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CAPÍTULO VI ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DE

3. Análise de conhecimentos adquiridos/competências desenvolvidas

O presente ponto pretende apresentar resultados quantitativos que, numa perspetiva avaliativa institucional formal, apoiem quantitativamente resultados previamente apresentados e corroborem o a existência de desenvolvimento do ‘Eu Musical’ dos alunos envolvidos na investigação-ação.

Ao se referirem a uma visão essencialmente cognitivista em Educação e, por isso, algo distante do enquadramento teórico-epistemológico e de teorização de base do ‘Eu Musical’ (MoMEuM), os dados apresentados visam averiguar a aquisição de conhecimentos e o consequente desenvolvimento de “Competências Essenciais: Música - Currículo Nacional do Ensino Básico / Metas da Aprendizagem”229 definidas pelo Ministério da Educação português para a disciplina de Educação Musical no 2.º Ciclo do Ensino Básico. Nesse sentido, deve destacar-se que a planificação de todo o estudo, enquanto fase inicial do ‘modelo em espiral de investigação-ação’ de Kemmis & McTaggart (1988), se alicerçou nestes documentos orientadores, seus conteúdos e indicações programáticas de docência, com base em decisões tomadas em seio de Grupo disciplinar de Educação Musical, superiormente aprovadas em Departamento de Expressões e em Conselho Pedagógico da Escola na qual o estudo se desenvolveu.

Não sendo objetivo central do presente trabalho desenvolver um estudo relativo à avaliação da aquisição/desenvolvimento das referidas “Competências Essenciais/Metas da Aprendizagem”, os resultados reportam à ‘Prova Escrita de Avaliação Global’230, realizada no final do 6.º ano, pelos alunos que integraram este estudo no decurso dos dois anos letivos (ação - 2010/2011 e reaplicação do AFIMA - 2011/2012). Deve destacar-se, ainda, que apenas foram analisados resultados particulares referentes a estes alunos, dado não se pretender em nenhum momento desta investigação um estudo comparativo, e neste caso, entre turmas da escola.

229  Cf.  Anexo  23  (suporte  digital):  “Metas  de  Aprendizagem  -­‐  2.º  Ciclo  -­‐  Educação  Musical”  e  Anexo  24  (suporte  digital):  

Metas:  “Currículo  Nacional  do  Ensino  Básico  -­‐  Competências  Essenciais:  Música”.    

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O gráfico 9 apresenta os resultados obtidos, pela turma, na ‘Prova Escrita de Avaliação Global’.

Gráfico 9: Resultados percentuais obtidos na ‘Prova Escrita de Avaliação Global’

De um universo de vinte e dois alunos, destaque para o facto de dois alunos (números 2 e 22, respetivamente) se encontrarem ausentes aquando da realização da prova. Extrapolando esta circunstância, uma análise imediata permite verificar que a turma alcançou um sucesso de 100%231, dado todos os alunos terem obtido nota superior a 50% - menção qualitativa de ‘Satisfaz’ -. Numa primeira interpretação, este facto evidencia, numa perspetiva marcadamente cognitivista, que os alunos desenvolveram/adquiriram as “Competências Essenciais/Metas da Aprendizagem” previamante referidas. De uma análise e interpretação mais detalhadas, pode salientar-se que:

a) Apenas quatro alunos obtiveram a menção qualitativa de ‘Satisfaz’, sendo a classificação mais reduzida de 65,5%;

231  Para  informações  detalhadas,  Cf.  Anexo  8  (suporte  físico):  ‘Grelha  de  correção  -­‐  Prova  Escrita  de  Avaliação  Global’.  

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b) As classificações mais elevadas entre 92% e 92,5%, às quais corresponde a menção de ‘Excelente’, foram alcançadas por três alunos;

c) Resultados que oscilam entre os 70% e os 90% foram conseguidos pelos restantes treze alunos da turma (menção de ‘Satisfaz Bastante’);

d) A média global da turma é de 81,45%, à qual, qualitativamente, equivale a menção de ‘Satisfaz Bastante’.

Face ao supra exposto, pode afirmar-se que, aferidos através da ‘Prova Escrita de Avaliação Global’, os resultados globais de final de ciclo obtidos pela turma envolvida na investigação-ação são bastante satisfatórios (média de 81,45%). Esta evidência possibilita concluir que, em termos de avaliação institucional formal, os alunos desenvolveram/adquiraram, de forma bastante satisfatória, as “Competências Essenciais/Metas da Aprendizagem” definidas pelo Ministério da Educação português para a disciplina de Educação Musical no 2.º Ciclo do Ensino Básico.

3.1. Reflexões (dos alunos)

Tendo em linha de conta a referida importância de participação ativa dos alunos na fase de “Reflexão (4)” prevista no modelo de investigação-ação de Kemmis & McTaggart (1988), os alunos desenvolveram, no final de 2.º Ciclo (6.º ano), um breve self-report232 de auto-avaliação,

No que concerne à questão focada na forma como os alunos se sentiram no decurso das aulas de Educação Musical, salientam-se afirmações que se encontram intimamente ligadas às dimensões do ‘MoMEuM’ e, por conseguinte, à construção de conhecimento e ao desenvolvimento do ‘Eu Musical’:

“Senti-me bem, em forma!” (Elodie);

“Senti-me muito alegre e feliz, porque estas aulas são interessantes” (Diogo); “Senti-me feliz, alegre e sempre com vontade de participar” (Maria);

“Senti-me bem, senti-me feliz, senti-me contente, pois estas aulas fazem- me viver momentos felizes” (Mara);

“Senti-me bem e acho que devíamos ter mais vezes. Queria ter esta disciplina no 7.º ano” (Ariana); “Senti-me bem e com ritmo” (José);

232   O   self-­‐report   de   auto-­‐avaliação   apresentou   caráter   facultativo   de   resposta   e   compreendeu   duas   questões   (de  

189 “Senti-me muito bem porque trabalhámos quase sempre em grupo e as nossas ideias foram sempre importantes” (Ana);

“Bem, porque adoro atividades em conjunto” (Inês).

“Senti-me sempre bem, especialmente quando fizemos músicas com danças e laboratórios de música” (Alícia).

Com base no mesmo documento, os depoimentos seguintes referem-se às opiniões dos alunos sobre a importância que as atividades desenvolvidas tiveram no enriquecimento da sua personalidade (‘crescer como pessoa’) e no desenvolvimento do seu ‘Eu Musical’ (‘crescer musicalmente’):

“Sim, ajuda-me a crescer em todas as circunstâncias” (Diogo L.);

“Sim, porque trabalhar em grupo nos ajuda a ser mais unidos e respeitadores” (Mariana);

“Sim, porque assim aprendemos mais, enriquecemos a nossa cultura e convivemos com os nossos colegas e com o professor” (João F.);

“Eu acho que sim, porque aprendi muito mais sobre música e senti que fazia música” (Maria);

Sim, porque aprendo a tocar músicas e instrumentos novos e ficamos melhor psicologicamente” (Diogo P.);

“Sim, porque fiquei a saber muito sobre música que é uma das minhas coisas favoritas” (Marta);

“Sim, porque estamos a aprender e a crescer com os instrumentos” (Diogo F.); “Acho que sim, porque aprendemos várias coisas que podemos usar no futuro” (Flávia);

“Sim, musicalmente controlei o ritmo da música pois eu estava habituado a acelerar e como pessoa acho que melhorei e encontrei capacidades” (João P.).

Em suma, as declarações constantes do self-report de auto-avaliação coadunam- -se com os resultados obtidos nos indicadores de ocorrência de ‘experiências ótimas/estados de fluxo’ apresentados (FIMA e AFIMA) e permitem deduzir que, através da abordagem OS, a construção de conhecimento e o desenvolvimento do ‘Eu Musical’ (no quadro do ‘MoMEuM’) foram, para estes alunos, uma realidade.

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