• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV: PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA NA TURMA A DO

2. Análise das metas curriculares propostas para a lecionação da unidade

Debruçar-nos-emos agora sobre o programa da disciplina aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa em abril de 2014.

Estamos conscientes de que, apenas conhecendo aprofundadamente o programa se pode ser bom professor, se podem criar propostas de aprendizagem de acordo com as necessidades e realidades dos alunos e das escolas.

Assim, antes de analisarmos as quatro metas curriculares216 propostas para a unidade letiva em estudo, deixamos aqui as finalidades217 da disciplina de EMRC.

O aluno, com a frequência continuada, da disciplina de EMRC, deverá conseguir alcançar as seguintes finalidades:

– “Aprender a dimensão cultural do fenómeno religioso e do cristianismo, em particular; – Conhecer o conteúdo da mensagem cristã e identificar os valores evangélicos;

– Estabelecer o diálogo entre a cultura e a fé; – Adquirir uma visão cristã da vida;

– Entender e protagonizar o diálogo ecuménico e inter-religioso;

– Adquirir um vasto conhecimento sobre Jesus Cristo, a História da Igreja e a Doutrina Católica, nomeadamente nos campos moral e social;

– Aprender o fundamento religioso da moral cristã;

216 A análise que faremos segue o programa da disciplina, conforme desenvolvido para a unidade letiva 4 do quinto ano de escolaridade, “Construir a Fraternidade”, em SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 60-61.

217 “As finalidades de uma disciplina constituem um dos elementos essenciais do currículo escolar, (…) a partir das intenções da disciplina e dos professores que a lecionam; e a partir dos alunos, entendendo-as como as grandes metas a alcançar ou aquisições globais a adquirir por aqueles que frequentam a EMRC com continuidade e longa duração”, cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 4.

81

– Conhecer e descobrir o significado do património artístico-religioso e da simbólica cristã;

– Formular uma chave de leitura que clarifique as opções de fé;

– Estruturar as perguntas e encontrar respostas para as dúvidas sobre o sentido da realidade;

– Aprender a posicionar-se, pessoalmente, frente ao fenómeno religioso e agir com responsabilidade e coerência”218

.

Partindo das finalidades da disciplina, foram elaboradas as metas curriculares219, que enunciam expectativas gerais quanto à aprendizagem do aluno. As metas fornecem uma visão, o mais objetiva possível, daquilo que se pretende alcançar, facilitando assim o ensino, permitindo que os professores se centrem no essencial e ajudando a delinear melhor as estratégias de ensino.220 As metas curriculares só poderão ser totalmente atingidas pelos alunos após a conclusão de todo o percurso escolar, pois é com a aquisição cumulativa e interativa dos objetivos que os alunos interiorizam as metas. Assim, “para cada unidade letiva, as metas curriculares permitem a definição de um conjunto de objetivos programáticos e estes articulam-se em torno de um conjunto de conteúdos”221. A articulação dos objetivos222 com os conteúdos determina as estratégias/atividades de aprendizagem e fornece elementos para a elaboração de instrumentos de avaliação.

Analisaremos, agora, cada uma das metas curriculares propostas para a unidade letiva em estudo. A meta curricular Q diz que o aluno tem de ser capaz de “reconhecer, à luz da mensagem cristã a dignidade da pessoa humana”, enquadrada no domínio223

“ética e moral”. Esta meta é transversal a todos os ciclos de ensino, não estando presente no 1.º, 2.º e 6.º ano

218 CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Educação Moral e Religiosa Católica – Um valioso contributo para a formação da personalidade. 2006, nº 10; SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 5.

219 O Despacho 5306/2012 de 18 de abril, in Diário da República, II Série, n.º 77, 2012, 13952-13953, afirma que “o desenvolvimento do ensino será orientado por metas curriculares, nas quais são definidos de forma consistente os conhecimentos e as capacidades essenciais que os alunos devem adquirir, nos diferentes anos de escolaridade ou ciclos e nos conteúdos dos respetivos programas curriculares”.

220 Cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 6.

221 Ibidem, 9. 222

Os objetivos programáticos são enunciados do tipo de resultados de aprendizagem que se esperam da lecionação de determinados conjuntos de conteúdos, cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 9. 223 Os domínios de aprendizagem são áreas de ensino que a disciplina compreende e que agregam os padrões

curriculares daquilo que o aluno deve conhecer e do que o aluno deve saber fazer; determinam-se a partir das suas finalidades e do estatuto epistemológico da Teologia e das Ciências da Religião, cf. SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Programa de Educação Moral e Religiosa Católica, Gráfica Almondina, Lisboa, 2014, 8.

82

de escolaridade. Pretende-se que o aluno reconheça a igual dignidade de todo o ser humano, fundamento para a compreensão e vivência do valor da fraternidade. Propõe o significado da palavra fraternidade e o seu alcance social e religioso. O valor da fraternidade é justificado a nível científico: “somos todos habitantes da mesma casa: o Universo e a terra são o nosso lar” e “todos somos seres humanos”; a nível antropológico: “todos somos dotados de razão e consciência” (DUDH); e a nível religioso: “todos somos filhos de Deus”.

A meta curricular seguinte, proposta para a unidade letiva, é a meta G, que refere que o aluno tem de ser capaz de “identificar os valores evangélicos”, do domínio “cultura cristã e visão cristã da vida”, está presente em todos os anos de ensino à exceção do 1.º e 3.º anos de escolaridade. Através do exemplo das primeiras comunidades cristãs pretende-se levar os alunos a conhecer os valores da fraternidade, da solidariedade e da cooperação; compreendendo que todos somos filhos do mesmo Pai e, portanto, todos somos irmãos. Pretende-se, igualmente, levar os alunos a reconhecer os atentados contra a dignidade da pessoa humana, bem como as fragilidades e ameaças à fraternidade.

A meta curricular N, “promover o bem comum e o cuidado do outro”, do domínio “ética e moral”, é comum a todos os anos à exceção do 4.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade. Sugere- se como operacionalização que o aluno oriente o seu comportamento, em situações do quotidiano, com vista à construção de um mundo mais fraterno, promovendo a concórdia nas relações interpessoais. Esta meta significa que o aluno, de acordo com o método da disciplina, fundamentalmente existencial e hermenêutico, seja capaz de, a partir da realidade, face à interpretação cristã, realizar um juízo pessoal, para mobilizar em situações do dia-a-dia, os princípios e valores aprendidos.

Seguidamente, o programa considera a meta curricular L, “estabelecer um diálogo entre a cultura e a fé”, do domínio da “cultura cristã e visão cristã da vida”. Esta meta é, igualmente, desenvolvida em todos os ciclos de ensino, não estando presente no 1.º, 3.º, 4.º e 6.º anos de escolaridade. Pretende que o aluno se comprometa com a construção de um mundo mais fraterno, promovendo o bem comum e o cuidado do outro. O aluno deve ser capaz de pôr em prática o valor da fraternidade, no mundo atual, sendo solidário e perdoando o outro. O aluno deve mobilizar os valores organizados anteriormente, como sejam a fraternidade, a igualdade, a solidariedade, a cooperação, o perdão, orientando com eles o seu comportamento.

83

Depois desta apresentação das metas curriculares, dirijamos a nossa atenção, de seguida, para a reflexão decorrente da planificação desenvolvida para a lecionação da UL 4 do 5.º ano de escolaridade, a justificação das opções metodológicas e a avaliação da mesma.