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Para análise dos dados o conteúdo das gravações foi transcrito fielmente e

seu conteúdo tratado em duas etapas:

1ª fase: Reconstrução dos fluxogramas do gerenciamento de materiais

Com base no conteúdo das entrevistas foram reconstruídos os fluxogramas

do processo de GM, com auxílio do programa Visio

®

, versão 2003. Os elementos

gráficos disponíveis, e mais utilizados neste trabalho, juntamente com seus

respectivos significados, podem ser observados no Quadro 3.

QUADRO 3 –ELEMENTOS GRÁFICOS E SEUS SIGNIFICADOS FONTE: Adaptado de VISIO® (versão2003)

Procurou-se utilizar as formas e suas significações da maneira mais conexa

possível para cada etapa do processo referenciado. A inserção do enfermeiro no

processo também foi sinalizada pela adoção de cores diferenciadas nas formas de

cada etapa, sendo atribuída a cor laranja para as etapas nas quais o enfermeiro

participa diretamente do planejamento, execução das ações e tomada de decisão; e

a cor verde para as etapas em que o enfermeiro participa indiretamente do

planejamento, execução e tomada de decisão, sendo neste caso representado por

órgãos assessores (comissões) ou chefias. Nas etapas onde não foi verificada a

participação do enfermeiro não foi atribuído cor às formas.

2ª fase: Análise de conteúdo temático das falas

O conteúdo dos discursos dos participantes da pesquisa foi submetido a

análise de conteúdo temática, de acordo com o proposto por Bardin (2011). A escolha

por esta metodologia de análise pauta-se no desejo de que, a partir da análise dos

discursos, da categorização deste em eixos temáticos, novos conhecimentos sobre

sua prática emerjam, podendo esses serem analisados e melhor descritos.

A análise categorial ou temática das falas consiste no desmembramento do

texto em unidades e reagrupamentos destas em categorias analógicas ou temáticas,

extraídas empiricamente das falas. A técnica obedece o seguinte desencadeamento:

pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados (BARDIN, 2011).

Durante a pré-análise o conteúdo das transcrições foi submetido à leitura

flutuante, o que propiciou aproximação da sua composição e algumas impressões.

Naquele momento, confrontou-se os objetivos da pesquisa com as falas e a partir da

discussão das impressões delimitou-se os índices e elaborou-se os indicadores finais

para categorização (BARDIN, 2011).

Para a exploração do material as transcrições foram exaustivamente lidas e o

material organizado de acordo com as categorias temáticas extraídas. Ainda neste

processo, procedeu-se à codificação dos trechos, com a extração das unidades de

sentido que possibilitaram a compreensão do texto (BARDIN, 2011).

A codificação sucedeu-se por meio da realização de recortes nas transcrições,

reconhecendo as informações reincidentes e agregando-as até que se atingisse uma

que melhor representasse o teor das falas. Os recortes, por sua vez, são os

denominados núcleos de sentido e se classificam em unidade de registro e unidade

de contexto. Na unidade de registro tem-se um segmento de conteúdo considerado

como unidade de base que pode ser reconhecido por meio de palavras, frases, temas

e acontecimentos. No segundo, a unidade de contexto possui dimensões mais amplas

e permite a compreensão da unidade de registro; pode ser a frase onde se insere a

palavra ou o parágrafo pelo qual se identifica o tema (BARDIN, 2011).

A classificação das unidades de registro foi seguida pelo isolamento destas e,

posteriormente, reagrupamento, considerando os elementos similares e originando a

formação de categorias temáticas (BARDIN, 2011).

Neste trabalho, a categorização dos achados empregou o processo previsto

por Bardin (2011) de categorização por “caixas”, no qual as categorias já estão

previamente estabelecidas.

Foi aplicada essa metodologia para o tratamento das unidades de registro

identificadas como “atividades desenvolvidas pelo enfermeiro no gerenciamento de

materiais”. A referência para categorização das atividades foi o modelo de etapas do

fluxo do gerenciamento de materiais proposto por Castilho e Gonçalves (2011), que

consiste em: programação, compra, recebimento, armazenamento, distribuição e

controle. Assim, as atividades identificadas foram redistribuídas por critério de

pertinência à cada etapa.

Para a categorização das competências requeridas do enfermeiro para

atuação no gerenciamento de materiais assumiu-se como orientador a definição dada

por Fleury e Fleury (2001, p. 188), na qual competência é “um saber agir responsável

e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e

habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.

Empossados das categorias, desencadeou-se o trabalho de interpretação dos

dados e inferência do conteúdo, evidenciando as informações extraídas na análise e

estabelecendo presunções sobre estas, bem como fundamentando-as de acordo com

os pressupostos teóricos (categoria analítica), ressignificando a realidade na qual se

produziu o discurso (BARDIN, 2011).

5 RESULTADOS

Os participantes da pesquisa totalizaram oito enfermeiros, sete do sexo

feminino e um do sexo masculino, com idade média aproximada de 47 anos. Sobre a

formação, o tempo médio de formado foi 21 anos; sendo que, com relação à

qualificação, quatro possuem formação lato sensu, um formação strictu sensu e três

não referiram nenhum tipo de especialização.

A experiência profissional se apresenta principalmente na atuação em setores

críticos, uma vez que quatro enfermeiros referiram ter atuado em Unidade de Terapia

intensiva e dois dos participantes atuaram em Centro cirúrgico. O mesmo quantitativo

citou a Unidade de Pronto Socorro como experiência prévia e apenas um enfermeiro

relata a passagem pela Central de Materiais Esterilizados; além da vivência

assistencial, dois enfermeiros disseram ter desempenhado cargos de chefia durante

sua vida profissional. Apenas um enfermeiro relatou experiência anterior em

atividades de controle de materiais e produtos para a saúde. Em média, o tempo de

atuação no GM foi de 3 anos e sete meses entre os entrevistados.

A partir dos discursos dos participantes da pesquisa foi possível extrair quatro

categorias temáticas: Contexto de atuação do enfermeiro do gerenciamento de

materiais; Atividades desenvolvidas pelo enfermeiro do gerenciamento de

materiais; Competências requeridas do enfermeiro para atuação no GM; e

Desenvolvimento de competências para o GM.

Para o melhor entendimento da categoria relacionada às atividades

desenvolvidas pelo enfermeiro, as subcategorias compostas pelos grupos de

atividades foram distribuídas entre as etapas do fluxo de GM em uma instituição:

Programação, Compra, Recebimento, Armazenamento, Distribuição e controle,

conforme proposto por Castilho e Gonçalves (2011) e demonstrado por meio da Figura

1 (página 14).

Os compilados dos resultados, com as categorias temáticas, subcategorias, e

unidades de registro são expostos na sequência (Quadro 4).

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS UNIDADES DE REGISTRO

Contexto de atuação do enfermeiro do GM

Inserção do enfermeiro no GM

Em consequência de condições limitantes para atuar na assistência. Como aditivo a outra função desempenhada

Em decorrência de experiências prévias Amplitude de atuação do enfermeiro do GM Etapas do GM nas quais o enfermeiro atua

Formas de atuação do enfermeiro - Direta e Indireta

Atividades desenvolvidas pelo enfermeiro do GM

Programação

Dimensionamento dos recursos materiais

De unidades em funcionamento

Para ampliação e abertura de novas unidades Gerenciamento do banco de dados

de produtos

Revisão dos itens cadastrados Cadastro de novos produtos Confecção de descritivos técnicos Participação em comissões afins ao GM

Padronização de rotinas para avaliação de produtos Elaboração do termo de referência

Compra Avaliação de produtos

Em licitações

Para a pré-qualificação de produtos

Em parceria com os usuários nas unidades assistenciais

Armazenamento Orientação para a armazenagem dos produtos

Distribuição e

controle Tecnovigilância

Recebimento de queixa técnica Análise de queixa técnica

Medidas para contenção/resolução das queixas técnicas Notificação do produto no NOTIVISA

Como parâmetro de seleção de fornecedores Elaboração de projetos para captação de recursos do governo

Educação permanente da equipe. Competências requeridas do enfermeiro do GM Planejamento e organização Trabalho em equipe Gestão de recursos Desenvolvimento de competências para o GM

Experiência na prática profissional

Com o tempo de experiência na profissão Na prática assistencial

Interesse pessoal

Experiência em atividades afins ao GM

Participação em atividades de Comissão de Padronização Em atividades junto a ANVISA

Com outros enfermeiros do GM

Com o profissional da Gerência de Risco Interesse pessoal e educação permanente QUADRO 4: CATEGORIAS TEMÁTICAS E SUBCATEGORIAS DE ANÁLISE.