principais, que estão fortemente ligados à complexidade na interpretação de seu contexto sócio-cultural: O papel central da informação e o conhecimento dos padrões sociais locais. Pelas reflexões do autor, a adoção do termo para os estudos da hospitalidade urbana tentará validar uma estratégia de integração do ambiente ao uso que lhe é dado nos atos de hospitalidade, ganhando assim o termo, já amplamente aplicado nas questões ligadas ao meio ambiente, uma maior consistência ao ser utilizado para entender o ambiente de maneira integrada ao planejamento e à ordenação do espaço urbano.

Ao se aplicar tal conceito aos estudos da hospitalidade, sobretudo a hospitalidade urbana, poder-se-á melhor observar as questões do uso que é dado à informação turística local, fator este estreitamente ligado às questões da capacidade

do espaço urbano em receber turistas. Aqui vale lembrar que a Festa das Nações de Pariquera-Açu de 2004 trouxe quatro vezes mais turistas que o número de habitantes locais naquele mesmo período.

O autor propõe que ao se relacionar o desenvolvimento sustentável à hospitalidade, em um cenário qual seja uma cidade, o intuito será o de representar uma estratégia válida na qual se busque a integração entre o uso do ambiente urbano para a hospitalidade, assim como se buscar a melhoria das condições de vida das comunidades locais e a necessária preservação de certos aspectos deste ambiente, fatores estes que possibilite seu uso dentro de sua capacidade ideal. Mas para que tudo isso tenha real validade, há que se buscar a satisfação dos que forem recebidos nesse espaço, no qual se inclui principalmente o morador local, nesse momento a sinalização turística ganha força no acolhimento hospitaleiro de quem adentra nos limites de uma cidade.

Ao se observar tais quesitos em um estudo de caso como este, cuja proposta é observar um dado município sob a ótica da hospitalidade em dois momentos temporais distintos, delimitou-se para esta pesquisa a observação como indicador da sustentabilidade local, unicamente a questão da sinalização pública habitual (sinalização turística) e a preparada por ocasião da Festa para atender os turistas e visitantes / brincantes da Festa. Essa escolha buscou direcionar a reflexão do pesquisador em identificar se a informação turística habitual e a preparada pela Festa observaram a importante função de limitar e resguardar o uso do espaço urbano, que no caso de Pariquera-Açu representa um dos pouco remanescentes contínuos da Mata Atlântica brasileira.

O município pela observação empírica do pesquisador não apresentava esforços políticos em melhor sinalizar a cidade para a fácil localização pelos turistas dos pontos turísticos locais bem como indicando ao visitante a localização dos prestadores de serviços de hospitalidade na cidade.

Mesmo com um discurso visionário de transformar Pariquera-Açu em destino turístico, a pesquisa de campo não pôde observar ações da Prefeitura local no sentido de valorizar seus produtos turísticos e nem os recursos oferecidos pela rede comercial e de prestadores de serviço existente na cidade de maneira planejada. Havia sim alguns esforços pontuados, mas que não representavam um ordenamento lógico que pudesse ser caracterizado como um planejamento da hospitalidade (CAMARGO, 2003 e 2004), nem tampouco, como diria Grinover (2002), oferecer

uma hospitalidade informacional tão abundante quanto possível para facilitar a localização do visitante perante as ofertas turísticas do local.

As poucas identificações sobre serviços na cidade podiam ser vistas em placas e letreiros dos próprios empreendimentos que prestavam tais serviços. O esforço era único e exclusivo dos empresários locais e não era suficiente para uma melhor leitura dos recursos que a cidade oferecia a quem nela chegasse.

A deficiência na informação começa em sinalizar que toda a área do município se encontra protegida pelo Estado sob forma de Unidade de Conservação, por se tratar de uma região remanescente de Mata Atlântica.

A única placa de sinalização a uma área que é definida pelo Governo Municipal como área protegida do Estado, no caso o Parque Estadual Campina do Encantado - região afastada do centro urbano, encontrava-se no perímetro urbano e na data da pesquisa não possuía nenhum tipo de manutenção aparente.

A indicação do Hospital Regional do Vale do Ribeira, feita por placas de sinalização, foi identificada na pesquisa de campo. Nos dois acessos ao centro urbano do município foram vistas placas indicando a localização e a distância até o Hospital. Assim como na entrada da cidade pela alça de acesso da BR 116, havia placa de sinalização do Posto Policial Rodoviário e do SAMU. Havia também placas sinalizadoras do Hospital na BR e nas estradas que liga o município às cidades de Cananéia, Iguape / Ilha Comprida e Jacupiranga.

Quanto aos equipamentos de hospedagem e alimentação, bem como de entretenimento comercial, a cidade não dispunha de sinalização específica que auxiliasse o turista na localização dos mesmos.

Indicando o Centro Municipal de Eventos de Pariquera-Açu, na entrada principal da cidade havia placa sinalizadora, disposta do lado direito da pista, orientando o motorista quanto ao procedimento de manter-se no acostamento para poder cruzar a estrada com segurança, uma vez que o Recinto localiza-se do lado esquerdo de quem entra na cidade por esta estrada. Essa mesma placa indicava o Monumento ao Imigrante que se encontrava disposto ao lado do Recinto (figura 47).

Figura 47 – Placa de Sinalização do Centro de Eventos de Pariquera-Açu. Fonte: O autor (2005)

A Prefeitura também utilizada como mídia alternativa de divulgação das principais atrações da Festa das Nações de Pariquera-Açu, bem como dos demais eventos que promovia no Recinto, o muro externo do seu galpão principal (figura 48), que pela sua extensão proporcionava um boa vitrine de informação, geralmente trabalhada por pintura em tintas de coloração forte (vermelho, azul, verde e preto).

Figura 48 – Muro externo do Centro de Eventos de Pariquera-Açu. Fonte: O autor (2005)

Quanto à informação prestada à comunidade bem como ao turista visitante sobre a Festa das Nações, a Prefeitura Municipal anunciava em mídias convencionais (TV, Rádio e Jornal) e alternativas (participação em eventos).

A abrangência das mídias Rádio e TV eram quase sempre regionais, chegando primordialmente às cidades do Vale do Ribeira e da baixada santista. Os anúncios em jornais, dos quais destacaram-se O Estado de São Paulo, a Gazeta do Paraná e a Tribuna de Santos, buscavam levar a informação da Festa às capitais do Estado de SP e PR, e também à principal cidade da baixada santista, mas tecnicamente, apresentavam um retorno muito baixo, uma vez que não se contemplava no plano de mídia uma freqüência mínima para absorção da mensagem pelo leitor.

A participação da Prefeitura em eventos fora do município sempre trouxe um retorno mais positivo que os investimentos em mídia; a presença da equipe da PMPA na Feira de Turismo e Negócios do Vale do Ribeira ocorrida em 2003 em Santos (SP), refletiu significativamente no fluxo de turistas na Festa das Nações de 2004.

A Prefeitura produzia dois folders para a divulgação da cidade. Os dois materiais impressos traziam em primeiro plano fotos da Festa das Nações, com informações sobre o evento, informações de acesso à cidade e dos principais pontos turísticos a se visitar no município, o Parque Estadual Campina do Encantado, a Casa de Pedra e a tribo indígena. Seu principal chamariz era sem dúvida as cores fortes e vivas das indumentárias dos bailarinos e fotos dos pratos oferecidos por restaurantes na Festa.

Produzia ainda para a Festa das Nações um folder sobre Comidas Típicas e Danças Folclóricas, no qual além de explorar visualmente muitos dos elementos visuais da Festa das Nações, apresentava ao leitor o mapa do Centro de Eventos do Município. E também um outro folder de caráter mais geral, intitulado Festa das Nações de Pariquera-Açu, que trazia informações visuais e textuais sobre a Festa e sobre o local onde ela se realizava, o Recinto.

Para a edição da 8ª Festa das Nações de Pariquera-Açu que ocorreu em 2004, foi criado um material diferente, o cartão postal, que foi amplamente utilizado pela organização e pelos donos de restaurantes, bem, como pelo no comércio local.

Nenhum desses materiais, porém, foi produzido com quaisquer informações em outros idiomas. Nem se utilizando nomes dos pratos típicos dos restaurantes que em quase todos os casos tinham nomes estrangeiros.

O trabalho da Assessoria de Imprensa resumia-se em informar a imprensa regional dos esforços da Prefeitura Municipal em organizar a Festa das Nações. Por não ser feito por jornalistas, não havia materiais de apoio para divulgação do evento junto aos veículos de comunicação que por ventura viessem cobrir o evento, nem tampouco sala de imprensa na Festa, para a recepção dos mesmos.

Foi possível ao pesquisador observar que, fosse por meio do cartaz da Festa ou por meio dos vale “Milão”, grande parte do comércio local auxiliava na divulgação do Evento junto aos seus clientes.

No Posto Petropen, cuja sinalização e identificação de todos os serviços que oferece aos seus clientes é feito de maneira clara, toda em dois idiomas (português e espanhol) e usando de lay-out próprio, definido pela rede, não foram localizados pelo pesquisador, esforços em divulgar a Festa das Nações de Pariquera.

Pela distância do Posto em relação ao centro urbano do município, bem como pela proximidade de sua localização à cidade de Registro, freqüentemente os turistas mencionavam ter parado em um posto em Registro. O pesquisador não identificou esforços da rede Graal em indicar que o posto tem localização no município de Pariquera-Açu e não em Registro.