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Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo. De acordo com Moraes (1999), a análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise conduz a descrições sistemáticas, ajudando a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados em um nível que vai além de uma leitura comum. Para Mozzato e Grzybovski (2011), quando a análise de conteúdo é escolhida como procedimento de análise mais adequado, como em qualquer técnica de análise de dados, os dados em si constituem apenas dados brutos, que só terão sentido ao serem trabalhados de acordo com uma técnica de análise apropriada.

Bardin (2011) refere-se à análise de conteúdo como um conjunto de instrumentos metodológicos que se aperfeiçoa constantemente e que se aplica a discursos diversificados. Segundo a definição de Berelson (1952), a análise de conteúdo é uma técnica de investigação para a descrição objetiva, sistemática e qualitativa do conteúdo manifesto da comunicação. A análise de conteúdo é uma das técnicas mais comuns na investigação empírica realizada pelas diferentes ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise textual que se utiliza de questões abertas de questionários e, no caso, de entrevistas, portanto, indicado para a análise dos dados deste estudo.

Um texto pode ter diferentes interpretações. Sobre esse aspecto, Olabuenaga e Ispizúa (1989) destacam que o sentido que o autor pretende expressar pode coincidir com o sentido percebido pelo leitor ou poderá ser diferente de acordo com cada leitor. Um mesmo autor poderá emitir uma mensagem, sendo que diferentes leitores poderão captá-la com sentidos diferentes. Além disso, um texto pode expressar um sentido do qual o próprio autor não esteja consciente.

De acordo com Bardin (2011), as principais etapas da análise de conteúdo são as seguintes: descrição das características do texto ou pré-análise, tratamento dos dados através de inferências e interpretação e a análise dos dados através das inferências. Cada uma dessas etapas foi descrita e especificada na Figura 3.

Figura 3: Etapas da análise de conteúdo

Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base em Bardin (2011)

Na 1ª etapa, conforme Bardin (2011), ocorre a descrição das características do texto ou pré-análise, em que se organiza o material a ser analisado com o objetivo de torná-lo operacional, sistematizando as ideias iniciais. Nesse momento, de posse das entrevistas transcritas, a pesquisadora realizou uma leitura minuciosa e repetida do material, de modo a estabelecer o primeiro contato com as informações coletadas. Mozzato e Grzybovski (2011) classificam essa descrição em quatro fases distintas:

● Fase 1: contato com os documentos da coleta de dados, em que se começa a conhecer o texto (leitura propriamente).

● Fase 2: escolha dos documentos, que consiste na demarcação do que será analisado. Nessa fase, iniciou-se uma seleção preliminar dos textos que seriam utilizados como base para a análise.

● Fase 3: formulação das hipóteses e dos objetivos. Nessa fase, a partir da retomada do que foi proposto no problema e nos objetivos da pesquisa, prepara-se a fase seguinte.

● Fase 4: determinação de indicadores por meio de recortes de texto nos documentos de análise. Nessa última fase da 1ª etapa, os documentos contendo

todas as entrevistas transcritas já estão com seus trechos para análise mais categórica demarcados, possibilitando a realização da 2ª etapa da análise.

Na 2ª etapa, ocorre o tratamento dos dados através de inferências (BARDIN, 2011). Esse procedimento consiste na exploração do material com a definição de categorias. É nessa etapa que se determina a qualidade das interpretações e inferências que poderão ser realizadas (MOZZATO e GRZYBOVSKI, 2011).

A partir disso, a pesquisadora buscou estudar mais profundamente o material coletado, orientando-se pelo referencial teórico e pelas categorias definidas. Além das categorias previamente definidas, surgiram outras não esperadas no relato dos entrevistados, o que enriqueceu o estudo e proveu novos resultados, que também foram classificados.

Na 3ª e última etapa, foi realizada a interpretação e a análise dos dados através das inferências, ou seja, o tratamento dos resultados (BARDIN, 2011).

Mozzato e Grzybovski (2011) destacam que é nessa etapa que ocorre o destaque das informações para análise. Com isso, a pesquisadora realizou a análise reflexiva e crítica do conteúdo identificado, conforme é apresentado no próximo capítulo.

Com base nas informações coletadas nas entrevistas e na posterior análise e interpretação, foi possível propor um guia de boas práticas a ser seguido para a gestão de projetos colaborativos U–E. Na Figura 4, estão esquematizadas todas as etapas da pesquisa, desde sua definição, passando pela seleção, coleta e análise dos dados (anteriormente detalhada), até as considerações finais.

Figura 4: Processo metodológico para realização do estudo

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Após a apresentação dos procedimentos metodológicos da pesquisa, fica concluído o presente capítulo. Dando seguimento, será apresentada a análise e interpretação dos resultados da pesquisa, por meio da análise dos quatro projetos objetos de estudo deste trabalho e uma análise comparativa entre eles no final.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

No presente capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa realizada.

Primeiramente é apresentada uma breve descrição da caracterização dos participantes da pesquisa. As entrevistas em profundidade foram transcritas para que fosse possível analisar os dados coletados na pesquisa. A partir da análise das informações obtidas por meio dos relatos de pesquisadores, empresários e gestores dos projetos nas universidades, foi possível identificar as variáveis que contribuem para que um projeto colaborativo possa ser bem sucedido. Finalizando, é feito um comparativo com a proposição de um guia de boas práticas a ser seguido para a gestão dos projetos colaborativos U–E.

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