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4 METODOLOGIA

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

A seguir apresentamos os critérios para análise dos dados da pesquisa, coletados e na aplicação da sequência didática.

A) Questionário, leitura e debate de um texto.

A análise das respostas dos questionários foi realizada com a identificação dos sujeitos diante da apresentação das respostas. As respostas de cada estudante para cada questão foram analisadas e categorizadas de acordo com a emergência de cada zona do perfil conceitual, conforme aponta Mortimer (2001), que afirma que podemos identificar a emergência de modos de pensar a partir da estruturação de formas de falar, pela relação entre pensamento e linguagem descrita por Vigotski.

Para esta análise, foi atribuído um código composto por duas letras, que indicam o contexto escolar por exemplo: P para a pesquisadora, PROF para o professor da disciplina, e para os alunos, a sigla AL seguido de um número de ordenação (AL1 para o aluno 1, AL2 para o aluno 2).

A análise do debate após a transcrição dos áudios foi analisada com a identificação de episódios extraídos das interações discursivas, e assim foi possível construir episódios e identificação das zonas do perfil conceitual de entropia e espontaneidade.

B) Situações-problema

As situações problemas foram analisadas segundo a proposta de padrões temáticos de Lemke (1997). O autor defende que a aprendizagem em ciências está diretamente associada com a aprendizagem da linguagem especializada da ciência, incluindo aspectos referentes a ler, escrever, interpretar e resolver problemas a partir de e mediado por essa linguagem. Para Lemke (1997), ao se referir a linguagem científica, saber utilizar a linguagem não se resume a utilização de termos técnicos ou um conjunto de definições da área em questão, é preciso utilizar os termos relacionando-os uns com outros numa variedade de contextos.

Nesse sentido, para compreender a relação entre os significados das palavras, Lemke (1997) propõe o uso de uma ferramenta chamada por ele de diagrama temático. O diagrama é uma forma de representar graficamente o padrão temático produzido nas interações discursivas em sala de aula ou em qualquer outro discurso sobre um tópico da ciência. Em nosso caso, observaremos o discurso produzido nas situações-problema.

O padrão temático é a forma como uma comunidade fala sobre um tema. Esse padrão é composto por itens temáticos, elementos que podem ser expressos de diferentes formas, por

exemplo, som, ondas de som, vibrações, expressam a mesma coisa. Os diferentes itens temáticos guardam uma relação entre si, chamada de relação semântica. De acordo com o autor, as palavras podem ser usadas de formas diferentes para construir as relações semânticas, chamando de formações temáticas tudo aquilo que os diferentes textos têm em comum quando trata de um mesmo tema.

Partindo disso, ele destaca que cada grupo e categoria social elabora diferentes significados, apresentam diferentes estruturas de atividades e formações temáticas, e diversas maneiras de utilizar essas formações. A forma como uma pessoa fala sobre um tema, pode diferenciá-la ou incluí-la em um grupo social. Na medida em que os sujeitos participam de uma comunidade, e aquilo que se fala não é diferente do que normalmente ocorre na experiência dos seus membros, a tendência é chegar ao mesmo padrão de significados. No entanto, pode haver diferenças nos padrões devido a questões como teorias, opiniões, sistemas de valores, que podem ser diferentes para uma determinada parcela de membros.

Baseado nessas reflexões, para a construção do diagrama seguimos os seguintes passos: (1) identificação de trechos que o conceito de entropia e espontaneidade está sendo expressado; (2) construção/identificação dos itens temáticos – termos da ciência e da prática cotidiana dos licenciandos; (3) construção das relações semânticas estabelecida entre cada um dos termos; (4) junção dessas relações semânticas em um padrão temático.

Vale ressaltar, que um item temático é, de acordo com Lemke (1997), uma palavra (item simples) ou frase (itens condensados), usada para se falar de um tema particular. As relações semânticas, em minúsculo, descrevem como esses itens temáticos relacionam, ou seja, quais os significados de duas palavras ou frases quando são usadas conjuntamente para se falar sobre o tema em questão. Para nossa investigação, utilizamos algumas relações semânticas, baseadas na proposta de Lemke, e outras que podiam surgir ao longo da análise. Lemke enumera cinco relações semânticas básicas, nomeadamente: relações nominais; relações de transitividade; relações de identificação/posse; relações circunstanciais e relações que ocorrem entre conjuntos completos ou vinculados.

O debate acerca das situações-problema foi transcrito na íntegra e organizado de maneira sequencial, respeitando, as falas dos participantes.

C) Exibição do Filme “O Mundo sem Ninguém”

Os itens c e d foram analisados de acordo com as interações discursivas de episódios que emergem a partir das formas de falar identificados nas respostas. A seguir são apresentados os critérios para análise dos dados construídos na pesquisa, a saber: respostas aos textos escritos

pelos alunos após o filme e episódios selecionados das interações discursivas no momento do debate sobre o conceito de entropia e espontaneidade em diversos contextos. Esse conjunto de dados foi selecionado para compor parte importante da pesquisa, e por estarem associados aos momentos nos quais o conceito é discutido com maior possibilidade de emergência de modos de pensar a partir das formas de falar (MORTIMER, 2001).

Nesse sentido, as falas dos alunos foram observadas e categorizadas de acordo com os modos de pensar e formas de falar sobre os conceitos de entropia e espontaneidade, observados no perfil conceitual (AMARAL, 2004; AMARAL e MORTIMER, 2004; MORTIMER et al., 2014), a partir da relação da resposta com as três zonas para o perfil conceitual de entropia e espontaneidade: Zona Perceptiva/intuitiva, Zona Empírica e Zona Racionalista.

D) Aula Experimental

Os experimentos foram analisados de acordo com as interações discursivas de episódios que emergem a partir das formas de falar identificados nas respostas, em que buscamos identificar quais as zonas do perfil conceitual de entropia e espontaneidade.

Justificamos a análise dos momentos vivenciados das interações discursivas nos estudantes durante a sequência didática, assim, os enunciados são tomados como a unidade de análise, que se concretizam nos momentos da sequência didática (SIMÕES NETO, 2016).

Para tornar mais didática e sistemática a apresentação dos resultados obtidos nesse estudo, serão apresentadas no capítulo a seguir, as discussões por análise de respostas obtidas sobre a problemática investigada.