• Nenhum resultado encontrado

3.3. Regressões na condição com pressão de tempo

5.2.4. Análise de dados

Serão realizados dois tipos de análise dos dados. À semelhança do estudo de Bramão et al. (2011) pretendem-se analisar diferenças entre médias, através de ANOVAs para investigar efeitos principais de tarefa (standard vs. acelerada) e de formato do item (preto e branco vs. colorido), assim com potenciais efeitos de interacção entre condição de nomeação e formato do item apresentado. Estes efeitos serão analisados a nível de proporção de respostas correctas e TRs.

Além disso, e no seguimento do estudo anterior, pretende-se realizar regressões múltiplas com o objectivo de investigar o papel das variáveis estruturais estudadas anteriormente na nomeação de objectos coloridos. Nesta análise irá incluir-se como variáveis independentes, as quatro dimensões estruturais identificadas por Marques & Raposo (2011) – partes de objectos, detalhes internos, contornos dos objectos e variabilidade da representação – que são consideradas como possíveis

preditores do desempenho da nomeação. As variáveis dependentes medidas serão os TR e a proporção de respostas correctas. Serão realizadas análises de regressão separadas para a condição standard e para a condição com pressão de tempo, assim como para os objectos a cores e a preto e branco. O software utilizado será o R 2.12.1.

6. Conclusão

Esta investigação debruçou-se sobre o estudo do processamento de objectos e em particular sobre o papel das dimensões estruturais na nomeação de objectos. A nível teórico, esta investigação teve como objectivo clarificar o conceito de semelhança estrutural e testar o modelo em cascata de

Humphreys el at. (1998), um dos mais influentes na literatura. A nível mais prático, a identificação das variáveis estruturais que mais influenciam o reconhecimento de objectos pode ser útil para outros estudos, uma vez que esta base de dados tem sido largamente utilizada em vários contextos,

nomeadamente em estudos clínicos (em pacientes com perturbações de memória semântica, linguagem e reconhecimento de objectos), estudos desenvolvimentistas (ex. com crianças), inter-linguísticos etc.

Os resultados revelaram que as dimensões estruturais que determinam a precisão e a velocidade de resposta na nomeação de objectos os detalhes internos e a variabilidade da representação, tal como tinha sido observado no estudo de Marques & Raposo (2011). Especificamente, quanto maior a quantidade de detalhes internos e a variabilidade da representação de um determinado item, mais difícil é a sua nomeação. Os resultados sugerem que a quantidade de detalhes internos é um factor determinante no grau de semelhança estrutural entre objectos. Quanto maior o número de detalhes internos de um objecto, maior a sua semelhança estrutural com outros itens e consequentemente maior a competição e a dificuldade em nomeá-lo correctamente. Estes dados indicam também que variáveis de natureza mais top-down podem influenciar o processo de reconhecimento. De salientar que a

componente “variabilidade da representação” é formada por variáveis bastante diferentes entre si e que podem mesmo influenciar a nomeação de forma diferente. Por exemplo, a maior familiaridade visual de um objecto poderá facilitar a nomeação, enquanto que a variabilidade intra-item poderá dificultá-la. Um objectivo importante em estudos futuros consiste em entender como é que os diferentes factores influenciam o processo de nomeação, e se a sua influência incide nas fases mais iniciais

(reconhecimento) ou finais (acesso ao nome).

Outro aspecto central consiste em saber até que ponto estes resultados são generalizáveis a outros conjuntos de imagens, nomeadamente objectos apresentados a cores. É neste sentido que a proposta para o novo estudo procura explorar o papel da cor na nomeação de objectos e a interacção entre a cor e as restantes dimensões estruturais aqui estudadas.

Em conclusão, este estudo permitiu organizar de forma mais sistemática e parcimoniosa o conjunto de variáveis estruturais que influenciam a nomeação de objectos e clarificar quais as características que determinam a semelhança estrutural entre objectos.

7. Referências

Alario, F. X., Ferrand, L., Laganaro, M., New, B., Frauenfelder, U. H., & Segui, J. (2004). Predictors of picture naming speed. Behavior Research Methods, Instruments, & Computers, 36, 140-155.

Barbarotto, R., Laiacona, M., Macchi, V., & Capitani, E. (2002). Picture reality decision, semantic categories and gender: A new set of pictures, with norms and an experimental study. Neuropsychologia, 40, 1637-1653.

Bates, E., D’Amico, S., Jacobsen, T., Sze´kely, A., Andonova, E., Devescovi, A., et al. (2003). Timed picture naming in seven languages. Psychonomic Bulletin and Review, 10, 344-380.

Biederman, M. & Ju, G. (1988). Surface versus edge-based determinants of visual recognition. Cognitive Psychology, 20, 38-64.

Bonin, P., Chalard, M., Me´ot, A., & Fayol, M. (2002). The determinants of spoken and written picture naming latencies. British Journal of Psychology, 93, 89-114.

Bramão, I., Faísca, L., Petersson, K. M., & Reis, A. (2010). The influence of surface color information and color knowledge information in object recognition. American Journal of Psychology, 123, 459-468.

Bramão, I., Faísca, L., Petersson, K.M. (2011). The influence of color information on the recognition of color diagnostic and noncolor diagnostic objects. The Journal of General Psychology,138 (1), 49-65.

Cuetos, F., Ellis, A. W., & Alvarez, B. (1999). Naming times for the Snodgrass and Vanderwart pictures in Spanish. Behavior Research Methods, Instruments, and Computers, 31, 650-658.

Davidoff, J. B, Oostergaard. A. L. (1988). The role of colour in categorical judgement. Quarterly Journal of Experimental Psychology A 40, 533-544

Davidoff, J., Walsh, V., & Wagemans, J. (1997). Higher-level cortical processing of color. Acta Psychologica, 97, 1-6.

Ellis, A., & Young, A. W. (1988). Human cognitive neuropsychology. Hove: Erlbaum.

Funnell, E. (2000). Case Studies in the Neuropsychology of Reading. Hove: Psychology Press

Glaser, W. R. (1992). Picture naming. Cognition, 42, 61-105.

Humphreys, G. W., & Forde, E. M. E. (2001). Hierarchies, similarity, and interactivity in object recognition: ‘‘Category-specific’’ neuropsychological deficits. Behavioral and Brain Sciences, 24, 453-509.

Humphreys, G. W., Lamote, C., & Lloyd-Jones, T. J. (1995). An interactive activation approach to object processing: Effects of structural similarity, name frequency, and task in normality and pathology. Memory, 3, 535-586.

Humphreys, G. W., Price, C. J., & Riddoch, M. J. (1999). From objects to names: A cognitive neuroscience approach. Psychological Research, 62, 118-130.

Humphreys, G. W., Riddoch, M. J., & Quinlan, P. T. (1988). Cascade processes in picture identification. Cognitive Neuropsychology, 5, 67-104.

Kurbat, M. A. (1997). Can the recognition of living things really be selectively impaired? Neuropsychologia, 35, 813-827.

Laws, K. R., & Gale, T. M. (2002). Category-specific naming and the ‘‘visual’’ characteristics of line drawn stimuli. Cortex, 38, 7-21.

Laws, K. R., Gale, T. M., & Leeson, V. C. (2003). The influence of surface and edge-based visual similarity on object recognition. Brain and Cognition, 53, 232-234.

Laws, K. R., Leeson, V. C., & Gale, T. M. (2002). The effect of ‘‘masking’’ on picture naming. Cortex, 38, 137-148.

Laws, K. R., & Neve, C. (1999). A ‘‘normal’’ category-specific advantage for naming living things. Neuropsychologia, 37, 1263-1269.

Levelt, W. J. M., Schriefers, H., Vorberg, D., Meyer, A. S., Pechmann, T., & Havinga, J. (1991). The time course of lexical access in speech production: A study of picture naming. Psychological Review, 98, 122-142.

Lloyd-Jones, T. J., & Humphreys, G. W. (1997a). Categorizing chairs and naming pears: Category differences in object processing as a function of task and priming. Memory and Cognition, 25, 606-624.

Lloyd-Jones, T. J., & Humphreys, G. W. (1997b). Perceptual differentiation as a source of category effects in object processing: Evidence from naming and object decision. Memory and Cognition, 25, 18-35.

Lloyd-Jones, T. J., & Luckhurst, L. (2002). Outline shape is a mediator of object recognition that is particularly important for living things. Memory and Cognition, 30, 489-498.

Lloyd-Jones, T. J., & Nettlemill, M. (2007). Sources of error in picture naming under time pressure. Memory and Cognition, 35, 816-836.

Magnie´, M. N., Besson, M., Poncet, M., & Dolisi, C. (2003). The Snodgrass and Vanderwart set revisited: Norms for object manipulability and for pictorial ambiguity of objects, chimeric objects and nonobjects. Journal of Clinical and Experimental Neuropsychology, 25, 521-560.

Marques, F. & Raposo, A. (2011). Structural dimensions of object pictures: Organization and relation to object decision and naming. Visual Cognition, 19, 705-729.

McClelland, J. L. (1979). On the time relations of mental processes: An examination of systems of processes in cascade. Psychological Review, 86, 287-330.

Oostergaard A L, Davidoff J, (1985). Some effects of color on naming and recognition of objects. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, 11, 579-587.

Peterson, R. R., Dell, G. S., & O’Seaghdha, P. G. (1989). A connectionist model of form-related priming effects. Proceedings of the 11th Annual Conference of the Cognitive Science Society (pp.196-203). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, Inc.

Price, C. J., & Humphreys, G. W. (1989). The effects of surface detail on object categorization and naming. Quarterly Journal of Experimental Psychology, 41A, 797-828.

Riddoch, M. J., & Humphreys, G. W. (1987b). Visual object processing in optic aphasia: A case of semantic access agnosia. Cognitive Neuropsychology, 4, 131-185.

Riddoch, M. J., Humphreys, G. W., Gannon, T., Blott, W., & Jones, V. (1999). Memories are made of this: The effects of time on stored visual knowledge in a case of visual agnosia. Brain, 122, 537-559.

Rossion, B., & Pourtois, G. (2004). Revisiting Snodgrass and Vanderwart’s object pictorial set: The role of surface detail in basic level object recognition. Perception, 33, 217-236.

Seymour, P. (1979). Human visual cognition. London: Collier MacMillan.

Snodgrass, J. G. (1984). Concepts and their surface representations. Journal of Verbal Learning & Verbal Behavior, 23, 3-22.

Snodgrass, J. G., & Vanderwart, M. (1980). A standardized set of 260 pictures: Norms for name agreement, image agreement, familiarity, and visual complexity. Journal of Experimental Psychology: Human, Learning and Memory, 6, 174-215.

Snodgrass, J. G., & Yuditsky, T. (1996). Naming times for the Snodgrass and Vanderwart pictures. Behavior Research Methods, Instruments and Computers, 28, 516-536.

Tanaka, J., & Presnell, L. (1999). Color diagnosticity in object recognition. Perception & Psychophysics, 61, 1140-1153.

Tranel, D., Logan, C. G., Frank, R. J., & Damasio, A. R. (1997). Explaining category-related effects in the retrieval of conceptual and lexical knowledge for concrete entities:

Operationalization and analysis of factors. Neuropsychologia, 35, 1329-1339.

Turnbull, O. H., & Laws, K. R. (2000). Loss of stored knowledge of object structure: Implications for ‘‘category-specific’’ deficits. Cognitive Neuropsychology, 17, 365-389.

Vitkovitch, M., & Humphreys, G. W. (1991). Perseverant responding in speeded picture

naming: It's in the links. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, & Cognition, 17,664-680.

Vitkovitch, M., Humphreys, G. W., & Lloyd-Jones, T. J. (1993). On naming a giraffe a zebra: Picture naming errors across different object categories. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, & Cognition, 19, 243-259.

Warren, C. E. J., & Morton, J. (1982). The effects of priming on picture recognition. British Journal of Psychology, 73, 117-130.

Zannino, G. D., Perri, R., Caltagirone, C., & Carlesimo, G. A. (2007). Category-specific naming deficit in Alzheimer’s disease: The effect of a display by domain interaction. Neuropsychologia, 45, 1832-11839.

8. Anexos I.

Figuras dos desenhos de objectos do corpus de Snodgrass & Vanderwart (1980) utilizados no estudo de nomeação.

Documentos relacionados