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Análise de Conteúdo

No documento O manual e o ensino (páginas 51-54)

CAPÍTULO III – Metodologia

III.2. Análise de Conteúdo

A definição de análise de conteúdo vai ser apresentada segundo a perspetiva de vários autores. (Bardin, 2004; Cohen, Marion & Morrison, 2007; Berelson, 1952, citado em Koehler et al., 2007)

Bardin (2004) define a análise de conteúdo como um conjunto “técnicas de investigação que através de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações”. A análise de conteúdo para Bardin, encontra-se diretamente relacionada com os manuais, e a metodologia de análise pretende responder aos objetivos seguintes: Superar a Incerteza (por outras palavras, Será válida a leitura realizada?); Enriquecer a leitura (Uma leitura atenta poderá aumentar a pertinência e produtividade?). Esta análise apresenta duas funções: descoberta de conteúdos e de estruturas que confirmam o que se pretende demonstrar; esclarecimento de elementos – descrição de mecanismos que há priori não se tinha compreendido.

Bardin divide a caracterização do seu método em cinco partes: organização da análise, codificação, categorização, inferência e o tratamento informático.

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A organização da análise, caraterística implícita da análise de conteúdo, encontra-se organizada em torno de três polos cronológicos: 1. Pré-Análise: fase da organização propriamente dita. Pode ser constituída por quatro missões – a) leitura flutuante, b) escolha dos documentos a analisar, c) formulação de hipóteses e objetivos, d) elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação final; 2. Exploração do Material: operações de codificação, decomposição e enumeração, em função das regras previamente formuladas; 3. Tratamento de Dados, Inferência e interpretação. Os resultados em bruto são tratados de maneira a serem significativos e válidos. A codificação corresponde a uma transformação dos dados do texto em bruto, por por recorte, agregação e enumeração, numa representação do conteúdo, ou da sua expressão susceptível de esclarecer o analista acerca das características do texto. A categorização consiste fundamentalmente numa forma de classificar por diferenciação elementos constitutivos de um conjunto, sendo de seguida estes reagrupados segundo o género (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias reúnem um grupo de elementos sob um nome genérico com características comuns. O critério de categorização é muito lato, podendo ser, segundo Bardin, semântico, sintáctico, lexical ou expressivo, por exemplo. Para classificar os elementos em categorias é imperioso que eles possuam alguma parte comum, cuja existência vai permitir o agrupamento. No entanto, podem surgir processos de categorização que utilizem outros critérios.

Bardin (2004) ao referir a qualidade das categorias refere que a sua qualidade nem sempre é igual, isto é, a qualidade tanto pode ser boa como má. Este autor refere que será desejável que as categorias possuam as seguintes cinco qualidades: 1. Exclusão mútua – a construção das categorias deverá ser feita d forma que um elemento não possa de alguma forma ser incluída numa ou outra categoria; 2. Homogeneidade – as categorias devem ser organizadas segundo um único princípio de classificação, no mesmo de conjunto de categorias só se pode funcionar com um registo e com um dimensão de análise; 3. Pertinência – as categorias estarem adaptadas ao material de análise escolhido; 4. Objectividade e a fidelidade – ao ser elaborada uma grelha categorial, esta deverá ser codificada da mesma forma; 5. Produtividade – as categorias deverão fornecer resultados férteis em índices de inferências, em hipóteses novas e em dadaos exactos (pp.113 -114). Bardin (2004) ainda apelida a inferência

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na análise de conteúdo, de interpretação controlada e no tratamento informático, a mensagem é vinculada em que o emissor e recetor têm que recorrer a um meio de comunicação.

Cohen, Manion & Marrison (2007) definem a análise de conteúdo como um conjunto de procedimentos sistemáticos e restritos para a análise rigorosa, exame e verificação dos conteúdos de dados escritos. Já Krippendorp (citado em Cohen, Manion & Marrison, 2007) define a análise de conteúdo como uma técnica de pesquisa para realizar inferências replicáveis e válidas de textos para contextos de uso. Para ele, textos, são definidos como qualquer material de comunicação escrita que pretende ser lido, interpretado e compreendido por pessoas. Todo o processo de análise de conteúdo pode seguir onze passos: definir as questões de pesquisa que vão ser tratadas por análise de conteúdo; definir a população da qual as unidades de texto vão ser recolhidas; definir a amostra a ser incluída; definir o contexto da geração do documento; definir a unidade de análise; definir os códigos que vão ser usadas na análise; construção de categorias para a análise; conduzir a codificação e categorização dos dados; conduzir a análise dos dados; sumarização; fazer inferências especulativas.

A análise de conteúdo, segundo Berelson (1952, citado em Koehler et al., 2007), tem sido descrita como uma técnica de pesquisa para a descrição quantitativa, sistemática e objetiva do conteúdo de comunicação. Esta definição permite uma variedade de analises textuais que tipicamente envolve comparar, contrastar e categorizar um conjunto de dados. A análise de conteúdo pode envolver tanto análise de dados numéricos (quantitativos) como interpretativos (qualitativos) ou combinação de ambos. Este autor estabeleceu m conjunto de regras a que devem obedecer as categorais de fragmentação da comuninacção: Homogéneas – os elementos que cosntituem cada categoria possuem carateristicas diferentes; Exaustivas – esgotar a totalidade do texto; Exclusivas – um mesmo elemento do conteúdo não pode ser classificado aleatoriamente em duas categorias diferentes; Objetivas – codificadores diferentes devem chegar a resultados iguais; Adequadas e pertinentes – adpatadas ao conteúdo e ao objetivo. A análise de conteúdo tem sido usada para a análise de uma variedade de tipos de dados tais como registos audio, video ou transcrições de sala de aula, discusões, entrevistas, observações, notas de

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campo e mais recentemente comunicações mediadas por computador. (Mawrer, 1996, citado em Koeher et al., 2005)

No documento O manual e o ensino (páginas 51-54)

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