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Após a finalização do momento de coleta dos dados, foi agendado pela pesquisadora um encontro com a orientadora a fim de discutir os dados obtidos na aplicação do questionário de levantamento de dados sociodemográficos e laborais e da técnica da entrevista semiestruturada. Nesse encontro, optou-se por analisar para este momento os dados dos questionários dos docentes que participaram das duas etapas de coleta dos dados, ou seja, dos 13 docentes entrevistados. Os dados dos demais questionários coletados foram armazenados como forma de um banco de dados para análise e produções posteriores.

Assim, a análise dos dados provenientes da primeira etapa de coleta, ou seja, do questionário de levantamento de dados sociodemográficos e laborais, permitiu fazer a caracterização dos 13 docentes que participaram das duas etapas da pesquisa. Para tanto, os dados foram agrupados a partir da utilização da estatística descritiva simples, ou seja, com a apresentação dos mesmos em frequência e percentual. Essa técnica de análise teve por objetivo descrever e resumir os dados obtidos, a fim de que fosse possível inferir conclusões a respeito da caracterização dos sujeitos do estudo (NETO, 2004).

No que se refere à técnica de análise dos dados resultantes das entrevistas semiestruturadas que constituíram a segunda etapa de coleta, realizou-se a análise de conteúdo de Bardin (2011), a qual busca a fidedignidade das interpretações e dos significados presentes

nos dados. Nesse sentido, a análise de conteúdo pode ser compreendida como uma técnica que busca conhecer aquilo que está por trás das palavras que se identifica, relacionando as estruturas semânticas com os significados dos enunciados (BARDIN, 2011).

Desse modo, de acordo com a autora acima, a análise de conteúdo consiste em um conjunto de técnicas de análise de comunicação a qual visa obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens. Com esta finalidade, esta técnica de coleta de dados divide-se em três etapas: Pré-análise, Exploração do material e Tratamento dos resultados obtidos e interpretação.

A pré-análise consiste na organização e sistematização das ideias iniciais, cujo objetivo é a escolha dos documentos a serem analisados, retomada dos objetivos e pressupostos iniciais da pesquisa, formulação de hipóteses e a construção de fatores que apontem para a interpretação (BARDIN, 2011). Essa fase foi iniciada imediatamente após o término da coleta dos dados, momento em que permitiu uma aproximação com o material obtido; tendo sido apreendidos os elementos relacionados à percepção dos docentes universitários da área da saúde acerca do adoecimento relacionado ao seu trabalho.

Inicialmente, os dados oriundos das gravações das entrevistas foram transcritos na íntegra em um editor de textos, Microsoft Word 2010, constituindo o corpus da pesquisa. Por sua vez, a transcrição apresentava a questão norteadora a que se referia, bem como o relato do docente identificado pela letra “D” seguida da ordem de realização da entrevista. Criou-se um arquivo de transcrição para cada gravação (entrevista 01; entrevista 02; entrevista 03; e assim por diante) objetivando melhor organização.

Nesse contexto, a etapa intitulada pré-análise iniciou-se por meio da escuta das gravações e da leitura flutuante do material coletado nas entrevistas, possibilitando surgir as primeiras impressões do pesquisador. Cabe destacar que neste momento todas as transcrições foram impressas e encadernadas no formato de um polígrafo, com o intuito de facilitar a organização e utilização do material.

A leitura flutuante contempla o momento em que o pesquisador entra em contato com os documentos, conhece o contexto e deixa-se permear por impressões. Considera-se esse processo, contemplado pela escuta das gravações e leituras exaustivas do material, como fundamental para considerar as normas propostas pela teoria, as quais se referem à exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência (BARDIN, 2011).

Com a finalidade de incorporar os relatos obtidos das entrevistas, após algumas leituras realizadas, sentiu-se a necessidade de reler novamente e destacar no material

impresso, com o uso de um destaca texto, os dados que iam ao encontro da pesquisa proposta. Posteriormente, foi realizada a construção de um quadro sinóptico de autoria da pesquisadora, contendo os elementos a seguir: questão norteadora; docente entrevistado; ordem de realização da entrevista; fala literal; extrato da fala e percepções da pesquisadora.

Destaca-se que tais elementos foram elencados na perspectiva da questão norteadora da entrevista bem como no objeto e objetivos do estudo. Com o intuito de sistematizar as ideias iniciais, buscou-se o auxílio do programa Microsoft Word 2010, criando-se um arquivo para cada questão norteadora estabelecida acerca da temática do estudo. Novamente este material foi impresso e encadernado, visando facilitar a organização e aplicabilidade da análise proposta.

Ainda pensando na sistematização das ideias obtidas, sentiu-se a necessidade de abdicar dos recursos disponibilizados pelo computador e fazer uso de um bloco de anotações, no qual eram descritas no topo da página as questões norteadoras da entrevista e anotadas as informações presentes nas transcrições, de maneira sucinta, que se referiam àquelas questões, seja por meio de palavras ou fragmentos das falas.

Essa técnica utilizada apresentou-se como relevante em virtude de que permitiu identificar que as informações e impressões registradas no quadro sinóptico convergiam com as impressões elencadas no bloco de anotações. Afirma-se que desde a pré-análise é necessário determinar recortes do texto em unidades comparáveis de categorização para análise temática e de modalidade de codificação para o registro dos dados (BARDIN, 2011).

Sequencialmente, foi aplicada a técnica das cores nos trechos das falas presentes no quadro sinóptico, os quais foram assinalados por destaca textos de diferentes cores, de acordo com as ideias semelhantes e os temas que se repetiam com regularidade. Dessa forma, a elaboração do quadro sinóptico no programa Microsoft Word 2010, as anotações do bloco de notas e a técnica das cores aplicada no material impresso do quadro sinóptico permitiram constituir o material a ser submetido à análise, levando em consideração os aspectos propostos por Bardin nesta fase.

No que se refere à exploração do material, esta é a fase de análise propriamente dita. Ocorrem operações e codificações, em conformidade com a etapa anterior; decomposição ou enumeração. Assim, os dados podem ser transformados em unidades de registro, as quais constituem unidades de significação codificadas em função das características do material e dos objetivos da análise (BARDIN, 2011).

Nesta etapa, o primeiro passo foi encontrar os temas que se “desprendiam do texto”, constituindo as unidades de registro. Em consonância com a prática, o tema refere-se à

unidade de significação que se liberta naturalmente do texto analisado. Destaca-se que a utilização do tema enquanto unidade de registro geralmente se dá em estudos acerca de motivações de opiniões, atitudes, crenças, valores; indo ao encontro do estudo proposto (BARDIN, 2011).

Fazer esta análise temática consiste em “descobrir os “núcleos de sentido” que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição, pode significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido” (BARDIN, 2011, p. 135). Ressalta-se que para este momento foram consideradas pela pesquisadora a frequência e a regularidade com que apareciam as unidades; para a análise a inferência foi baseada nas palavras, frases e seus significados apresentados, e não na frequência de sua aparição.

A partir da identificação das unidades de registro, foi possível elencar as categorias que emergiram dos dados coletados. Esta caracterização consiste em uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo analogia e critérios previamente estabelecidos (BARDIN, 2011). Para tanto, a definição das categorias deu-se em função da questão de pesquisa e dos objetivos do estudo, esquematizadas em quadros, em um programa de editor de textos para melhor organização.

Em relação à última etapa, tratamento dos resultados obtidos e interpretação, é o momento em que o pesquisador conta com resultados significativos e fiéis, podendo propor interpretações relacionadas aos objetivos da pesquisa. Nesta etapa, é necessário que o pesquisador considere o referencial teórico adotado, visto que ele dará suporte e sentido à investigação. Além disso, as interpretações que implicam em inferências se dão com o intuito de buscar o que se apresenta sob uma determinada realidade, fazendo com que os resultados sejam os mais fidedignos de acordo com os participantes da pesquisa (BARDIN, 2011).

Diante do exposto, foi selecionada esta modalidade de análise de conteúdo por ser uma das formas mais adequadas às pesquisas qualitativas, como meio de atingir os significados manifestos a partir das experiências e subjetividade dos participantes do estudo, ou seja, considerando o contexto desses sujeitos e partindo das suas percepções. Assim, buscou-se a fundamentação teórica para a discussão e análise dos resultados obtidos por meio das falas, que permitiram conhecer, analisar e interpretar as percepções dos docentes universitários de cursos da área da saúde acerca do adoecimento relacionado ao seu trabalho.