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4 DELIMITAÇÃO DO OBJETO, HIPÓTESES E MÉTODO DE

4.5 ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS

4.5.2 Etapa 2 : Estudo Empírico

4.5.2.4 Análise de Dados

Na análise de dados coletados por meio do COPSOQ e do QSG, utilizou-se o Statistical Package for Social Science (SPSS). FOR WINDOW, Versão 11.0.

? COPSOQ

As questões do COPSOQ, em sua maioria, apresentam cinco opções de respostas (sempre, freqüentemente, algumas vezes, raramente e nunca), com pesos que têm variação de 0, 25, 50, 75 e 100 pontos. Considerando o numero de participantes do estudo, estas respostas foram reagrupadas em três categorias : baixo nível – nunca/raramente (média de 0 –– | 1,7); médio nível – algumas vezes (média de 1,7 ––| 3,4) e alto nível – freqüentemente/sempre (média de 3,4 –– | 5,0).

Como recomenda Kristensen e Borg (2003), o valor de cada dimensão deve ser calculado pela média simples, não sendo consideradas as dimensões que obtiverem menos da metade das respostas nas respectivas questões, neste caso, são consideradas como falhas e, portanto, canceladas.

? QSG

Para avaliação do estresse psíquico, por intermédio do QSG, obteve-se o escore bruto do fator pela soma das respostas dadas a cada item. Em seguida, dividiu -se este total pelo número de questões que o fator contém (13), sendo considerados nulos protocolos com 10,0% (n=1) ou mais de questões não respondid as, não permitindo assim sua avaliação.

Na apuração das respostas, foi adotado o padrão sugerido por Pasqualli et al. (1996), atribuindo-se o valor “0” para os pontos 1 e 2 e o valor 1 para os pontos 3 e 4. Assim, o ponto de corte dos sintomáticos e não sintomáticos, neste sistema de apuração, se situa em ¾ pontos. O perfil sintomático é representado por fatores de saúde em que os escores se situam acima do percentil 90. Conforme esta norma, são consideradas limítrofes, respostas que se aproximam do percentil 90. Este ponto de corte foi definido considerando que há, aproximadamente, 10,0% de casos psiquiátricos em uma população considerada normal. Segundo o autor, o ponto de corte para os homens é de 2,62 e para as mulheres é de 2,92.

Para sua interpretação, utilizou-se a Tabela de normas dos escores sintomáticos (PASQUALI et al., 1996), em que as respostas foram avaliadas em função do gênero do respondente, considerado como relevante para a estrutura dos fatores, e expressas em termos de escores percentílicos correspondentes aos respectivos escores sintomáticos que compõem a média da soma das respostas dadas aos itens.

Analisou-se a associação dos fatores psicossociais no trabalho com a ocorrência de estresse e realizaram-se, também, análises estratificadas para avaliação de variáveis de interação ou mediadoras (sexo, idade, escolaridade, apoio social e estratégias de coping).

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O capítulo apresenta os resultados e a discussão dos dados obtidos e está estruturado em dois blocos: o estudo documental, caracterizando o modelo de gestão adotado no SESI-Ba, e o estudo empírico quando se procedeu à identificação dos fatores psicossociais do trabalho associados ao modelo de gestão adotado pela empresa, à analise da relação entre os fatores psicossociais inerentes ao modelo de Gestão do trabalho e a produção do estresse ocupacional, como também à identificação das estratégias de coping utilizadas pelos trabalhadores e sua relação com a produção do estresse, atendendo aos objetivos deste estudo.

5.1 O CASO SESI-BA: ESTUDO DOCUMENTAL

O Serviço Social da Indústria (SESI) é uma organização de direito privado, sem fins lucrativos, criado em 1946 pela Confederação Nacional da Indústria, com base no Decreto-Lei nº 9.043, de 25/06/46, que estabeleceu, como fonte de custeio, a contribuição compulsória dos estabelecimentos industriais, distribuídos com base na arrecadação de cada Estado. O Regional Bahia, criado em 1947, é uma unidade autônoma, em relação à estrutura nacional, e integ ra o Sistema da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que representa os interesses das indústrias baianas.

A criação do SESI se dá em um contexto econômico e empresarial de constituição de oligopólios, mediante a concentração e a centralização de capitais, configuração do padrão fordista de produção, marcado pela produção e consumo de produtos padronizados em larga escala. Num contexto de relativa estabilidade econômica e social, o SESI se consolida como instituição fundamental na formação da classe trabalhadora

brasileira, satisfazendo os interesses e desafios do bloco industrializante daquela época. Com a crise do padrão fordista de produção e do Estado do Bem-Estar Social , o SESI é forçado a repensar o seu papel, sua estrutura e sua ação.

Fundamentado na necessidade de contribuir com o processo de modernização e competitividade da indústria baiana, num contexto de abertura dos mercados, que pressiona as indústrias brasileiras a se configurarem em um ambiente que se caracteriza pela concorrência acirrada, o SESI-BA adota, em 1996, um novo modelo de gestão, o Modelo da Excelência (CHANLAT, 1995), tendo como referenciais o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), indicado entre as finalistas em 2002; o Prêmio Qualidade Bahia (PQB), baseado nos mesmos critérios do PNQ, embora com metodologia simplificada, tendo participado, em 1999, desta etapa regional com obtenção do prêmio Gestão Qualidade Bahia, recebendo diploma e troféu, e também o sistema de Garantia da Qualidade ISO 9000, com serviços certificados, a exemplo do Programa de Saúde e Segurança do Trabalho que funciona nas Unidades de Negócio pesquisadas.

Neste cenário empresarial da indústria brasileira, como enfatiza Calsing (2000), em que a competitividade, a modernização e a automação marcam a reestruturação produtiva com redução no nível de emprego e, por conseguinte, da receita compulsória, além da reforma fiscal que prevê mudanças na base de financiamento do SESI, cresce a preocupação com os resultados financeiros, passando-se a obter a complementação da receita com a comercialização dos serviços, ainda que a preços inferiores aos praticados pelo mercado.

Se, por um lado, seu sistema de gestão atual busca adequar-se às exigências da contemporaneidade, por outro, sua vinculação com o Estado Federativo/União influencia seus processos, a exemplo da sistemática orçamentária, definida com base na programática do Ministério do Trabalho, do sistema de compras por meio de licitações públicas e da prestação de contas da União, entre outros, caracterizando, por vezes, um modelo heterogêneo de gestão.