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2.1 Representação Temática da Informação

2.1.1 Indexação

2.1.1.1 Análise de Assunto

Antes de qualquer coisa, faz-se necessário que se tenha em mente que a Análise de Assunto não se constitui no simples fato de ler um documento superficialmente e decidir arbitrariamente o assunto do mesmo. Essa primeira etapa será crucial para que todo o processo de representação (indexação) ocorra de forma eficiente.

A análise de assunto, de modo geral, se constitui na subetapa mais importante da indexação de assuntos, pois é a análise, como o próprio nome indica, do assunto que é tratado em um documento. Silva e Fujita (2004, p. 149) a esse respeito ressaltam que “A determinação do tema ocorre, na leitura documentária, mediante análise conceitual para identificação dos conceitos presentes no conteúdo textual.”.

O termo assunto foi traduzido do inglês aboutness, por esse motivo encontra-se, na literatura da área de representação temática da informação (indexação), um relacionamento entre os termos: assunto, aboutness, tematicidade e atinência5. Este último pode ser encontrado comumente no livro intitulado “Análise de assunto” de Dias e Naves (2007).

Encontra-se na literatura nacional autores que usam o termo tematicidade e outros que utilizam do termo atinência para se referirem ao aboutness do documento, ao assunto do documento. Ainda sobre o uso desses termos, bem como os seus significados Begthol (1986 apud SILVA e FUJITA, 2004, p. 149) ressalta que “o documento tem uma tematicidade/atinência que lhe é relativamente permanente, porém um número variado de

5 Termo utilizado para designar aquilo de que trata o conteúdo substantivo de uma obra, ao invés de se preocupar tanto, a princípio, com a forma ou o suporte em que a informação esta registrada. Dias e Naves (2007) ressaltam que o texto possui uma atinência relativamente estável, permanente, no entanto esse mesmo texto possui um número variado de significados. Esse texto pode ter um significado para um usuário em um determinado tempo de sua vida e possuir outro totalmente diferente em outra época. Enquanto que a atinência de um determinado documento permanece estável no tempo. O que vai variar é o significado que o usuário irá fazer daquela atinência.

mensagens ou significados que podem ser medidos, conforme o uso exato do documento para o usuário.”. Encontram-se alguns autores que falam de tematicidade intrínseca e tematicidade

extrínseca. Assim, a tematicidade intrínseca refere-se ao conteúdo permanente do documento

e a tematicidade extrínseca refere-se às diferentes interpretações que podem ser dadas ao conteúdo permanente do documento, referindo-se a questões como, por exemplo, como o documento poderá ser utilizado, para quais necessidades informacionais ele será útil, para qual clientela ele servirá, etc. (SILVA, FUJITA, 2004).

De acordo com Dias e Naves (2007) a análise de assunto constitui-se de três momentos. São eles: Leitura técnica do documento; Extração dos conceitos e

Determinação da atinência. Somente depois dessas etapas é que se passa para a tradução.

Essa análise de assunto é proposta por Vieira (1988) com a denominação de “análise intelectual”.

Para Vieira (1988) a “análise intelectual” (análise de assunto) é dividida em três fases, sendo a primeira, a compreensão do conteúdo do documento através de leitura do

documento, a segunda, a identificação dos conceitos principais, e a terceira, a seleção dos conceitos, levando em consideração a exaustividade, especificidade e a consistência. Verifica-

se que, apesar da existência de algumas diferenças em termos de nomenclatura, essas três atividades mencionadas por Vieira são semelhantes às três colocadas por Dias e Naves (2007). Apesar de semelhantes, serão expostos nessa subseção o entendimento e os conceitos colocados por esses dois autores, Dias e Naves (2007), com a complementação de outros autores também.

Com base em sua capacidade e em seus conhecimentos prévios o indexador irá iniciar o processo de análise de assunto pela Leitura Técnica do Documento (Primeiro momento). Essa leitura técnica constitui-se de uma leitura do conteúdo do documento. Segundo Lancaster (1993), a leitura técnica é um mister de ler e passar os olhos pelo texto. O propósito da leitura técnica feita pelo indexador é o mesmo da que é feita por um usuário final que é o de assimilar o conteúdo do documento, com uma característica adicional, que é o fato de que o indexador tem que assimilar esse conteúdo de forma a conseguir representá-lo posteriormente nas etapas sucessivas desse processo.

A análise das partes mais informativas de um documento pode fornecer contribuições relevantes para a identificação de seu conteúdo Depois da Leitura técnica do documento passa-se para a Extração de conceitos (Segundo momento).

Depois de ter analisado as partes mais “importantes” do documento e com isso tenha se chegado a um entendimento do que trata o documento, o indexador irá extrair os conceitos do documento resultando em um determinado “assunto” ou “assuntos”.

Finalizando a Extração de conceitos, passa-se para o terceiro momento dentro da análise de assunto que é a Determinação da atinência. Esse terceiro momento constitui-se de selecionar os conceitos que realmente sintetizam o conteúdo do material que esteja sendo indexado. Nesse ponto inicia-se um processo linguístico, e é aí que recai o problema de como a linguagem é utilizada na descrição para posterior recuperação.

Nesse terceiro momento da Análise de Assunto é preciso distinguir e ao mesmo tempo relacionar os conceitos de atinência e de significado, os quais já foram mencionados neste trabalho.

Uma característica peculiar da Análise de Assunto que merece ser mencionada aqui é o seu caráter interdisciplinar. O profissional indexador ao realizar a análise de assunto está pensando e interpretando, levando em consideração vários fatores, como, a necessidade de seus usuários, a política da instituição a qual pertence, e o vocabulário utilizado para mediação entre o documento e o usuário. Ao desempenhar essa complexa atividade, o indexador sofre influência de fatores de diversos campos do conhecimento, como, por exemplo, influências advindas da linguística, da ciência cognitiva e da lógica. (DIAS; NAVES, 2007).

A respeito das contribuições que a linguística, a lógica e a ciência cognitiva vem trazendo para a análise de assunto, encontra-se na literatura autores com estudos mais aprofundados, como, por exemplo, Pinto Molina (1994), Kobashi (1996), Naves (2000), Silva e Fujita (2004), entre outros.

Ao final dessa terceira etapa, o indexador terá em mente, com base em todo esse processo intelectual, o entendimento do que trata o documento, e poderá passar para a segunda etapa da indexação, vista mais adiante.