• Nenhum resultado encontrado

Análise de Redes Sociais

No documento Governança e convivência com a seca (páginas 61-63)

5 METODOLOGIA

5.3 Métodos e técnicas de análise

5.3.1 Análise de Redes Sociais

Segundo Gulati (1995), as redes sociais podem ser definidas como uma estrutura de governança e, sendo assim, buscam compreender os mecanismos institucionais pelos quais os relacionamentos interorganizacionais são desenhados, concentrando-se sobre os atributos dos atores e sobre a forma e conteúdo dos seus relacionamentos (OLIVER e EBERS, 1998). Além disso, um dos pressupostos para esse tipo de análise é a colaboração dos atores em função de um objetivo comum. Desta maneira, a rede social pode ser sinônimo de desenvolvimento local, pois, a governança em rede é uma forma adequada de avaliar as instituições que tratam da convivência com a seca para observar sua capacidade de produzir resultados nesse contexto.

A metodologia utilizada para as redes sociais adota um conjunto de indivíduos, que são chamados de nós e que estão conectados entre si por meio de relações sociais chamadas de elos ou laços (MERTENS et al., 2010; WASSERMAN e FAUST, 1994).

A expressão gráfica demonstrada na Figura 8 mostra a menor unidade de rede social composta por dois nós e um laço.

Figura 8 - Representação simplificada de rede

.

Fonte: Reis; Souza; Sousa Filho (2014).

As redes sociais são analisadas por meio da integração de dados atributivos (as características dos indivíduos) e relacionais (os elos entre os indivíduos). Os dados relacionais são chave na análise de redes sociais, pois são utilizados para revelar o padrão de interação entre os indivíduos. Tichy; Tuschman; Fombrum (1979) buscaram sintetizar as propriedades das redes e dentre elas estão três características que merecem destaque: a primeira característica está relacionada ao conteúdo transacional trocado pelos atores; a segunda está relacionada à natureza das ligações, que podem ser qualitativa e as forças das relações; e, a última

característica, é estrutural que demonstra o padrão geral de relacionamentos entre os atores do sistema. Outras características estão dispostas no Quadro 4.

Quadro 4 - Propriedades para análise de redes sociais

Fonte: Tichy; Tuschman; Fombrum (1979).

Dentre as propriedades listadas no Quadro 2, as análises de centralidade e densidade devem ser destacadas por fazer parte das análises que serão realizadas neste projeto. Assim, a densidade de uma rede social pode apontar os diversos atores que têm maior influência em uma rede inteira ou em partes da rede também denominados cliques. Em

Propriedade Explicação

Conteúdo transacional

Quatro tipos de troca: troca de afeto; troca de influência ou poder; troca de informação; troca de bens e serviços

Natureza das ligações

 Intensidade A força de relação entre os indivíduos  Reciprocidade

O grau em que a relação é comumente percebida e acordada por todas as partes da relação (isto é, o grau de simetria)

 Clareza de espectativas

O grau no qual todos os pares de indivíduos têm expectativas claramente definidas sobre o comportamento do outro na relação

 Multiplexidade O grau no qual os pares de indivíduos estão ligados por múltiplas relações

Características estruturais

 Tamanho O número de indivíduos participando da rede

 Densidade (conectividade) O número de links atuais na rede como a proporção do número de links disponíveis

Clustering O número de regiões densas na rede

 Abertura

O número de links externos atuais de uma unidade social como uma proporção do número de links externos possíveis

 Estabilidade O grau no qual o padrão da rede muda ao longo do tempo

Reachability O número médio de links entre dois indivíduos quaisquer na rede

 Centralidade O grau em que as relações são guiadas pela hierarquia formal

 Estrela O indivíduo que tem o maior número de nomeações

Liaison Um indivíduo que não é membro de um cluster, mas

se liga com dois ou mais clusters

 Ponte Um indivíduo que é membro de múltiplos clusters na rede

Gatekeeper Uma estrela que também liga a unidade social a domínios externos

relação à medida de centralidade, a rede social apresenta o posicionamento do ator em virtude da sua quantidade de laços, ou seja, quanto maior o número de conexões estabelecidas por determinados atores, maior seu poder sobre os demais atores. Por sua vez, a análise de densidade pode indicar como ocorrem as trocas de informações e recursos na rede e, dessa maneira, quanto mais densa for a rede, mais rápidas serão as trocas dentro delas e, consequentemente, melhores serão os resultados obtidos pela rede social (GNYAWALI e MADHAVAN, 2001).

Neste estudo foram analisadas as medidas de densidade da rede, bem como três medidas de centralidade: grau, intermediação e proximidade. Os dados foram analisados com o uso do Software UCINET, no qual é possível calcular as medidas citadas para análise dos relacionamentos (HSIOH, 2006).

No sentido mais básico, uma rede social é qualquer coleção de objetos em que alguns pares desses objetos são conectados por ligações e, sendo assim, devem ser avaliadas as ações dos atores sociais de maneira não isolada, pois, por exemplo, as alterações em um programa do governo podem parecer como boas ideias quando avaliados no pressuposto de que todo o restante permanecerá estático, mas, na realidade, tais ações podem facilmente criar mudanças no comportamento em toda a rede social de maneira que, inicialmente, não era intencional (EASLEY e KLEINBERG, 2010).

As ligações de uma rede social são bem flexíveis, pois, muitas maneiras diferentes de relacionamentos ou conexões podem ser usadas para definir as ligações. No caso desta pesquisa, as redes serão tratadas como estruturas de governança e, como tal, a rede social apresentará quem estará ligado a quem e, para realizar a análise dessa rede social, alguns passos devem ser seguidos e serão demonstrados a seguir.

Inicialmente, os dados foram preparados, ou seja, foram definidos os atores que estavam envolvidos, como estavam ligados, quais os atributos dos atores que interessava para a pesquisa e os tipos de relacionamentos que queríamos mostrar nos mapas da rede social para a governança e convivência com a seca no estado do Ceará.

No documento Governança e convivência com a seca (páginas 61-63)