Capítulo V Inovação no Sector da Construção Análise CIS IV
5.2 Comparação do Sector da Construção Português com os outros sectores de
5.2.2 Análise das Barreiras à inovação em empresas inovadoras e não
Nesta secção é feita uma análise com base nos dados do CIS IV, no que se refere às empresas com actividades de inovação que citaram vários factores de impedimento das actividades de inovação como sendo de “importância alta”, no período de 2002 - 2004 em Portugal.
A tabela abaixo exposta reflecte os factores de impedimento à inovação em Portugal, nas diferentes actividades económicas, sendo os mesmos referidos como de “importância alta” pelas empresas inovadoras, durante o período de 2002-2004.
Analisando a tabela 13, pode-se concluir que as empresas inovadoras citam como maiores obstáculos à inovação a falta de informação sobre tecnologia e sobre os mercados, tanto as Indústrias, como as de Serviços, dando a Construção, além da falta de informação (34%), uma maior importância a um dos factores económicos, nomeadamente a insuficiência de capitais próprios ou de grupo a que pertence (31%). Daqui pode-se concluir que este sector da construção talvez não invista tanto na inovação como deveria, por falta de informação adequada sobre a importância de inovar nas empresas para que se tornem mais competitivas e conseguirem fazer face ao mercado que as rodeia.
Denote-se que no que concerne aos factores económicos, nomeadamente a Insuficiência de capitais próprios ou de grupo a que pertence; a Falta de financiamento de fontes externas e os custos com a inovação demasiado elevados; foram referidos pelas empresas, principalmente as de serviços e indústrias, como as barreiras menos vezes citadas como de “importância alta”.
Christensen (1997) usou os dados do CIS29 I para analisar o que caracterizava as empresas que se viam limitadas nas suas actividades de inovação devido à falta de financiamento. Ele conclui que as empresas altamente inovadoras são mais propensas a ter impedimentos por falta de financiamento. É muito menos evidente que por pertencer a um sector de alta-tecnologia, pode ele próprio explicar os obstáculos ao financiamento.
Usando uma abordagem semelhante, Canepa e Stoneman (2003) aplicam dados derivados do CIS II para analisar os obstáculos económico/financeiros na inovação e descobrir que efectivamente as novas indústrias de alta-tecnologia são particularmente limitadas.
29 Community Innovation Survey I
Tabela 13 - Empresas com actividades de inovação que citaram os seguintes factores de impedimento das actividades de inovação como sendo de “importância alta”, no
período de 2002 - 2004 em Portugal
Actividades Económicas (%) Barreiras - Empresas com actividades de
Inovação Indústria Serviços Construção
Factores Económicos
Insuficiência de capitais próprios ou do grupo
a que pertence 13 15 31
Falta de financiamento de fontes externas 16 14 24
Custos com a inovação demasiado elevados 9 12 19
Factores Internos
Falta de pessoal qualificado 24 26 29
Falta de informação sobre tecnologia 34 32 34
Falta de informação sobre os mercados 33 29 26
Dificuldade em encontrar parceiros para
cooperação em projectos e inovação 21 21 17
Mercado Dominado por empresas
estabelecidas 22 21 18
Incerteza na procura/mercado para os bens
ou serviços novos 20 19 17
Outros Factores
Desnecessário por já existirem inovações
anteriores 28 26 31
Desnecessário pela inexistência de
procura/mercado para inovações 26 23 34
Fonte: OCES/MCTES, CIS 4
Tal como se observa na tabela 13 as empresas inovadoras do sector da construção também referem como barreiras à inovação os denominados “outros factores”, ou seja, referem que a inovação torna-se desnecessária por existirem inovações anteriores (31%) e desnecessária pela inexistência de procura/mercado para inovações (34%).
Através destes dois factores pode-se verificar que as empresas de construção muitas vezes não inovam por acharem que é desnecessário este tipo de despesa, ou porque o mercado não o pede ou porque já inovaram anteriormente.
Aqui mais uma vez vê-se a ligação com a pouca percentagem de despesa existente neste sector, apesar de haver um elevado número de empresas com actividades de inovação no sector da construção .
Tabela 14 - Empresas sem actividades de inovação que citaram os seguintes factores de impedimento das actividades de inovação como sendo de “importância alta”, no
período de 2002 - 2004 em Portugal
Actividades Económicas (%) Barreiras - Empresas sem actividades de
Inovação Indústria Serviços Construção
Factores económicos
Insuficiência de capitais próprios ou do grupo
a que pertence 12 16 10
Falta de financiamento de fontes externas 16 17 15
Custos com a inovação demasiado elevados 8 9 8
Factores Internos
Falta de pessoal qualificado 23 18 24
Falta de informação sobre tecnologia 30 26 38
Falta de informação sobre os mercados 30 27 27
Dificuldade em encontrar parceiros para
cooperação em projectos e inovação 19 15 22
Mercado Dominado por empresas
estabelecidas 18 17 16
Incerteza na procura/mercado para os bens
ou serviços novos 16 19 10
Outros Factores
Desnecessário por já existirem inovações
anteriores 27 23 19
Desnecessário pela inexistência de
procura/mercado para inovações 24 21 14
Já a tabela 14 reflecte os factores de impedimento à inovação em Portugal, nas diferentes actividades económicas, sendo os mesmos referidos como de “importância alta” pelas empresas não inovadoras, durante o período de 2002-2004.
Ao observar-se esta tabela, conclui-se que as empresas sem actividades de inovação das diferentes actividades económicas (indústria, serviços, construção), deram relevante importância a dois dos factores internos, como factores de impedimento às actividades de inovação, nomeadamente a falta de informação sobre tecnologia e a falta de informação sobre os mercados. Dando o sector da construção um especial ênfase à falta de informação sobre as tecnologias (38%), como factor impeditivo de inovar. Mais uma vez se verifica que a falta de informação revela-se impeditivo à inovação no sector da construção, fazendo com que este sector não invista adequadamente na inovação para as suas empresas. Há um desconhecimento generalizado sobre mercados, tecnologias e a relevância de investir na inovação.
5. 3. Comparação sector da Construção com outros países da Europa -Análise