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análise de conteúdo das falas apresentadas pelos participantes do estudo com o propósito de identificar as representações sociais relativas aos tópicos descritos.

6.1 - Análise de Conteúdo: Os dados foram analisados empregando-se a Análise de

Conteúdo (AC), para se estabelecer as categorias empíricas baseadas nos temas das falas apresentadas pelos participantes dos grupos.

Para Bardin, a AC pode ser definida como:

“Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Bardin: 1977,

p. 42).

Conforme Minayo (2000), a AC teve em seus primórdios fortes influências do positivismo, preocupando-se mais com o rigor quantitativo (freqüência, caráter descritivo) e

com a objetividade (conteúdo manifesto) do que propriamente com os significados das comunicações que analisava. Esta tendência ainda pode ser encontrada em relação ao tratamento dos dados em AC. Contudo, novos procedimentos mais próximos às técnicas qualitativas foram incorporados, especialmente após os anos que sucederam à Segunda

Guerra; tais procedimentos estão associados às abordagens antropológicas, sociológicas e psicológicas que, juntamente com a Psicanálise e o Jornalismo, tentam ultrapassar o alcance simplesmente descritivo encontrados nos conteúdos manifestos para chegar a uma interpretação mais profunda desse material através da inferência.

Triviños (1987) apóia a idéia de que a AC pode auxiliar a desvendar ideologias implícitas tanto em diretrizes legais como tendências e valores que num primeiro momento

51 houve uma agudização dos movimentos de propaganda projetando importância à AC,

permitindo que outras áreas de conhecimento tivessem acesso ao seu emprego o que certamente colaborou para seu desenvolvimento. O autor destaca ainda que em 1948 a AC alcançou méritos de método com Berelson e Lazarfeldt; mas indica que apenas em 1977, com a obra de Bardin, o método foi descrito e detalhado em profundidade (Triviños, 1987).

De qualquer forma, o esforço da AC é ultrapassar o nível do senso comum na

interpretação do material a ser analisado à medida que possibilita a articulação do material “concreto” produzido pelas entrevistas (transcrição das falas) com aspectos relacionados ao contexto no qual foi produzido, o que envolve tanto a cultura como aspectos psicossociais

(Minayo, 2000).

6.2 - Procedimento da análise: Seguindo a orientação metodológica proposta por

Minayo (2000) realizou-se leitura flutuante do conjunto das comunicações. Posteriormente

procedeu-se a organização do corpus formado pelos conteúdos apresentados pelos participantes dos grupos, de forma que este pudesse responder a algumas normas de validade: exaustividade (contemplando todos os tópicos estabelecidos no roteiro até que os conteúdos começassem a se repetir); representatividade (contemplando todo o universo

disponível); homogeneidade (estabelecimento de critérios precisos dos temas e interlocutores que orienta a reunião dos dados segundo um mesmo princípio ou aspecto da representação) e finalmente pertinência (material analisado adequado ao objetivo do estudo e ao seu referencial teórico).

Descreveremos a seguir os principais passos seguidos para a análise dos dados: 1º) Ordenação dos dados: esta etapa englobou o conjunto das entrevistas resultantes dos grupos focais de discussão e incluiu: (a) transcrição das fitas-cassete; (b)

releitura do material; (c) organização dos relatos em uma determinada ordem (ex:

relacionados ao papel social do idoso; relacionados ao reconhecimento da patologia em questão); iniciando assim o processo de classificação.

2º) Classificação dos dados: a classificação foi realizada a partir dos dados obtidos iniciando o processo de categorização e desdobrou-se nas seguintes etapas:

(a) leitura exaustiva das transcrições das entrevistas que permitiu apreender

as idéias centrais acerca dos tópicos em foco (Envelhecimento, situação social do idoso na família e na comunidade, seus papéis, funções e atividades e Saúde mental do idoso); o critério de classificação partiu da identificação dos temas (de variáveis empíricas)

observadas no material.

(b) constituição dos “corpus” de comunicações, que foram compostos pelas transcrições das entrevistas com os diferentes grupos tendo em vista que cada um deles constituiu um conjunto específico de informações. A partir daí, procedeu-se uma leitura

transversal de cada conjunto, recortando-os em unidades de registro tomadas como palavras ou frases representativas de determinado tema suscitado pelas questões referentes aos tópicos investigados.

Esta etapa começou a partir de uma classificação “bruta” que foi sendo “lapidada” à

medida que o processo de aprofundamento da análise foi evidenciando temas relevantes permitindo gradualmente um processo de unificação da análise.

(c) para completar o processo de classificação, empregou-se o estabelecimento de categorias que para Bardin, podem ser definidas como:

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“...rubricas ou classes as quais reúnem um grupo de elementos sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns desses elementos” (Bardin: 1977, p. 117).

As categorias podem ser usadas em qualquer tipo de pesquisa qualitativa por possibilitar o agrupamento do material em torno de conceitos capazes de abranger

características comuns entre as comunicações. Desse modo, empregou-se o uso de categorias a fim de estabelecer as classificações, agrupando os elementos das entrevistas (palavras e frases) em torno de conceitos representativos que, na perspectiva da

Representação Social, permitem maior aproximação com os conteúdos relativos ao envelhecimento, papel social do idoso na comunidade e problemas de saúde mental em idosos, particularmente depressão e demência, além de formas de cuidar desses problemas presentes no conjunto de significados das opiniões expressas pelos entrevistados.

As categorias obedeceram a um único critério de classificação: partiram das falas relacionadas aos tópicos em questão; permitiram situar todas as respostas, garantindo o princípio da exaustividade e ainda foram mutuamente exclusivas, ao passo que uma mesma resposta não pôde ser incluída em mais de uma categoria (Minayo, 2002).

No decorrer da apresentação dos resultados e discussão serão expostas as listagens das categorias e os grupos focais onde foram encontradas.

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