Realizada a descrição das produções científicas brasileiras de 2009 a 2018, que foram selecionadas para esta pesquisa, passa-se, então, para a análise, iniciando pelos trabalhos que foram publicados nos anais das reuniões nacionais da ANPEd.
3.2.1 Produções científicas: ANPEd
Com relação ao levantamento dos trabalhos realizados nas reuniões nacionais da ANPEd de 2009 a 2018, pode-se concluir que somente dois deles trataram especificamente das duas temáticas juntas, dos bebês e dos espaços da creche, ambos foram apresentados na 34ª Reunião Nacional da ANPEd, no ano de 2011, sendo um da região nordeste e outro da região sul.
São eles:
1) Possibilidades de organização de práticas educativas na creche em parceria com os bebês: o que “dizem” as crianças? (RAMOS, Tacyana Karla Gomes, UFS)
2) Sobre importâncias, medidas e encantamentos: o percurso constitutivo do espaço da creche em um lugar para os bebês. (SIMIANO, Luciane Pandini; VASQUES, Carla
Karnoppi - UFRGS)
Lembrando que o segundo título trata-se de um trabalho derivado da dissertação de mestrado de Simiano (2010) da UNISUL, analisada nesta pesquisa com o título Meu
quintal é maior que o mundo... Da configuração do espaço da creche à constituição de um lugar para os bebês.
Diante disso, segue-se com a análise das teses e dissertações selecionadas para esta pesquisa encontradas na BDTD e na CAPES.
3.2.2 Produções científicas: BDTD e CAPES
O Quadro 3 mostra a descrição das teses e dissertações que focalizam os espaços dos
bebês na creche, selecionadas na BDTD e na CAPES, entre os anos de 2009 e 2018. Nele
foram elencados os principais elementos de cada produção: tipo (dissertação ou tese), autor (a), ano de publicação, contexto de pesquisa (universidade, área, cidade, Estado e local de realização), sujeitos participantes da pesquisa (educadores, bebês ou ambos), tipo de pesquisa e orientador.
Quadro 3: Produções científicas: descrição das teses e dissertações por conteúdos
Autor Ano Contexto Participantes Tipo de Pesquisa Orientador
IES Área Cidade - UF Local Edu Bebês
D I S S E R T A Ç Õ E S
Singulani, Renata 2009 UNESP Marília
Educação
Sta. Cruz Rio Pardo SP
Creche pública
6 - Intervenção Mello, Suely
Simiano, Luciane 2010 UNISUL Tubarão
SC 4 10 Etnográfica Mwewa, Christian
Gobbato, Carolina 2011
UFRGS Porto Alegre
RS 2 15 Sem explicitação Barbosa, Maria C.
Tussi, Dorcas UFSM Santa Maria
RS X -
Estudo Caso
Intervenção Tomazetti, Cleonice
Alves, Iuri 2013 UFMT Cuiabá
MT 6 30 Etnográfica Andrade, Daniela
Coelho, Flávia 2015 UFMG Gov. Valadares
MG - X
Estudo de caso
Silva, Isabel Silva, Viviane 2018 UFS N. Sra. Do Socorro
SE 2 8 Ramos, Tacyana
Cocito, Renata 2017 UNESP Prudente
Presid. Prudente
SP - - -
Documental
Bibliográfica Marin, Fátima
Schorn, Andrea 2018 UFSM Santa Maria
RS Escola Púb. Inf. E Fund. - X Narrativa Salva, Sueli Araújo, Djanira 2016 UNINOVE Gest. E Prát. Educ Santo André
SP
Creche Pública
4 - Intervenção
Pesquisa-ação Vercelli, Lígia Máximo, Luciana 2018 UNESP
SJRPreto Ensino e Proc. Form
São José Rio Preto
SP X 28 Etnográfica Nono, Maevi
T E S E S Brasil, Maria 2016 UERJ Educação
Olho Dágua Borges
RN 2 13
Intervenção
Vasconcellos, Vera Moreira, Ana Rosa
2011 Rio de Janeiro
RJ Creche Filantrópica 23 37 Fonte: Repositórios BDTD e CAPES
Das treze produções científicas selecionadas na BDTD e na CAPES para análise nesta pesquisa, como se pode verificar no Quadro 3, onze são dissertações (SINGULANI, 2009; SIMIANO, 2010; GOBBATO, 2011; TUSSI, 2011; ALVES, 2013; COELHO, 2015; ARAÚJO, 2016; COCITO, 2017; SILVA, 2018; MÁXIMO, 2018; SCHORN, 2018) e duas são teses (MOREIRA, 2011; BRASIL, 2016). Ambas as teses foram realizadas pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ e tiveram a mesma orientadora, Dra. Vera Maria Ramos de Vasconcellos, porém aconteceram em cidades e locais de pesquisa diferentes. A tese de Moreira (2011) foi realizada na própria cidade do Rio de Janeiro/RJ em uma creche institucional filantrópica (única no município não vinculada à Secretaria da Educação) e a tese de Brasil (2016) no município de Olho D’Água do Borges/RN, em uma creche pública municipal.
Com relação à quantidade de publicações por ano, considerando o período de 2009 a 2018 temos: 2009 (01), 2010 (01), 2011 (03), 2013(01), 2015(01), 2016(02), 2017(01) e 2018 (03). Os anos de 2011 e 2018 foram os que mais tiveram produções selecionadas (3 em cada ano). Nos anos de 2012 e 2014 não foi encontrado nenhum trabalho com a temática em questão.
Quanto às universidades onde elas foram produzidas, os dados revelam diversidade, destacando-se a UNESP, com três (03) dissertações, porém, em campi diferentes, sendo Presidente Prudente (COCITO, 2017), São José do Rio Preto (MÁXIMO, 2018) e Marília (SINGULANI, 2009), a UERJ, com duas (02) teses já elencadas anteriormente (MOREIRA, 2011; BRASIL, 2016) e a UFSM também com duas (02) dissertações (TUSSI, 2011; SCHORN, 2018). As duas últimas, embora tenham tido origem no programa de pós-graduação da mesma universidade, suas orientadoras foram diferentes, a de Tussi (2011) foi a Dra. Cleonice Tomazetti e a de Schorn (2018) foi a Dra. Sueli Salva.
Duas (02) pesquisas foram realizadas por meio de Programas de Pós-Graduação de universidades privadas, a de Simiano (2010) pela UNISUL e a de Araújo (2016) pela UNINOVE, as demais todas são advindas de universidades públicas.
Com relação às áreas de pesquisa das publicações selecionadas temos que onze (11) foram oriundas de programas de pós-graduação em Educação (SINGULANI, 2009; SIMIANO, 2010; GOBBATO, 2011; MOREIRA, 2011; TUSSI, 2011; ALVES, 2013; COELHO, 2015; BRASIL, 2016; COCITO, 2017; SILVA, 2018; SCHORN, 2018), uma (01) em programa de Ensino e Processos Formativos (MÁXIMO, 2018) e uma (01) em Gestão e Práticas Educacionais (ARAÚJO, 2016).
Considerando as regiões do Brasil onde as pesquisas de campo selecionadas foram realizadas (tendo em vista a cidade de realização e não a cidade onde se situa a universidade), temos: seis (06) no Sudeste (SINGULANI, 2009; MOREIRA, 2011; COELHO, 2013; COCITO, 2017; ARAÚJO, 2016; MÁXIMO, 2018), quatro (04) no Sul (SIMIANO, 2010; GOBBATO, 2011; TUSSI, 2011; SCHORN, 2018), duas (02) no Nordeste (BRASIL, 2016; SILVA, 2018) e uma (01) no Centro-Oeste (ALVES, 2013).
Quanto ao Sudeste, região com maior número de pesquisas selecionadas, temos representantes de três Estados: São Paulo, quatro (04) pesquisas (Presidente Prudente (COCITO, 2017), Santa Cruz do Rio Pardo (SINGULANI, 2009), Santo André (ARAÚJO, 2016) e São José do Rio Preto (MÁXIMO, 2018)), Rio de Janeiro com uma (01) (na própria capital (MOREIRA, 2011)) e Minas Gerais, também com uma (01) (Governador Valadares (COELHO, 2015)); quanto ao Sul, dois (02) Estados, Rio Grande do Sul com três (03) pesquisas (uma (01) em Porto Alegre (GOBBATO, 2011) e duas (02) em Santa Maria (TUSSI, 2011; SCHORN, 2018)) e uma (01) pesquisa em Santa Catarina (Tubarão (SIMIANO, 2010)); no Nordeste, nos Estados do Rio Grande do Norte com uma (01) (Olho D’Água do Borges, (BRASIL, 2016)) e Sergipe também com uma (01) (Nossa Senhora do Socorro (SILVA, 2018)); por fim, na região Centro-Oeste, uma (01) pesquisa no Estado de Mato Grosso (Cuiabá, ALVES, 2013). Cocito (2017) não realizou pesquisa em campo, por isso não estão descritos a cidade e o local de realização de sua pesquisa.
Quanto à vinculação das creches onde foram realizadas as pesquisas, dez (10) delas (SINGULANI, 2009; SIMIANO, 2010; GOBBATO, 2011; TUSSI, 2011; ALVES, 2013; COELHO, 2015; ARAÚJO, 2016; BRASIL, 2016; SILVA, 2018; MÁXIMO, 2018) foram realizadas em unidades escolares públicas (creches), a pesquisa de Moreira (2011) foi realizada em uma Creche Institucional Filantrópica (única no município do Rio de Janeiro que não está vinculada à Secretaria da Educação) e a de Schorn (2018) em uma escola pública que atende desde os bebês até o nono ano do Ensino Fundamental.
Quanto aos sujeitos participantes da pesquisa, temos duas (02) das pesquisadoras que trabalharam somente com as professoras das turmas em questão: Singulani (2009) e Araújo (2016); duas (02) pesquisadoras que trabalharam somente com os bebês: Coelho (2015) e Schorn (2018); temos as que trabalharam tanto com os bebês como com suas professoras e auxiliares: Simiano (2010), Gobbato (2011), Alves (2013), Brasil (2016), Silva (2018) e Máximo (2018); e por último temos também as que trabalharam com toda a equipe escolar:
Moreira (2011) e Tussi (2011), destacando que Tussi (2011) não trabalhou com os bebês, somente com os adultos da equipe escolar.
Apenas uma dissertação teve como metodologia a pesquisa documental e bibliográfica que foi a de Cocito (2017), as demais utilizaram metodologia de pesquisa em campo, sendo que três delas trabalharam a abordagem etnográfica, duas com a interventiva, uma com estudo de caso, outra com estudo de caso juntamente com interventiva, uma com a pesquisa narrativa e, por fim, uma com a pesquisa-ação.
Entre as técnicas utilizadas para a coleta de dados, exceto a pesquisa de Cocito (2017), que utilizou o levantamento e revisão bibliográfica, as demais pesquisadoras que fizeram pesquisa em campo, utilizaram-se de: Observação: todas (12) utilizaram a técnica da observação, sendo que a maioria delas (08) utilizaram da observação participante; Registro escrito: todas as que usaram da observação (12), também utilizaram o registro escrito, seja em diário de campo, caderno de campo, diário de bordo ou diário digital. O registro por meio de fotos e vídeos também foi amplamente utilizado, por algumas somente fotos (04) por outras fotos e vídeos de forma conjunta (05). Outras técnicas utilizadas pelas pesquisadoras: Entrevista (07), Questionário (03) Momento formativo (01), Roda de Conversa (01), Encontros Temáticos (01) Poema dos Desejos (01) Maquetes da sala desejada (01) ação de follow up (01).
Depois de feita a descrição das produções científicas selecionadas para esta pesquisa, segue-se, na próxima subseção, com a análise de conteúdo, por meio de eixos temáticos.