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A análise dos dados obtidos pelo levantamento exposto neste trabalho ocorreram em diferentes momentos sempre auxiliando os passos seguintes a serem seguidos pela pesquisa.

A primeira fase se caracterizou pela análise de documentos técnicos, decretos, normas, consulta aos bancos de dados através da análise de conteúdo, sendo descritos posteriormente por meio de gráficos e tabelas.

A segunda fase de análise qualitativa do material coletado nas entrevistas foram trabalhadas através da análise de conteúdo temático, considerando o referencial teórico sobre integralidade da atenção, gestão do cuidado, regulação do acesso, trabalho em redes na saúde e território, que permitiram a extração dos temas relevantes para a análise de conteúdo dos dados qualitativos.

De acordo com Bardin (1997), a análise de conteúdo permite explicitar e sistematizar o conteúdo das mensagens e a expressão desses conteúdos, a partir de indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos ao conteúdo das mensagens e a expressão dos mesmos.

Bardin (1997), ainda define como deve se constituir a análise, que passa pela fase de pré-análise, codificação, caracterização e inferência dos conteúdos das mensagens coletadas, encontradas nas narrativas produzidas a partir dos itinerários terapêuticos.

compõem uma comunicação, trabalha com o conteúdo do texto na tentativa de compreender o pensamento do sujeito através do conteúdo expresso no material em análise (Minayo et al., 2005; Minayo, 2006; Caregnato & Mutti, 2006).

Para a análise dos dados das entrevistas, estas foram transcritas na integra, mantendo assim a veracidade das informações. A leitura atenta deste, considerado por Minayo (2004) como exploração do material "consiste essencialmente na

operação de decodificação”. Nessa fase os dados foram classificados e reunidos em

categorias de acordo com a semelhança das informações e com base no referencial teórico utilizado.

A terceira fase foi a da análise quantitativa dos dados dos prontuários coletados de mulheres com câncer de mama entre os anos de 2008 e 2011 na região estudada. Esta fase ocorreu em um momento muito especial da pesquisa, onde a pesquisadora se encontrava em um estágio na Faculdade de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, Estados Unidos. Foi através do convívio e aprendizado compartilhado com alunos de pós-graduação e professores da universidade, em especial do departamento de bioestatística e das disparidades em saúde que a análise foi tomando corpo. As comparações entre as mulheres, segundo as características consideradas no estudo foram realizadas por meio do este Qui Quadrado de Pearson e a generalização do teste exato de Fisher considerando-se um nível de significância de 5%. A análise de sobrevida foi realizada utilizando-se o método de Kaplan-Meier e o teste de Log Rank (com nível de significância de 5%) para comparação das curvas (Bustamante-Teixeira, 2002; Carvalho et al., 2011; Kleinbaum & Klein, 2012; Szklo & Nieto, 2015).

Segundo Bustamante-Teixeira et al.(2002), os estudos de análise de sobrevida são aqueles onde a variável dependente de interesse é o tempo. Analisa- se o tempo decorrido até o aparecimento de algum evento. Assim, para o estudo da sobrevida de pacientes com câncer, considera-se o tempo desde a data do diagnóstico até a ocorrência de um evento de interesse, chamado falha ou censura. O evento que caracteriza uma falha pode ser um óbito, recidiva local, câncer de mama contra lateral ou metástase. Já o evento que caracteriza a censura é considerada a perda por tempo de observação incompleta que são os abandonos de tratamento ou morte.

Assim, neste estudo consideramos os dados quantitativos da coleta das informações dos prontuários das pacientes com câncer de mama na região no

período estudado, analisando sobre ótica do estadiamento da doença, no momento do diagnóstico e da escolaridade desta mulher, o tempo de sobrevida da doença esperado para ela.

Para análise quantitativa dos dados este foram tabulados no programa Microsoft Excel®, tendo sido utilizado o programa Stata® 13 para o cálculo de

análises descritivas, além da utilização do programa ArcGIS® para possibilitar a

análise do território dos casos de câncer espalhados na região estudada através de mapas/ cartogramas.

Após o conhecimento das características das mulheres e para o entendimento sobre o funcionamento da rede de atenção ao câncer na região e como estas percorrem os serviços de saúde, procuramos recompor suas trajetórias terapêuticas, através de entrevistas em profundidade.

Para a análise, primeiramente categorizamos as narrativas produzidas a partir das entrevistas utilizando como referência a classificação proposta por Cecílio et al. (2014), que analisando o percurso de pacientes com morbidades graves nas redes de saúde de municípios da grande São Paulo, produziam formas de regulação de suas trajetórias no sistema de saúde inusitadas, não esperadas pela chamada regulação oficial ou governamental. Daí foram identificados 4 tipos de chamados regimes de regulação, que também foram observados nas narrativas feitas pelas pacientes com câncer de mama, na região de Maringá, Paraná. Esta semelhança na forma de percorrer o sistema de saúde, com diferentes arranjos para produzir cuidado em saúde nos levou a adotar a mesma classificação, de forma a nos ajudar na análise das trajetórias assistenciais das pacientes. Os regimes de regulação identificados são os seguintes: 1) regime de regulação governamental: onde os atores-chave são gestores, equipes de regulação e formuladores de políticas que definem protocolos para garantia de maior chance de acesso as pessoas que precisam de cuidados; 2) profissional: é aquele conduzido por médicos e outros profissionais de saúde na tentativa de criação de fluxos de circulação mais ágeis para determinados pacientes; 3) clientelístico: são conduzidos por políticos ou pessoas com influência política-administrativa que auxiliam o acesso aos usuários que conseguem ter acesso a ele; e por fim, 4) leigo: caracterizado pelos usuários, cuidadores informais, familiares, pessoas vivendo problemas de saúde parecidos, que utilizam-se dos recursos globais de saúde disponibilizados pelo SUS e saúde suplementar, que acionam ou não redes vivas próximas a sua realidade para

solucionar as disjunções com o tempo para realização de um tratamento.

Em um segundo momento, ainda utilizando as narrativas, foram pontuados através da análise de conteúdo temático nos itinerários terapêuticos subcategorias que visavam analisar analiticamente a relação da integralidade do acesso aos serviços de saúde, os vínculos institucionais ou profissionais gerados no âmbito do cuidado produzido e as redes vivas que compuseram a trajetória dessas mulheres.

Por fim, as informações quantitativas e qualitativas geradas a partir das análises da estratégia de triangulação concomitante possibilitaram a conclusão deste estudo.