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Análise de Sintomas Fisiológicos e Psicológicos dos Violinistas

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Análise de Sintomas Fisiológicos e Psicológicos dos Violinistas

Através da aplicação do Inventário de Bem-estar – sintomas fisiológicos e psicológicos – baseado no Perceived Stress Scale (PSS), de Cohen (1999), foram categorizados os sintomas apresentados freqüentemente e assiduamente pelos violinistas analisados.

Quadro 1 - Quadro das ocorrências das categorias de sintomas referidos (n=7)

SINTOMAS – FREQÜENTEMENTE/ASSIDUAMENTE OCORRÊNCIAS

Perda ou excesso de apetite 01

Pressão arterial alta 01

Dor de cabeça e gripes e resfriados 02

Dores nos ombros ou nuca 03

Distúrbios gastrintestinais 03

Erupções na pele, brotoejas e problemas alérgicos 04

Pouca vontade de comunicar-se, sentimentos de baixa auto-estima, necessidade de isolar-se e pouca satisfação nas relações sociais

05 Sentir-se sem vontade de começar nada, sentimento de cansaço

mental, fadiga generalizada e cansaço rápido de todas as coisas

09 Pouco tempo para si mesmo, dificuldades com o sono, dificuldade de

memória e concentração e estado de aceleração contínua

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Convém ressaltar que, dos onze músicos entrevistados, somente sete responderam ao questionário assinalando freqüentemente e assiduamente aos itens analisados. Quatro músicos responderam com nunca, raras vezes e moderadamente e essas respostas não foram levadas em consideração no quadro acima.

Distúrbios gastrintestinais foram descritos pelos entrevistados com três respostas afirmativas (freqüentemente/assiduamente) e estão computados no quadro da página anterior. Porém, dois músicos que responderam moderadamente ao questionário e não estão no quadro 1, afirmaram ter gastrite. Assim, o número de instrumentistas com problemas gastrintestinais sobe para cinco. Este resultado pode ser decorrente, entre outros fatores, da ansiedade antes de cada espetáculo; algo tão comum entre artistas performáticos. Vários autores ponderaram sobre este assunto, entre eles Spahn (2003) enfatizando que uma origem psicossomática pode ser encontrada por trás de sintomas somáticos. Muitos músicos tratam de problemas físicos não considerando a origem psicológica, a ansiedade e o medo de palco que enfrentam antes de cada espetáculo. Dessa forma, os fatores psicológicos contribuem para a preservação da saúde e do bem-estar.

Além disso, a perda ou excesso de apetite também foram mencionados como sintomas freqüentes entre os músicos, decorrentes, também, de problemas psicológicos, tais como a ansiedade, depressão, medo de palco e distúrbios do sono.

Erupções na pele, brotoejas e problemas alérgicos decorrentes do roçar do violino no pescoço foram assinalados pelos instrumentistas com quatro ocorrências. Para os autores Liu & Hayden (2002) uma condição comum de pele experienciada pelos violinistas, chamada pescoço de violinista, é uma área de hiperpigmentação no lado esquerdo do pescoço, abaixo do ângulo do maxilar. Dentre os inúmeros fatores atribuídos às mudanças na pele incluem

uma técnica de movimentos inadequados para a condução da música, assim como o aumento na pressão do instrumento sobre a pele do pescoço e incremento da fricção entre o violino e a pele, causada pelo encaixe precário do descanso de queixo ou falta do descanso de ombro.

Apenas um músico reportou pressão arterial alta refletindo origem genética ou conseqüência de estresse. Middlestadt & Fischbein (1988) consideraram que o estresse ocupacional está relacionado com a prevalência de um número de doenças psicológicas e físicas entre músicos. Também Fischer & Seidel (2002) ponderaram que a inatividade física é um dos fatores de risco mais pontuais na má adaptação e morte prévia dos seres humanos. Por isso, a maior tarefa da ação preventiva de médicos e professores de música é encorajar a atividade física e o esporte.

Dor de cabeça e sintomas de gripes e resfriados foram comentados por dois violinistas com um voto em cada rubrica. Este fato pode ser decorrente do estilo de vida de cada músico, excesso de trabalho e baixa imunidade.

Dores nos ombros ou na coluna cervical também foram mencionados por três violinistas como sintomas que ocorrem freqüentemente/assiduamente. Este fato pode advir do peso do instrumento, bem como dos movimentos intensos, por vezes bruscos e repetitivos que cada profissional realiza, dependendo da música tocada.

Os itens pouca vontade de efetuar comunicação, sentimentos de baixa auto-estima, necessidade de isolar-se e pouca satisfação nas relações sociais foram reportados pelos violinistas como uma categoria de sintomas referidos, com o total de cinco votos. Este fato decorre de problemas psicológicos, excesso de trabalho (grande número de ensaios e apresentações) e estresse ocupacional.

Sentir-se sem vontade de começar nada, sentimento de cansaço mental, fadiga generalizada e cansaço rápido de todas as coisas foram itens com nove ocorrências, principalmente, sentimento de cansaço mental. Devem ser levados em conta os diversos espetáculos da orquestra no ano de 2007, apresentações em outras cidades e a turnê internacional, além do fato da pesquisa ter ocorrido quase no final do ano, quando os músicos estão mais cansados. Muitos artistas acumulam, também, outras funções como o ensino de música, o cursar universidades ou outras atividades de trabalho.

A categoria pouco tempo para si mesmo, dificuldades com o sono, déficit de memória e concentração e estado de aceleração contínua foi a mais assinalada, destacando o estado de aceleração contínua e pouco tempo para si mesmo, com um total de onze ocorrências nos itens mencionados pelos sete violinistas que responderam ao quadro de sintomas referidos

com as marcas freqüentemente/assiduamente . Este resultado pode ser decorrente da alta carga de trabalho e do estilo de vida de cada profissional.

É importante salientar o contexto histórico, ambiental e sócio-econômico da pesquisa realizada. O estudo foi efetuado levando em consideração a vida de músicos violinistas de Florianópolis no ano de 2007, com suas atribuições profissionais, rotinas de trabalho e condições de saúde ocupacional.

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