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3.3 Relatos de Experiência: Educação patrimonial na Turma 7° A ano A

3.3.1 Análise das Atividades Produzidas Pelos Estudantes

No dia dezesseis (16) de maio de 2017 passamos para a segunda fase da proposta: A etapa de registro. Utilizando atividade escrita com questões subjetivas, os alunos eram questionados sobre o tema das aulas-oficinas. Com a primeira pergunta intencionava-se saber se eles captaram o conceito de patrimônio como bens que de natureza material e imaterial. Para isso perguntou-se: O que é um bem?

Observemos na integra as respostas dadas a essa questão pelos alunos, aqui identificados pelas Iniciais dos seus respectivos nomes:

São todas as coisas que possuímos. (J.C.)

Um bem é tudo que você possui. Por exemplo, minha casa é um bem que é meu. (V.C.)

O bem é aqui que atribuímos valor na nossa vida pessoal e que passa de geração em geração. (C. A.)

É algo que pertence a alguém (Aluno K.B)

A segunda pergunta que fizemos aos alunos foi: Quais são seus bens? Com ela ambicionava-se saber se os mesmos conseguiam citar mais que objetos de usufruto cotidiano e ampliariam a definição de bens para coisas e eventos que tem importância para sua memória pessoal, familiar e para a sua identidade. Vejamos as respostas:

Minha família, minha vida, meu carro, minha casa. Enfim, tudo que tenho. (L.S) Minha casa, minha família, minha rua, meu celular e etc. (Aluno W.G).

Todo ano temos um encontro de família, para reencontrarmos os parentes distantes (J.).

São coisas que me pertencem, como meus sapatos, roupas, cadernos e etc. (M.N) Pôde-se perceber que há uma abrangência de respostas. Há alunos que citaram apenas

bens materiais e outros que conseguiram abranger a imaterialidade das coisas para quais se atribui valor. Na aula anterior tínhamos deixado claro que os bens de uma pessoa incluem elementos não materiais e intangíveis. O que garante os valores atribuídos aos bens culturais é a subjetividade dos indivíduos em relação a eles. Nenhum objeto, lugar, ou documento tem valor apenas pela sua materialidade. É a relação de afetividade desenvolvida pelas pessoas que os tornam importantes. Senão tudo e qualquer coisa seria patrimônio e não é bem assim. Em uma esfera particular, sabemos que uma pessoa pode ter inúmeras peças de roupas, mas a utilizada na sua formatura, no seu batizado, no seu casamento terá conectada a ela uma carga de sentimento que a torna diferente de todas as outras peças que possua. Este é o valor conferido pela subjetividade, que torna até um item de vestuário um local de memória, numa visão bem dilatada do conceito defendido por Pierre Nora. O mesmo vale para o patrimônio coletivo e nesta mesma concepção, da não separação da materialidade e imaterialidade do patrimônio histórico, Paula Silveira de Paoli afirma:

Apesar dessa divisão hoje consolidada, também do ponto de vista legal, entre patrimônio material e imaterial, o estudo das transformações sofridas pela noção de patrimônio histórico (material), desde o renascimento, que culmina com a preservação efetiva de certos edifícios, teria implicações importantes do ponto de vista conceitual. A partir da constatação de que essa prática é produto de uma construção histórica, poder-se-ia dizer que o que distingue, hoje, o chamado “patrimônio material” do chamado “patrimônio imaterial” não é o fato de um possuir matéria e o outro não. Porque o fato de determinado bem ser considerado patrimônio histórico “material” não decorre de nenhuma propriedade inerente á sua matéria, por mais preciosa essa possa parecer. A noção de patrimônio é um valor construído culturalmente atribuído a esses bens, e não possui natureza material. (DE PAOLI, 2012, p. 174)

A afirmação de Paoli (2012) nos permite afirmar que, apesar do Aluno D ter citado apenas bens de natureza material de uso cotidiano, não quer dizer que tais bens não possam carregar um valor atribuído pela subjetividade. Já do Aluno C, ao citar uma comemoração familiar como uma referência, percebe-se que internalizou uma das premissas básicas do conceito de patrimônio, no qual se afirma que ele é constituinte da identidade do grupo ou que

ele nos permite ser o que somos. Portando, ao escolher tal evento como um bem o aluno

assegura que o mesmo é uma tradição que reforça os laços e a identidade familiar.

A última questão pedia que os alunos fizessem uma representação da Feira Livre de Colinas da forma que preferissem. Poderiam escolher entres textos, desenhos, poesia, maquete. O Aluno Thierry Felipe, que vamos citar o nome para preservar a posse intelectual, fez esta poesia:

A Feira de Colinas Aos domingos em colinas É quando acontece a feira

Apesar de não ser grande Atende a cidade inteira Onde muitos compram carne Para assar na churrasqueira No vai e vem da feira O que eu pude perceber Uns estão para comprar Outros estão para vender Tem muito para pechinchar Outros estão só pra ver Lá na feira encontramos Direto do produtor Frutas de muitas espécies Coisa de grande valor Verde, fresquinho da hora Com proteínas e sabor. De tudo a gente encontra Quando a feira está boa Milho, feijão e farinha. Carne de vaca e leitoa Mas a intensão de muitos É prosear com as pessoas

(Thierry Felipe. Arquivo da autora, 2017) O aluno E preferiu representar a feira por intermédio do desenho.

Figura 1- Desenho Representando a Feira Livre produzido por aluno.

Fonte: Arquivo da autora, 2017.

Observa-se que o aluno D representou várias características da feira. Podemos ver a representação dos produtos da terra: frutas, legumes e verduras e as barracas de culinária, ali representada por uma panela e alguns copos. No plano baixo ele representou as barracas de itens de vestuário que também são encontrados na feira.

Três alunos fizeram maquetes. Mas, representando o que acontece frequentemente no dia a dia da escola, em que produzimos uma gama rica e variada de atividades, mas sem a prática e o cuidado de registrá-las e dando um exemplo do que não fazer: Guardamos as maquetes no almoxarifado, sem fotografá-las. Quando voltamos para recuperá-las a equipe de manutenção da escola as tinha descartado.