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2.4 Tipos de tecnologias em RoF

2.4.2 Rádio sobre fibra digital (DRoF)

2.4.2.3 Análise de desempenho em DRoF

Determinar o desempenho no caso de DRoF leva em consideração, além dos elementos ópticos, os componentes necessários na digitalização dos sinais de RF. A aná- lise mostrada a continuação está baseada nas teses apresentadas por (GAMAGE, 2008; YANG, 2011) e corresponde a um enlace IM-DD utilizando modulação externa.

Em DRoF o sinal sofre degradações por conta de ruídos e distorções. As princi- pais fontes de degradação são iguais ao caso analógico, excetuando a distorção intermodu- lação IMD, que é praticamente inexistente para DRoF. Porém, há ruídos importantes no sistema devido à presença dos conversores ADC/DAC. Para derivar expressões analíticas é necessário primeiro descrever os processos de conversão. O processo de digitalização do sinal RF é realizado por meio de quatro passos fundamentais no ADC: amostragem, nor- malização, quantização e codificação (OLIVEIRA et al., 2013) como mostrado na Figura 2.12. Amostragem Normalização Quantização Codificação ADC Fs Normalização Decodificação DAC Fs RoF Sinal analógico Sinal digital Sinal analógico BPF BPF

Figura 2.12 – Processo de digitalização em DRoF

No passo de amostragem, o sinal analógico é amostrado a cada 𝑇𝑠 = 1/𝐹𝑠

segundos aplicando o critério de Nyquist, no qual a frequência de amostragem deve ser pelo menos o dobro da maior frequência analógica. Em sistemas DRoF, essa frequência está baseada na largura de banda do sinal como mencionado anteriormente.

Depois da amostragem, o sinal deve ser normalizado para a faixa dinâmica do ADC. Assim, estabelece-se uma faixa de operação para prevenir que amostras do sinal apareçam fora do limite de trabalho do ADC (OLIVEIRA et al., 2014). O seguinte passo é a quantização, na qual o sinal continuo é discretizado e representado de acordo aos níveis definidos pela resolução do ADC (2𝑅𝑒𝑠). Finalmente, as amostras do sinal são serializadas

e codificadas para modular o sinal óptico por meio de um modulador MZM. Dessa forma, a taxa de dados final no fronthaul está relacionada pelo produto da taxa de amostragem do sinal RF e a resolução. Portanto, o valor da taxa de amostragem e a resolução aparecem

como os parâmetros mais importantes em DRoF, pois impõem limitantes ao desempenho do enlace.

Por sua parte, após a fotodetecção, o DAC é responsável por converter os dados recebidos de serial para paralelo e de recuperar o sinal analógico seguindo um processo similar ao ADC. O sinal digital é normalizado e finalmente decodificado. Nesse processo de conversão aparecem réplicas espectrais do sinal original analógico. Por isso, deve-se utilizar um filtro passa-baixas na frequência adequada (OLIVEIRA et al., 2014) para recuperar o sinal de interesse.

Em cada um dos processos de conversão presentes em DRoF são gerados di- ferentes tipos de distorções e ruídos que afetam o desempenho do enlace. Ruídos devidos à amostragem passa banda, ruídos de jitter, ruído de quantização, ruído shot e ruído térmico são as principais fontes de degradação no sistema.

A primeira fonte de ruído deve-se à colocação de um filtro passa faixa antes do ADC, como mostrado na Figura 2.12. O filtro serve para reduzir o ruído fora de banda do sinal a ser digitalizado e assim reduzir o fenômeno de aliasing devido à amostragem. Isto é, se reduz a distorção inserida por componentes indesejáveis inicialmente fora da banda do sinal e que aparecem na mesma zona de Nyquist após a amostragem. Porém, o mesmo filtro insere ruído no sinal. Esse ruído é principalmente de natureza térmica, e está representado por 𝑃𝑡ℎ = 𝑁𝑜𝐵𝑓, em que, 𝑁𝑜 é a densidade espectral de potência (Power

Spectral Density (PSD)) de um ruído Gaussiano de média nula equivalente a 𝑘𝑇 /2 em em joules, e 𝐵𝑓 é a largura de banda do filtro em Hz. Sabendo que 𝑃𝑠 é a potência do sinal

RF, a SNR correspondente (YANG, 2011) é dada por:

𝑆𝑁 𝑅𝐹 = 𝑃𝑠 𝑃𝑡ℎ = 𝑃𝑠 𝑁𝑜𝐵𝑓 . (2.20)

Outra fonte de ruído em DRoF deve-se ao fenômeno de aliasing propriamente dito cuja potência do ruído e a SNR do sinal depois da amostragem passa banda (GA- MAGE, 2008), são dadas por:

𝑃𝐵𝑃 𝑆 = 2 (︂𝑓 𝑠 2 )︂ 𝑛𝑧𝑁𝑜 𝑆𝑁 𝑅𝐵𝑃 𝑆 = 𝑃𝑠 𝑃𝐵𝑃 𝑆 , (2.21)

em que se supõe que o ruído produzido é em maior parte térmico e está descrito por um processo Gaussiano branco com PSD constante (𝑁𝑜). Na equação, 𝑛𝑧 corresponde ao

número inteiro descrito em (2.18) para determinar a frequência de amostragem.

lógico periodicamente pode sofrer de variações aleatórias. Estas variações afetam os ins- tantes de tempo em que o sinal é amostrado. Um erro na periodicidade da amostragem traz como consequência um erro no valor amostrado que constitui uma fonte de distorção. Essas variações são referidas como timing jitter. O ruído de jitter causa erros no sinal amostrado que se traduz em interferência entre símbolos (GAMAGE, 2008) e em um au- mento no piso de ruído no sistema. A potência de ruído de jitter média para um sinal senoidal, bem como a SNR associada (TAVARES, 2012), são dadas por:

¯ 𝑁𝐽 ≈ 4𝜋2𝑓𝑐2𝜎 2 𝜏𝑃𝑠 𝑆𝑁 𝑅𝐽 = 𝑃𝑠 4𝜋2𝑓2 𝑐𝜎𝜏2𝑃𝑠 = 1 4𝜋2𝑓2𝜎2 𝜏 , (2.22) em que, 𝜎2

𝜏 é a variância do ruído de jitter supondo um processo Gaussiano com media

zero, e 𝑃𝑠, 𝑓𝑐 são a potência e frequência do sinal em Hz, respectivamente. O valor típico

de 𝜎𝜏 para um ADC é de 0,7 ps (GAMAGE, 2008). Cabe mencionar que o ruído de jitter

não depende da potência do sinal. Outra fonte de degradação presente em DRoF é o ruído de quantização. Quando um sinal contínuo é amostrado, certas partes do sinal que eram representadas por um nível de tensão diferente vão ser representadas por um mesmo valor digital. Isto supõe uma perda de informação chamada de ruído de quantização, que depende estritamente da resolução do ADC. Se o sinal de entrada é um sinal M-QAM, a SNR associada a este ruído (YANG, 2011) é dada por

𝑆𝑁 𝑅𝑄= 20log ⎡ ⎣ (︃ √ 𝑀 + 1 3√𝑀 − 3 )︃1/2√ 32𝑁𝑟𝑒𝑠 ⎤ ⎦= 6.02𝑁𝑟𝑒𝑠+ 10log (︃√ 𝑀 + 1𝑀 − 1 )︃ [dB], (2.23)

em que, 𝑁𝑟𝑒𝑠 é a resolução em bits do ADC e 𝑀 é o número de níveis do sinal QAM. A

derivação da SNR em (2.23) é apresentada em (TAVARES, 2012). Uma análise simples da SNR devida a quantização mostra que um aumento na resolução 𝑁𝑟𝑒𝑠do ADC corresponde

com uma melhoria de 6 dB no sistema (TAVARES, 2012). Além disso, quanto maior o valor de 𝑀 (formatos de modulação mais complexos), maior será o ruído de quantização, e será necessária uma resolução maior para obter o mesmo desempenho.

Depois dos ruídos causados pelo ADC, as fontes de ruído a seguir estão na recepção. Nesta etapa as expressões derivadas são as mesmas que para o caso analógico mostradas em (2.10), (2.11), (2.14) e (2.15). É importante mencionar que as distorções de intermodulação IMD são altamente reduzidos pelo sistema DRoF.

Finalmente, a última fonte de degradações encontra-se na conversão digital para analógico no DAC. Novamente, a variação no relógio afeta a SNR do sistema cujo efeito aumenta quanto maior a velocidade do DAC. O ruído aparece devido ao funciona-

mento do circuito DAC, que mantém o último valor recebido até a chegada de uma nova amostra. Esta operação (chamada de zero order hold), é representada pela convolução de um trêm de impulsos com um pulso retangular (YANG, 2011). No domínio da frequência é representado pela função sinc. A SNR pode ser determinada multiplicando-se a SNR em (2.22) por essa função sinc ao quadrado (GAMAGE, 2008), resultando em

𝑆𝑁 𝑅𝐽 𝑖𝑡𝑡𝑒𝑟𝐷𝐴𝐶 = ⎡ ⎣ 1 (2𝜋𝜎𝑗,𝐷𝐴𝐶𝑓𝑐)2 ⎤ ⎦ ⎡ ⎣ 1 (𝑠𝑖𝑛𝑐(𝑓𝑐/𝑓𝐶𝐿𝐾))2 ⎤ ⎦. (2.24)

Da mesma maneira como o caso analógico, todas as fontes de ruído descritas são processos independentes. Portanto, supondo que as degradações são variáveis aleató- rias independentes com média zero, obtêm-se

𝑆𝑁 𝑅−1𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑆𝑁 𝑅−1𝐹 + 𝑆𝑁 𝑅−1𝐴 + 𝑆𝑁 𝑅𝐽−1+ 𝑆𝑁 𝑅𝑄−1+ 𝑆𝑁 𝑅−1𝑃 𝐷 + 𝑆𝑁 𝑅𝐽 𝑖𝑡𝑡𝑒𝑟𝐷𝐴𝐶−1 . (2.25)

Por fim, o outro indicador de desempenho do DRoF é a faixa dinâmica. Di- ferentemente de ARoF as perdas do enlace não impactam severamente a transmissão digital, pois apenas se têm dois níveis do sinal (o nível que representa o 1 e o nível que representa o 0). Portanto, a faixa dinâmica no caso DRoF não muda com a distância. A faixa dinâmica é reduzida severamente apenas quando a amplitude do sinal cair abaixo da sensibilidade do sistema (YANG, 2011).