• Nenhum resultado encontrado

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 Análise de Resultados Obtidos no Ano de 2002

A estatística descritiva dos dados coletados para o ano de 2002 apresentou a maior média do indicador de desempenho social corporativo dentre os anos pesquisados, alcançando o valor de 5,29 em uma escala de 0 a 14 pontos possíveis, apontando para uma provável melhora da atuação social de algumas empresas ou maior transparência na divulgação dos dados e melhor preenchimento do Balanço Social. O intervalo de valores também o foi maior dentre os anos da amostra, uma vez que o mínimo valor atingido foi 0, enquanto o máximo foi de 14 pontos, o que proporcionou uma maior diferenciação das empresas.

As variáveis de desempenho financeiro apresentaram valores de média semelhantes ou inferiores aos encontrados em 2000 e 2001, indicando uma menor rentabilidade entre as empresas da amostra do que nos anos anteriores. Esta situação pode ser explicada pelo fato de que o ano de 2002 foi caracterizado por um cenário de incertezas associadas à sucessão presidencial. A variável de controle de tamanho da empresa apresentou-se novamente elevada, um resultado esperado dada a maior presença de grandes empresas na amostra. A tabela 8 apresenta de forma mais detalhada os resultados da estatística descritiva da amostra de empresas do ano de 2002.

Tabela 8 - Estatística descritiva do ano de 2002

Variáveis N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão

IDSC2002 42 0 14 5,29 3,241 Q2002 42 0,2401 1,5100 0,704031 0,2159470 VF2002 42 0,0000 1,2241 0,458667 0,2352613 LOPAT2002 42 -0,0724 0,2179 0,087714 0,0667424 LOAT2002 42 -0,2652 0,2048 -0,006148 0,1028878 LAJIRDA2002 42 -0,0426 0,2526 0,133350 0,0717221 logS2002 42 4,1745 7,8400 6,382314 0,5807725

4.3.2 Matriz de Correlações para o ano de 2002

A matriz de correlações para o ano de 2002 apresentou resultados contraditórios em relação aos anos de 2000 e 2001. As variáveis de desempenho financeiro contábeis como LOPAT2002,

LOAT2002 e LAJIRDA2002, que nos anos anteriores obtiveram correlação não significante e

correlação não significante, porém, negativa em 2002, contradizendo os resultados anteriores. Apesar disso, como se trata de resultados não significantes, não é possível tecer qualquer conclusão, apenas identificar alguns indicativos de alteração da análise. Por sua vez, a variável de desempenho financeiro de mercado Q2002 apresentou resultado semelhante ao de

2001 e diferente de 2000, isto é, correlação positiva não significante com a variável IDSC2002.

Finalmente, a variável de desempenho financeiro de mercado VF2002 apresentou correlação

negativa não significante em todos os anos com a variável IDSC2002.

Além disso, conforme era esperado e igualmente aos anos anteriores, as variáveis de desempenho financeiro contábeis LOPAT2002, LOAT2002 e LAJIRDA2002 apresentaram alta

correlação positiva e significante entre si, assim como entre as variáveis de desempenho financeiro de mercado Q2002 e VF2002. A tabela 9 apresenta os resultados encontrados para

2002.

Dessa forma, a matriz de correlações do ano de 2002 parece apontar para uma inversão de sentido na relação entre variáveis de desempenho financeiro contábeis e a variável de desempenho social corporativo, já que a correlação, em 2000 e 2001, apresentou índice positivo. Entretanto, é importante observar que os resultados não foram significantes, o que sugere a necessidade de se averiguar os resultados encontrados nas regressões tradicionais e robustas efetuadas para o ano de 2002, a fim de que conclusões mais precisas possam ser elaboradas.

Tabela 9 - Matriz de correlações do ano de 2002

IDSC2002 Q2002 VF2002 LOPAT2002 LOAT2002 LAJIRDA2002 logS2002

IDSC2002 1,0000 Q2002 0,1221 1,0000 VF2002 -0,0567 0,6709** 1,0000 LOPAT2002 -0,1715 0,3763* 0,5993** 1,0000 LOAT2002 -0,1123 0,1026 0,5010** 0,7252** 1,0000 LAJIRDA2002 -0,1301 0,3418** 0,5229** 0,9011** 0,7428** 1,0000 logS2002 0,0022 0,3522* 0,3941* 0,3433* 0,4145** 0,3772* 1,0000

** Correlação é significante ao nível de 1% * Correlação é significante ao nível de 5%

4.3.3 Resultados de regressões tradicionais pelo método MQO em 2002

O ano de 2002, com uma amostra de 42 empresas, não apresentou resultados satisfatórios do ponto de vista de significância das variáveis para o modelo estatístico analisado. Após a realização das mesmas regressões tradicionais efetuadas em 2000 e 2001, nenhuma variável apresentou significância para o modelo, impossibilitando qualquer análise mais aprofundada. Dessa forma, para o ano de 2002, os resultados das regressões tradicionais apontam para a aceitação da hipótese nula do modelo, ou seja, de que não há relação significante entre as variáveis de desempenho financeiro de mercado e contábeis e a variável de desempenho social corporativo. Esta relação nula encontrada corrobora com os resultados encontrados em estudos anteriores como de Aupperle et al (1985). As variáveis de controle tamanho da empresa (logS2002) e IND também não apresentaram relação significante com a variável

IDSC2002.

4.3.4 Resultados de regressões pelo método MQO a erros padrão robustos a heterocedasticidade em 2002

As regressões a erros padrão robustos a heterocedasticidade não foram necessárias para substituir regressões tradicionais heterocedásticas, ou quando necessárias, não apresentaram coeficientes significantes. Dessa forma, não há resultados a serem reportados.

4.3.5 Resultados de regressões robustas pelo método MQO em 2002

As regressões robustas do ano de 2002 apresentaram resultados semelhantes às regressões tradicionais efetuadas para o mesmo ano, isto é, não alcançaram nenhum coeficiente significante para as variáveis envolvidas. Esses resultados corroboram a hipótese de relação nula do modelo estatístico e negam a existência de relação negativa ou positiva entre as

variáveis, ao contrário do que foi encontrado nas regressões realizadas nos anos de 2000 e 2001.

Dessa forma, os resultados contraditórios encontrados atestariam a conclusão de Donaldson e Preston (1995, p. 78) de que ainda não existe nenhuma evidência empírica convincente de que a estratégia ótima de maximização do desempenho financeiro e de mercado convencionais seria a administração de stakeholders. Além disso, os resultados também parecem apoiar a afirmação categórica de Ullmann (1985, p. 555), segundo a qual “(...) a situação relativa aos relacionamentos entre desempenho social, transparência social e desempenho econômico pode ser melhor caracterizada como dados empíricos em busca de uma teoria adequada”.

Ao se identificar esta aparente contradição entre os resultados das regressões realizadas dentro de um único período (ano) e entre esses períodos, torna-se essencial a análise dos resultados das regressões com defasagem temporal. Esta defasagem será constituída pelo período de um ano entre as variáveis independentes e dependentes do modelo estatístico, a fim de que a aceitação da hipótese nula ou de determinadas hipóteses alternativas arroladas por Preston e O´Bannon (1997) possam se tornar mais claras e objetivas.

4.4 Análise de Resultados Obtidos entre os Dados de Desempenho Financeiro de