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Ao apresentar uma pesquisa sobre os jovens em um panorama regional na tentativa de verificar proximidades e distâncias em um perfil de jovem brasileiro,

Lassance (2005) aponta que é “relevante analisar até que ponto o regional particularizaria o jovem” (p. 74), considerando os contrastes e as desigualdades do país. Da mesma forma, as informações obtidas a partir das fichas de matrícula e das entrevistas realizadas no desenvolvimento desta pesquisa mostraram proximidades e distâncias. Assim, salienta-se que a análise e a discussão dos dados referem-se aos jovens da Região Central do estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente aos jovens que realizaram cursos de Formação Inicial Continuada (FIC) através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), oferecidos em uma instituição do Serviço Nacional de Aprendizagem localizada no município de Santa Maria – RS no decorrer do ano de 2013.

Faz-se necessário assinalar também que os egressos entrevistados encontram-se em diferentes momentos da juventude. Neste sentido, a análise dos dados das entrevistas levou em conta a necessidade de considerar a juventude tomada em sua pluralidade, considerando as diferentes inter-relações que buscaram ser identificadas a partir do impacto do curso do PRONATEC tanto na vida do jovem, quanto em sua inserção no mercado de trabalho.

4.1 O levantamento de dados através das fichas de matrícula

Tendo como objetivo geral analisar os impactos efetivos do PRONATEC na vida e na inserção dos jovens no mercado de trabalho, fez-se necessário compreender quem são estes jovens. Para isso, elegeu-se como um dos objetivos específicos identificar o perfil dos jovens egressos dos cursos do PRONATEC.

Nesta pesquisa, levou-se em consideração a redação do Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013b), que dispõe acerca dos direitos, princípios e diretrizes de políticas de juventude. A partir do Estatuto, são definidos os seguintes critérios:

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§ 1o Para os efeitos desta Lei, são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade.

§ 2o Aos adolescentes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as normas de proteção integral do adolescente. (p. 1).

A identificação do perfil dos jovens foi realizada a partir da análise de 415 fichas de matrícula de cinco cursos de FIC, a saber: Auxiliar Administrativo, Costura, Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão, Modelista e Operador de Computador. Nestas fichas constavam informações pessoais como sexo, estado civil, etnia, escolaridade, local de origem e situação ocupacional dos jovens. O recorte das fichas de matrícula utilizado contempla a juventude situada na faixa etária entre 16 e 29 anos, pois os cursos pesquisados são destinados a pessoas com idade igual ou superior a 16 anos.

A tabulação dos dados obtidos em uma Planilha Microsoft Excel 2010 forneceu subsídios para três tópicos que se mostraram pertinentes na identificação do perfil deste jovem. O primeiro tópico, intitulado Jovens do PRONATEC: Quem são?, apresenta as quantificações acerca das características sexo, estado civil, etnia e escolaridade. Estes dados permitiram realizar uma comparação entre as características dos jovens do PRONATEC e as características gerais da população jovem no Brasil.

No segundo tópico, intitulado Jovens do PRONATEC: De onde eles vêm?, foi realizado um mapeamento do local de residência destes jovens. Estes dados podem ser vistos sob dois aspectos: o primeiro mostra os jovens egressos a partir dos municípios onde residem, evidenciando que os jovens não necessariamente realizaram o curso na sede da instituição ofertante das turmas do PRONATEC. O segundo aspecto aponta para a localização dos jovens por região da cidade de Santa Maria, onde a pesquisa foi realizada. Esta localização considerou o agrupamento de bairros de cada uma das regiões administrativas do município.

No terceiro tópico, intitulado Jovens do PRONATEC: A situação ocupacional, foi possível visualizar se o público jovem egresso destes cursos estava inserido no mercado de trabalho por ocasião da matrícula.

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4.1.1 Jovens do PRONATEC: Quem são?

A análise das fichas de matrícula na etapa quantitativa da pesquisa em questão permitiu visualizar as características dos jovens egressos dos cinco cursos de FIC de maior número de turmas ofertadas no ano de 2013 em uma instituição do município de Santa Maria. Nesta etapa da análise, apresentaram-se as características dos jovens egressos relacionadas ao sexo, ao estado civil, à etnia e à escolaridade.

Contudo, um dado relevante e que seria interessante de analisar diz respeito à questão da renda do jovem e de sua família, pois os cursos de FIC do PRONATEC destinam-se em especial “a pessoas em vulnerabilidade social e trabalhadores de diferentes perfis” (CASSIOLATO; GARCIA, 2014, p. 36). Entretanto, estes dados não constavam na ficha de matrícula e verificá-los junto aos jovens acarretaria contatar a todos para ter acesso a estas informações. Neste sentido, seria necessário um maior tempo para a apuração destes dados, e considerando o período estimado para a execução da pesquisa, este procedimento acabou se tornando inviável.

Os dados disponíveis nas fichas de matrícula permitiram uma fotografia dos jovens egressos, sendo possível verificar diversas características em conjunto com os dados apontados em uma pesquisa por Abramo (2009), na qual o “universo da mostra foi composto por 3.500 entrevistados/as com mais de 18 anos de idade, dando destaque especial ao estrato jovem, de 18 a 29 anos, em função do objetivo

central da investigação” (p. 4).

Também foram utilizados dados do Censo 2010 (BRASIL, 2010a) e da Pesquisa Nacional Sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros (BRASIL, 2013f), publicação da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). A referida pesquisa é:

[...] estatisticamente representativa do universo da população entre 15 e 29 anos, residente no território brasileiro. Para tal, valeu-se de uma amostra composta por 3.300 entrevistas, distribuídas em 187 municípios, estratificados por localização geográfica (capital e interior, áreas urbanas e rurais) e em tercis de porte (municípios pequenos, médios e grandes), contemplando as 27 Unidades da Federação. (BRASIL, 2013f, p. 11).

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Para identificar o perfil dos jovens, partiu-se das informações disponíveis nas fichas de matrícula. Aqui, são apresentadas as porcentagens referentes ao sexo, estado civil, etnia e escolaridade. No Gráfico 1, “Jovens por sexo”, os dados apresentados são referentes ao número de jovens egressos do sexo masculino e do sexo feminino.

Gráfico 1: Jovens por sexo.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor com base nas fichas de matrícula.

A pouca diferença verificada na porcentagem da distribuição dos sexos confirma os dados de um relatório de pesquisa sobre juventudes no Brasil coordenado por Abramo (2009), o qual aponta um leve desequilíbrio dentre a população juvenil, em torno de 2%, também com pequeno predomínio feminino. Este mesmo dado também pode ser verificado nos resultados da Pesquisa Nacional Sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros e aponta a distribuição entre os sexos feminino e masculino no segmento juvenil de 50,4% e 49,6% respectivamente (BRASIL, 2013f).

Considerando os cursos pesquisados (Auxiliar Administrativo, Costura, Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão, Modelista e Operador de Computador), percebeu-se que a proporção entre homens e mulheres se manteve especialmente em virtude de esta análise contemplar o conjunto dos cinco cursos de FIC em todas as turmas de egressos. Ao analisar curso por curso, turma por turma, percebeu-se, no entanto, uma discrepância entre os valores. Havia turmas onde os

Masculino 49,40% Feminino

50,60%