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4. MATERIAL E MÉTODOS

6.4. Resultados

6.4.1. Análise Descritiva (amostra total)

A amostra total compreendeu os modelos de estudos das fases pré e pós-tratamento e pós-contenção, de 94 pacientes leucodermas de ambos os gêneros, selecionados segundo os critérios já mencionados e discutidos nos tópicos anteriores. A idade média ao início do tratamento foi de 13,46 anos, com desvio padrão de 1,80 (Tabela 3). O tempo de tratamento da amostra total foi de 2,09 anos (d.p. 0,58), o tempo de contenção foi de 1,63 anos (d.p. 0,73) e o tempo entre o final do tratamento e a avaliação pós-contenção foi de 5,31 anos (d.p. 1,61)

(Tabela 3). O tempo de avaliação pós-tratamento, na fase pós-contenção, está plausível para observação da estabilidade, um dos propósitos deste estudo, pois, segundo AL YAMI; KUIJPERS-JAGTMAN; VAN’T HOF6, cerca de metade da recidiva total ocorre logo nos primeiros dois anos após o término do tratamento, com uma boa estabilidade da maior parte de suas características no período além de 5 anos pós-tratamento.

O índice PAR é um índice reconhecido e aceito internacionalmente como forma de registro das características oclusais136 e foi elaborado especificamente para prover um meio de se acessar mais objetivamente o sucesso dos tratamentos ortodônticos67. Neste estudo, a análise estatística descritiva da amostra total demonstrou um índice PAR inicial com valor médio de 29,46, com desvio padrão de 8,79, que ao final foi reduzido para o valor médio de 6,32 com desvio padrão de 3,48 e na fase pós-contenção apresentou um aumento em relação à fase final atingindo o valor de 9,84, com desvio padrão de 5,02 (Tabela 3).

Tem sido sugerido que um tratamento ortodôntico de bom padrão deveria resultar numa redução média do índice PAR de 70% ou mais187.

No presente estudo, a média de redução do índice PAR com o tratamento foi de 78,54%, caracterizando um bom padrão de finalização dos tratamentos ortodônticos. Isto certamente parece ser o que subjetivamente se chamaria de um ‘resultado clinicamente aceitável’136,187. Estes resultados são similares às porcentagens médias

encontradas em grande parte dos artigos prévios na literatura27,79,161,183,184.

Porém estes resultados relacionados à correção durante o tratamento neste estudo, parecem ser melhores do que muitos estudos também publicados na literatura6,80,136,160-162, comprovando então a qualidade do tratamento ortodôntico dos casos aqui avaliados. Porém, deve-se realizar uma comparação cautelosa, observando as diferenças entre as amostras e metodologias. LINKLATER; FOX136 encontraram uma redução de 68,6% do índice PAR logo após o término do tratamento, porém estudaram casos tratados com aparelhos fixos apenas em um dos arcos, em ambos os arcos, e com aparelhos removíveis, o que justificaria esta menor correção da má oclusão relatada em seu estudo. DYKEN; SADOWSKY; HURST67 encontraram valores médios de redução do índice PAR durante o tratamento de 79,5% para os casos tratados por especialistas certificados pelo Board Americano de Ortodontia, e 68,6% para os casos tratados por estudantes de pós-graduação em Ortodontia. Visto que os casos aqui avaliados foram tratados apenas por estudantes de pós-graduação, os resultados do presente estudo apresentaram uma melhor qualidade da finalização ortodôntica. Há também o fator da falta de padronização do tipo de má oclusão e tratamento, que não foi abordado pelos autores67.

Muito embora haja uma minoria de estudos relatando melhores resultados em relação à porcentagem de correção do tratamento ortodôntico com o índice PAR163,256, observam-se diferenças na

metodologia, seleção da amostra e análise dos resultados. WOODS; LEE; CRAWFORD256 encontraram uma redução média de 85,6% do PAR pelo

tratamento, avaliando 65 pacientes com diversos tipos de má oclusão, tratados com vários protocolos de tratamento. A divergência dos resultados pode se dever ao fato de que esses pacientes foram tratados pelo mesmo especialista, e no presente estudo o tratamento foi realizado por vários estudantes de pós-graduação. Além disso, quando estes 65 pacientes foram divididos em subgrupos, o subgrupo tratado com extrações, mais compatível com a amostra utilizada no presente estudo, apresentou uma correção média do PAR de 82,2%, resultado mais próximo do encontrado no presente estudo. Já OTUYEMI; JONES163 encontraram uma correção de 82,5% do índice PAR, observando 50 casos Classe II tratados com diversos protocolos. Além da diferença no tipo de má oclusão avaliado, o índice PAR médio inicial destes casos era menor163, apresentado menor severidade do que os do presente estudo, podendo justificar esta diferença de resultados.

Com relação à estabilidade, o valor médio do índice PAR encontrado na fase pós-contenção foi de 9,84, com desvio padrão de 5,02 (Tabela 3), representando uma recidiva de 3,52 pontos do índice PAR, com relação ao final do tratamento. Em relação à quantidade de correção (PAR T1-2), esta recidiva foi de, em média, 15,21%, ou seja, na fase pós- contenção a correção em relação ao inicial foi de 66,6%, resultado pouco divergente da maioria dos estudos publicados avaliando a estabilidade em longo prazo por meio de índices oclusais6,27,159,163,256. Da literatura

compulsada, apenas um estudo avaliando estabilidade oclusal, com o índice PAR, apresentou um resultado divergente, demonstrando menor estabilidade dos resultados obtidos, com redução de 55,5% da correção mantida após 6,5 anos de contenção136. Porém, esta divergência se deve,

além do maior tempo de acompanhamento pós-contenção, à inclusão de casos tratados com diferentes protocolos e tipos de tratamento, como exemplo aparelhos removíveis, aparelhos fixos em apenas um ou em ambos os arcos e até aparelhos funcionais136, dificultando a real comparação com o presente estudo.

O índice de irregularidade de Little inicial médio encontrado foi de 6,97mm (d.p. 3,55), foi corrigido para 1,26mm (d.p. 0,91) ao final do tratamento, e na fase pós-contenção atingiu uma média de 2,74mm (d.p. 1,82) (Tabela 3), ou seja, o tratamento ortodôntico proporcionou uma correção média de 81,92% da quantidade de apinhamento ântero-inferior, e durante a fase pós-contenção houve uma perda desta correção, atingindo o valor de 60,68% com relação ao início do tratamento. Esta recidiva teve uma porcentagem média de 25,91% da quantidade de correção do tratamento, o que pode ser considerado boa estabilidade, em se tratando de apinhamento de incisivos inferiores12,138,139,142,144,251.