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Análise da viabilidade ambiental

Unidade 5 – Análises de viabilidade em UPA

5.3 Análise da viabilidade ambiental

Como parte da análise de viabilidade e sucesso de projetos, especialmente de pro- jetos voltados para a gestão de UPAs, temos nos indicadores ambientais um instrumento eficiente, dado o estreito contato de agricultores e agricultoras com os elementos naturais.

Nesta seção, será abordado o processo de construção desses indicadores: após a análise do funcionamento desse processo, serão apresentados os parâmetros a se- rem utilizados, devido à complexidade dos ambientes e das relações existentes entre os diversos componentes e à importância da preocupação com o manejo dos elemen- tos ambientais que viabilizem a continuidade da UPA e a manutenção dos cultivos.

Frente às diferentes realidades e às possíveis interpretações que podem ser geradas pela construção e pelo uso de indicadores ambientais, Lopes (2001) adverte que os indicadores não trazem uma definição exata sobre o que se concebe como sustentável, equilibrado ou ecologicamente correto, uma vez que são ferramentas que explicitam condições, como o são, neste caso, as relações entre seres humanos e natureza, mas que necessitam ser interpretadas.

Em outras palavras, através dos indicadores, é possível objetivar uma série de informações que subsidiam um conjunto de ações, sabendo-se, porém, que todo método de avaliação é tão somente um instrumento que mostra caminhos.

LEMBRE-SE

Os indicadores não detectam limites, os quais são estabelecidos por um padrão, de acordo com valores e objetivos que regem determinada realidade; é sua interpretação, com base nos indica- dores escolhidos, que determinará se o limite foi atingido ou ultrapassado, podendo também au- xiliar na definição desses limites em função de objetivos e metas a atingir (LOPES, 2001, p. 39).

Apresentaremos aqui algumas possibilidades de formulação de indicadores, re- lacionando-os com modelos e com exemplos. É de grande relevância, na elaboração de uma proposição para UPA, a caracterização da situação atual e o acompanhamen- to das alterações que essa proposição trará na relação dos agricultores com a natureza (seja essa relação de exploração ou de preservação). Além disso, faz-se necessário, na análise, considerar que os parâmetros variam ao longo do tempo e que os elementos ambientais se modificam e são esgotáveis. E são justamente os processos de interven- ção humana um dos fatores que provocam ou potencializam tais mudanças.

24 Informações referentes ao conhecimento básico de solo para as condições do Rio Grande do Sul podem ser encontradas em STRECK et al. (2008).

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Nesse sentido, a análise de viabilidade ambiental tem o intuito de observar a situa- ção atual dos elementos ambientais presentes na UPA, evidenciando reconfigurações que ocorram, em especial aquelas determinadas pela ação antrópica; e, na construção do pro- jeto, objetiva analisar as implicações de futuros projetos para o ambiente, relacionando-as a possíveis situações de risco e incerteza. Podemos listar alguns fatores importantes que servem como guia para a elaboração dos indicadores, sem esquecer que estes devem adaptar-se às condições locais, contemplando a diversidade de situações encontradas.

Uma estrutura conceitual adequada para orientar a elaboração dos indicadores é aquela denominada Pressão-Estado-Resposta (PER), proposta pela OECD (2003)25.

Segundo este método, os indicadores se agrupam em três categorias, conforme cor- respondam, respectivamente, às respostas a três tipos de perguntas, a saber:

u Indicadores de pressão (indicadores de stress): Quais são as possíveis

causas dos problemas encontrados no ambiente a partir de atividades humanas?

u Indicadores de estado (indicadores de qualidade ou efeito): Qual é,

em termos de qualidade e quantidade, o estado atual dos elementos naturais disponíveis, com a presença de alguma atividade humana?

u Indicadores de resposta: Quais são as ações que estão sendo realizadas

para resolver ou minimizar os problemas ambientais encontrados?

Dentro desta classificação, é possível elaborar uma série de indicadores, de acordo com o esquema apresentado a seguir.

Quadro 1

Esquema de Pressão-Estado-Resposta

Pressão Estado Resposta

Atividades Humanas Ambiente e Recursos Naturais Agentes Sociais, Econômicos e Ambientais Energia Transporte Indústria Agricultura Outros (produção, consumo, comércio) Condições do: Ar Água Solo Biodiversidade Outros Administração: Municípios, Cidadãos, Empresas

Adaptado de: OECD, 2003.

25 Essa conceituação abarca a formulação dos indicadores de desempenho, relacionados à eficiência de algum fator específico, e dos indicadores descritivos, que caracterizam a constituição de determinados fatores, abordados na seção 5.1.

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Este método permite organizar uma série de questões ou temas-chave e, em cada um deles, estabelecer as relações entre Pressão, Estado e Resposta.

Podemos conectar o método com a Aplicação do Conhecimento, a partir do quadro abaixo, em que foi listada uma série de temas considerados relevan- tes, que servirão para orientar a formulação de indicadores de Pressão-Estado- Resposta. Para cada item listado, pode ser formulado um ou mais indicadores de Pressão, de Estado e de Resposta.

Quadro 2

Uso do método Pressão-Estado-Resposta, a partir da resposta a questões-chave

Questões Indicadores de Pressão pressão ambiental Estado Indicadores de con- dição ambiental Resposta Indicadores de res- postas da sociedade 1. Clima

2. Contaminação por substâncias tóxicas 3. Lixo 4. Degradação do solo 5. Condições sociais 6. Recursos florestais 7. Estabelecimento de áreas de preservação na propriedade 8. Práticas de produção 9. Biodiversidade (fauna e flora) 10. Uso da água

11. Uso de recursos externos 12. Acesso a práticas, conhecimen-

tos e tecnologias agrícolas Adaptado de: OECD, 2003.

Com base neste quadro, pode ser desenvolvido um conjunto de indicadores com cada item. Como exemplo, tomemos o item 6, Recursos florestais. Para este item, um indicador de pressão poderia ser a intensidade do uso de recursos florestais; um indicador de estado poderia ser a área e a distribuição do volume das florestas; e um indicador de resposta seria a área de floresta manejada em relação às áreas de florestas protegidas. Para cada indicador, devem ser desenvolvidos medido- res específicos (OECD, 2004).

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