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Capítulo 2 – Metodologia

2.7. Análise de Dados

O paradigma da pesquisa e que será base para a análise de dados é o “interpretativista”, que fornece condições para discernir as relações subjetivas e as ligações dos elementos que se repelem e se congregam no campo investigado. Outro aspecto relevante para a escolha deste paradigma foi a consideração ao contexto, suas implicações e acomodações. Deste modo, esta perspectiva paradigmática ocorreu sob múltiplos enfoques: a objetividade, o rigor da observação direta dos atores e fenômenos, a consideração às relações estabelecidas pelas experiências humanas, os silêncios, os gestuais e as falas explicitas. Ou seja, tudo ganhou sentido para que o fenômeno fosse estudado a partir da subjetividade dos atores e do seu contexto. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados foram elementos que se conjugaram no processo da pesquisa.

Após reunir os dados compostos pelos documentos, Projeto Político Pedagógico e regimento Escolar, como já mencionado, contemplando todos os elementos da observação e os demais que emergiram das entrevistas e do grupo focal, foi feita a leitura cuidadosa, a análise e a interpretação.

A etapa da análise dos dados, portanto, utilizando o paradigma “interpretativista”, implicou em conhecer a literatura, em reunir todos os dados coletados, ler com atenção e reler com cautela, objetivando uma apreciação meticulosa e cuidadosa destes dados, à luz dos pressupostos teóricos.

Os dados foram analisados transversalmente, interligando todos os resultados que emergirem das técnicas utilizadas. A divisão dos temas a serem analisados deu-se de acordo com os destaques revelados pelos professores e foram tratados como preposições. As reflexões foram tecidas de modo a estabelecer o aprofundamento das análises, bem como das anotações feitas no período de construção de dados. Foi seguido o princípio de correspondência entre os consensos e os conflitos através das análises dos trechos-síntese do grupo focal, das falas das entrevistas e das anotações.

Dessa forma, concorda-se com Gil (2009), quando afirma que Os dados obtidos precisam de alguma forma ser significativos para que a pesquisa seja considerada relevante. ( p.108). Portanto, identificar a teia de significados presente nos dados coletados

e reuni-los para a análise, permite maior segurança na interpretação. As possíveis respostas à questão e ao objetivo da pesquisa ficam mais evidentes quando construídas através de várias fontes e é por este motivo que foi eleito o caminho apresentado.

2.7.1 A Pesquisa: aspectos da inserção no campo

A pesquisa seguiu um caminho composto de vários momentos, cada qual ligado ao objetivo de ler e refletir as questões propostas, os achados e as evidencias encontradas ao longo da investigação através do rigor científico. A inserção na pesquisa ocorreu através do contato direto com a cultura da escola, do encontro com os sujeitos e do envolvimento na aplicação das técnicas, o que permitiu reunir elementos significativos à questão investigada.

Durante todo o processo se considerou a relação dinâmica entre a questão e o contexto, bem como, o diálogo com os sujeitos e com os fenômenos envolvidos na pesquisa, onde cada elemento é entendido como indissociável e significativo. Assim sendo, a consideração ao subjetivo permeou todo o caminho da investigação, tudo isso, partindo dos princípios da abordagem qualitativa; observando à sua característica subjetiva e profunda, que compreende o significado das vozes, das crenças e das representações.

A ida ao campo de pesquisa ocorreu durante o segundo semestre do ano de 2013, no período de abril a junho. A primeira etapa consistiu em visitar a instituição para apresentar o projeto e solicitar as autorizações. A partir deste encontro seguiram-se as observações, os registros no diário de campo e a seleção dos sujeitos e, em seguida, foram realizados os encontros de Grupo Focal – GF e as entrevistas.

O primeiro encontro aconteceu com a Diretora da Escola, quando foi explicitado o projeto, seus objetivos, fidedignidade e sigilo, sendo, também, apresentados os documentos de consentimento a serem assinados. Também foi solicitado o Projeto Político Pedagógico da escola e o seu Regimento Escolar, que prontamente foram entregues. Neste mesmo dia manteve-se contato com a coordenadora da área de Ciências e Biologia, quando, também, detalhou-se o projeto e foi pedido seu auxílio para secretariar os encontros de GF. A receptividade foi excelente e houve clara manifestação de interesse pela temática.

O próximo passo foi a seleção dos sujeitos da pesquisa, no caso, os professores de Ciências do Ensino Fundamental dos anos finais, formando um grupo de seis para participarem inicialmente dos encontros de Grupo Focal, como citado anteriormente. Com

cada professor foi mantida uma conversa informal, de modo a explicitar sinteticamente o processo de pesquisa e, na ocasião, foi entregue um convite com o tema, data, local e horário do primeiro encontro.

No momento do primeiro encontro com os professores, foi apresentado o projeto, com o detalhamento dos passos da pesquisa, explicitação do que se trata um GF, suas regras e acordos. Neste momento foi apresentado o documento de consentimento para que lessem e entregassem assinado à coordenadora de área.

Paralelamente foi realizada a leitura criteriosa e atenta dos documentos: PPP – Projeto Político Pedagógico, do Regimento Escolar e dos livros didáticos adotados de 6º ao 9º ano. No entanto, foi verificado de imediato que a análise dos livros didáticos exigiria maior tempo de investigação e não se enquadrava na proposta desta pesquisa.

O Projeto Político Pedagógico da escola foi construído por toda a equipe de professores, pela equipe pedagógica e por uma representação de funcionários, alunos e pais. Através dele puderam-se conhecer os ideais e os princípios traçados pela comunidade, com a finalidade de orientar a cultura institucional da escola.

O PPP e o Regimento Escolar também permitiram compreender o perfil pedagógico formalmente explicitado, colaborando para a leitura e a confrontação do conjunto das informações coletadas através de cada momento da pesquisa. Ou seja, a leitura e análise do PPP e do RE da escola revelou a visão formal e prescrita e colaborou para conjugar suas informações com os demais elementos.

Vale salientar que a leitura dos documentos possibilitou maior intimidade com a escola, pois levou a uma proximidade com a sua intelectualidade e seus mecanismos, de seus princípios pedagógicos e de seu construto educacional.

A observação, ocorrida informalmente, no dia a dia escolar, também foi de grande relevância, pois trouxe uma riqueza de diálogos informais e de atos espontâneas. Essas observações, em seus pontos mais significativos, foram registradas no diário de campo: os contatos, os pontos relevantes, as interrupções, as falas, as surpresas e dúvidas que emaranhavam o processo educativo.

O GF configurou-se como uma atividade gratificante, revelando-se uma atividade forte, numa ação reflexiva e de relembranças de um caminho de formação e atuação profissional, a cada conversa e provocação, conseguia-se alcançar mais profundidade e interesse. O envolvimento foi crescente, se tornando cada vez mais nítido e, ao mesmo tempo, legitimando-se como um espaço para as discordâncias, momentos ora

tensos e ora profundamente conciliadores, que exigiu habilidade na condução do grupo para o objetivo da pesquisa.

Os encontros foram revelando uma teia complexa de elementos e para a melhor organização das ideias, a cada início de encontro entregava-se uma breve síntese do último encontro, que era lida em conjunto e avaliada para ter a certeza de que realmente representava o consenso do grupo sobre os aspectos discutidos.

As entrevistas foram mais objetivas, diante dos demais procedimentos, mas não menos importantes. Realizadas com duas professoras, como já mencionado, os momentos, em si, das entrevistas, foram leves e complementaram questões que ainda necessitavam serem revistas e investigadas.

Cada encontro do GF bem como as duas entrevistas foram gravadas e rigorosamente transcritas. Assim pôde-se ter um conjunto de evidências que puderam se confrontar, proporcionando a elaboração de possíveis respostas às questões norteadoras da pesquisa, impulsionando o estudo de cada evidência interpretado à luz do referencial teórico estudado.

Dessa forma, a análise dos dados foi construída pela composição das leituras dos documentos, pelas observações registradas no diário de campo, pelos encontros do GF e pelas entrevistas.

Foi utilizada, como informado anteriormente, tomando como base o paradigma “interpretativista”, a análise fundamentada teoricamente na interpretação dos dados, considerando, também, que, como afirma Martins (2008), “A análise de um Estudo de Caso deve deixar claro que todas as evidências relevantes foram abordadas e deram sustentação às proposições que parametrizaram toda a investigação. A qualidade das análises será notada pelo tratamento e discussão das principais interpretações [...] bem como pela exposição dos aspectos mais significativos do caso sob estudo e de possíveis laços com outras pesquisas assemelhadas.” (p. 86).

No próximo capítulo, serão apresentados os dados coletados nas observações, na entrevista e do grupo focal, reunindo indícios para realizar análises e buscar os sentidos revelados no diálogo com o cenário e com os sujeitos da pesquisa, seus dados oficiais e subjetivos, para uma aproximação de possíveis respostas às questões investigadas.

CAPÍTULO 3 – A ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo será analisado cada resultado através da perspectiva da correlação entre o todo e as partes da pesquisa Dessa maneira, far-se-á o processo da análise ordenando, estruturando e correlacionando o sentido das evidências, transformando os dados coletados em um conjunto coeso e significativo. A apreciação seguirá utilizando as proposições analíticas que, segundo Gil (1991),estarão vinculadas às teorias anunciadas no trabalho, com o objetivo de minimizar, julgamentos, opiniões do senso comum e preconceitos.