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Quando se trata de avaliar o desempenho acadêmico, é unanimidade na literatura as dificuldades que se interpõem à realização dessa tarefa devido à grande quantidade de variáveis que devem ser consideradas. O que hoje é utilizado nas universidades para decisões e progressões, como critérios de desempate para monitoria e escalonamento de matrícula, é a nota obtida nas disciplinas, o que motivou a escolha do CR como um indicador do desempenho acadêmico dos estudantes neste trabalho.

Uma abordagem descritiva e comparativa foi aplicada aos dados coletados utilizando o CR e as variáveis socioeconômicas de categoria de cota, sexo, etnia, origem escolar, idade, renda familiar, participação na renda familiar, número de vezes que fez vestibular na UFBA, estado civil e ano que concluiu o ensino médio. A intenção foi verificar se existe uma relação entre o perfil socioeconômico e o desempenho, influenciando no resultado de cada grupo em estudo. Para isso, foi utilizada a média aritmética dos CR28 calculados por grupos de

estudantes.

Lembrando que os dados socioeconômicos foram coletados no momento do vestibular dos estudantes e estes não foram atualizados durante a graduação, mas este fato não diminui a importância de sua análise.

Foram realizados testes estatísticos para verificar a existência de diferença entre as médias dos CR dos grupos dos estudantes do curso de Medicina ingressantes em 2012, utilizado o teste t-Student na comparação de duas médias e o teste ANOVA na comparação da média do CR em dois ou mais grupos.

Os gráficos Box-Plot também foram utilizados, pois permitem uma visualização das diferenças e semelhanças entre os grupos pesquisados29; os testes estatísticos, por sua vez,

comprovam a existência ou não destas diferenças.

O Quadro 4 nos diz que os estudantes do curso de Medicina oriundos do BI que apresentaram maiores médias são mulheres, solteiras, com origem escolar no sistema privado,

28 O CR dos estudantes foi calculado levando em consideração os 10 primeiros semestres do curso (entre 2012 e

2016).

29 O Box Plot (também chamado de box e whisker plot) é um método alternativo ao histograma para representar

os dados. O Box Plot fornece informação sobre as seguintes características do conjunto de dados: localização, dispersão, assimetria, comprimento da cauda e outliers (medidas discrepantes). O grande objetivo é verificar a distribuição dos dados. Assim, as conclusões que tiramos ao analisar um box plot são: centro dos dados (a média ou mediana), a amplitude dos dados (máximo – mínimo), a simetria ou assimetria do conjunto de dados e a presença de outliers.

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que prestaram vestibular 2 ou 3 vezes, estão na faixa etária entre 35 e 39 anos, possuem renda familiar entre 3 e 10 salários mínimos e foram classificados no vestibular na categoria de cota E. Já os estudantes ingressantes pelo vestibular são mais novos, entre 16 e 19 anos, mulheres, solteiras que acabaram de concluir o ensino médio, de escola privada, possuem renda familiar maior que 40 salários mínimos e foram classificados no vestibular na categoria de cota E.

QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS DOS INGRESSANTES EM MEDICINA DA UFBA NO ANO DE 2012 QUE APRESENTARAM MAIORES MÉDIAS NO DESEMPENHO

ACADÊMICO.

ATRIBUTO EGRESSOS DO BI FORMA DE INGRESSO VESTIBULAR Estado Civil Solteiro (7,62) Solteiro (7,79) Número de vezes que prestou

vestibular30 2 vezes (7,68) 3 vezes (7,67) Nenhuma (8,22)

Sexo Feminino (7,36) Feminino (7,97) Origem Escolar Privado (7,82) Privado (7,97)

Etnia/Raça Outros (7,90) Aldeado (8,20) Outros (7,91) Idade/Faixa Etária 35 a 39 anos (7,85) 16 a 19 anos (7,99)

Renda Familiar

Maior que 3 e menor que 5 salários mínimos (7,59) Maior que 5 e menor que 10

salários mínimos (7,60)

Maior que 40 salários mínimos (8,45) Cota Classificação Vestibular31 E (7,82) E (7,97)

Fonte: Elaborado pela autora com base no questionário socioeconômico e base de dados UFBA- PROGRAD/SSOA.

Analisando as médias do CR por estado civil, percebe-se que os estudantes solteiros possuem uma média superior aos estudantes casados tanto no BI quanto no vestibular (Gráfico 14). Entretanto, como essas diferenças das médias não foram estatisticamente significantes, podemos assim concluir que o estado civil não tem influência no desempenho dos estudantes do curso de Medicina ingressantes em 2012.

30 No grupo do BI, esses dados correspondem ao ingresso do estudante no BI em 2009, e não no curso de

Medicina.

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GRÁFICO 14 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E ESTADO CIVIL

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Outra variável analisada foi o número de vestibulares prestados anteriormente na UFBA em relação ao desempenho. Conforme pode ser verificado no Gráfico 15, as médias do CR dos estudantes que ingressaram pelo vestibular são superiores na maioria das opções em relação aos estudantes egressos do BI, com exceção dos estudantes que tentaram 3 vezes o vestibular na UFBA. Porém a única diferença estatisticamente significante32 ocorreu no grupo

de estudantes que não tinha prestado o vestibular da UFBA nenhuma vez anteriormente; nos demais, a diferença entre a média dos rendimentos (CR) não foi influenciada pela quantidade de vestibulares prestados.

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GRÁFICO 15 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA, INGRESSANTES EM 2012, POR FORMA DE

INGRESSO E NÚMERO DE VESTIBULARES NA UFBA

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Em relação à variável sexo e forma de ingresso, o Gráfico 16 informa que a média dos CR é maior no grupo dos estudantes que ingressaram via vestibular para ambos os sexos. Quando verificada a média do CR entre os sexos, observamos que as mulheres possuem uma média significativamente maior no grupo ingressante pelo BI e nos estudantes ingressantes pelo vestibular.33 Esse também foi o resultado encontrado por Almeida, Cassuce e Cirino

(2016), em sua pesquisa na Universidade Federal de Viçosa (UFV), que constataram que os estudantes do sexo masculino possuem um desempenho inferior ao do sexo feminino. Outras pesquisas realizadas por Da Silva e Dos Santos (2004) e Barros e colaboradores (2001) confirmam que o desempenho acadêmico das mulheres é superior ao dos homens.

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GRÁFICO 16 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E SEXO

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Os resultados encontrados no curso de Medicina da UFBA apresentam os mesmos resultados encontrados na pesquisa realizada por Da Silva e Dos Santos (2004), que estudaram o desempenho acadêmico dos estudantes oriundos de universidade privada, em diferentes cursos, evidenciando que as mulheres possuem um desempenho acadêmico maior em relação aos homens independente do curso.

Considerando a origem escolar dos estudantes do curso de Medicina do ano de 2012, fica evidente, pelo Gráfico 17, que o desempenho acadêmico no grupo vestibular é sempre maior do que no grupo de egressos do BI, independente da origem escolar. Essa diferença é ainda maior comparando os estudantes oriundos de escola pública de cada grupo. Enquanto o grupo de egressos do BI oriundos de escola pública apresenta uma média de 6,71, o grupo do vestibular que estou em escola pública possui uma média de 7,59, uma diferença estatisticamente significativa34. Para os estudantes oriundos de escolas privadas, a diferença

de médias do CR não foi significativa.

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GRÁFICO 17 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E ORIGEM ESCOLAR

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Carvalho e Cerqueira (2015), ao analisar o desempenho dos estudantes do curso de Medicina no Brasil, observaram que os estudantes oriundos de escola particular apresentam um desempenho acadêmico (CR) maior que os estudantes provenientes de escola pública. Este fato demonstra que as políticas de reserva de vagas ainda são necessárias para permitir o ingresso de estudantes provenientes de escolas públicas nos cursos de maior demanda e prestígio social.

Rocha, Leles e Queiroz (2018), em seu estudo sobre os fatores que interferem no desempenho acadêmico dos estudantes de Nutrição, identificaram que os estudantes das instituições de ensino superior públicas apresentam melhor desempenho em relação às instituições privadas. Esses autores sugerem que isso ocorre pelo fato de as instituições públicas apresentarem processos seletivos de maior concorrência e um ensino de maior qualidade, conseguindo selecionar os estudantes que apresentam maior potencial e acúmulo de conhecimento.

No cruzamento das variáveis sexo e origem escolar por formas de ingresso no curso de Medicina em 2012, fica evidente, conforme Tabela 7, que as médias dos estudantes oriundos de escola privada são superiores tanto no BI quanto no vestibular, independente do sexo dos estudantes.

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TABELA 7 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO, SEXO E ORIGEM ESCOLAR Sexo BI Vestibular

Público Particular Público Particular

Feminino 6,59 7,84 7,85 8,03

Masculino 6,87 7,76 7,46 7,91

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

O resultado dos testes estatísticos considerando as variáveis origem escolar e sexo mostrou que não há diferença estatisticamente significativa para o sexo masculino de escola pública ou privada e nem para o sexo feminino de escola privada qualquer que seja a forma de ingresso. Porém, no grupo dos estudantes de escola pública e sexo feminino oriundos do vestibular foi encontrada uma diferença estatisticamente significativa35.

Outra forma de analisar o rendimento acadêmico foi considerando a variável etnia. Para isto, foi construído o Gráfico 18. Nele, fica evidente que o grupo de estudantes que ingressaram via vestibular supera o grupo dos egressos do BI na média do CR em todas as etnias. Aplicados os testes estatísticos, foram encontradas diferenças significativas36 nos

grupos de estudantes pardos e pretos. Em ambos os grupos, a diferença encontrada foi favorável aos estudantes ingressantes pelo vestibular. Observamos também que, no ano de 2012, o ingresso de estudantes aldeados, índio descendente e quilombola ocorreu apenas via vestibular.

35Feminino/ Pública - Teste de diferença entre duas médias t-Student (t = -3,589; p<0,001) 36 Pretos - Teste de diferença entre duas médias t-Student (t = -3,157; p<0,01)

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GRÁFICO 18 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E ETNIA

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Quando combinamos as variáveis sexo, etnia e desempenho acadêmico, confirma-se o resultado encontrado com a variável etnia, conforme Tabela 8. Neste caso, o sexo dos estudantes não influenciou o desempenho acadêmico dos grupos por etnia, a não ser quando se comparou a média do CR entre as mulheres pardas por forma de entrada. A média das mulheres pardas oriundas do vestibular foi significativamente37 maior do que as oriundas do

BI. A Tabela 8 demonstra, também, que as menores médias pertencem aos negros do BI independente do sexo.

TABELA 8 – MÉDIA DOS COEFICIENTES E RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA, INGRESSANTES EM 2012, POR FORMA DE

INGRESSO, SEXO E ETNIA

Sexo BI Vestibular

Outros Preto Pardo Outros Preto Pardo

Feminino 7,92 6,25 7,46 7,93 7,90 8,00

Masculino 7,80 6,70 7,28 7,88 7,53 7,70

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

A idade pode ser considerada um fator importante que influencia no entrosamento entre os estudantes e formação de grupos dentro do curso. Considerando essa variável, pode- se observar, no Gráfico 19, que apenas o grupo do BI possui estudantes com idade maior que

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45 anos e estudantes com idade inferior a 20 anos aparecem somente no grupo de ingressante pelo vestibular. Os estudantes no grupo do BI com faixa etária menor tiveram um desempenho acadêmico melhor se comparado com as faixas etárias mais altas, o que não acontece no grupo do vestibular, em que os estudantes das faixas etárias intermediárias possuem desempenho menor.

GRÁFICO 19 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E FAIXA ETÁRIA

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

No estudo realizado por Almeida, Cassuce e Cirino (2016) sobre o desempenho acadêmico na Universidade Federal de Viçosa, foi identificado que a variável idade é significativa para determinar o desempenho acadêmico dos estudantes, confirmando que estudantes mais novos recém-saídos do ensino médio conseguem um melhor desempenho. Apesar de os estudantes com a faixa etária menor (16-19 anos) apresentarem as maiores médias de CR no grupo de estudantes analisados neste trabalho, após a aplicação dos testes estatísticos considerando a variável faixa etária e forma de ingresso, não foi encontrada uma diferença significante nas médias dos CR de nenhuma das faixas etárias deste estudo.

Após adicionar a variável origem escolar à análise da faixa etária por forma de ingresso, conforme Tabela 9, e repetir os testes estatísticos, encontramos uma diferença significante das médias do CR apenas entre os estudantes da faixa etária de 20 a 24 anos oriundos da escola pública. A média do CR igual a 7,47 dos jovens de 20 a 24 anos oriundos de escola pública

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ingressantes pelo Vestibular foi significativamente maior38 do que dos oriundos de escola

pública ingressantes pelo BI, cuja média foi 6,57.

TABELA 9 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO, FAIXA ETÁRIA E ORIGEM ESCOLAR

Faixa Etária BI Vestibular

Público Particular Público Particular

16-19 - - 7,91 8,04 20-24 6,57 7,82 7,47 7,86 25-29 7,70 7,80 6,60 7,80 30-34 6,10 - - - 35-39 7,80 7,90 6,90 - 40-44 - - 7,70 - 45-49 6,70 - - - Acima de 50 7,25 - - -

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Analisando o Gráfico 20, identificamos que as médias do CR em relação à renda total familiar por forma de ingresso no curso de Medicina em 2012 no grupo do vestibular são maiores que as médias do grupo do BI, independente da faixa salarial da família. Porém, dentro de cada faixa salarial, não há diferenças estatisticamente significantes entre as médias de CR dos estudantes que ingressaram pelo vestibular ou pelo BI. Os estudantes com as maiores rendas são os que apresentam as maiores médias do CR, o que aponta, provavelmente, para um maior preparo para lidar com o ambiente acadêmico. Além disso, esse grupo é proveniente do vestibular, demonstrando como a seletividade nesse processo é elevada.

Em um estudo realizado na UFBA com estudantes matriculados entre 2010 e 2012 em todos os cursos de graduação, Tiryaki (2014) identificou que o desempenho dos estudantes que possuem renda familiar maior que cinco salários mínimos é superior ao desempenho de estudantes com renda inferior. Porém Bacarro (2014) chega a uma conclusão diferente em sua pesquisa com estudantes concluintes que ingressaram na USP em 2005, 2006 e 2007, verificando que quanto maior a renda familiar menor o rendimento acadêmico dos estudantes e, entre aqueles com melhor rendimento estão mulheres com baixa escolaridade dos pais e provenientes de escola pública.

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GRÁFICO 20 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E RENDA TOTAL FAMILIAR

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Analisando as médias do coeficiente de rendimento em relação às categorias de reserva de vagas (cotas) de ambos os grupos, observamos que as médias do CR foram maiores no grupo dos estudantes oriundos do vestibular em todas as cotas (Gráfico 21). Entretanto, só se verifica uma diferença estatisticamente significante nas médias de CR obtidas pelos estudantes pretos e pardos do ensino público (cota A) e pelos estudantes de qualquer etnia do ensino público (cota B) por forma de ingresso39. Para os estudantes não cotistas (cota E) essa

diferença não se verifica.

39 Cota A e forma de ingresso: Teste de diferença entre duas médias t-Student (t = -4,543; p<0,01)

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GRÁFICO 21 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E COTA40

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Agrupando os estudantes em apenas dois grupos de cotas41 - cotistas e não cotistas -

fica confirmado que o desempenho dos estudantes no grupo do vestibular é maior em qualquer um dos agrupamentos das cotas (Gráfico 22). No grupo cotista, a média de CR igual a 7,59 para oriundos do vestibular foi estatisticamente superior à média dos estudantes egressos do BI, cuja média foi 6,71 42. Entre os não cotistas, não houve diferença das médias

do CR por forma de ingresso, como assinalado na análise anterior.

40 As categorias definidas para o sistema de Cotas da UFBA são:

- Categoria A - candidatos de Escola Pública que se autodeclararam pretos ou pardos (36,55% das vagas); - Categoria B - candidatos de Escola Pública de qualquer etnia ou cor (6,45% das vagas);

- Categoria C - candidatos de Escola Privada que se autodeclararam pretos ou pardos (não tem vagas fixas, esta categoria é utilizada quando as vagas das categorias A e B não são totalmente preenchidas);

- Categoria D - candidatos de Escola Pública que se autodeclararam índio descendente (2% das vagas);

- Categoria E - todos os candidatos, qualquer que seja a procedência escolar e a etnia ou cor (não cotista) (55% das vagas);

- Categoria F - candidatos de Escola Pública que se autodeclararam aldeados ou quilombolas (reserva de duas vagas em cada curso).

41 Não cotistas – cota E; Cotistas – cotas A, B, D, F

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GRÁFICO 22 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO E COTISTA

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

Nas análises realizadas por Santiago (2016) com o desempenho dos concluintes cotistas e não cotistas da Universidade Federal de Ouro Preto, entre 2011 e 2014, foi observado que, apenas em 2011, os cotistas tiveram rendimento abaixo dos não cotistas. Em todos os outros anos, os cotistas possuíam rendimento superior. Analisando os cursos separadamente, em 2005 e 2006, os estudantes não cotistas de Medicina superaram os cotistas apenas em 2005. Já no estudo realizado por Carvalho e Cerqueira (2015), ao analisar o desempenho dos estudantes do curso de Medicina no Brasil, foi observado que o desempenho dos estudantes não cotistas era superior ao desempenho dos estudantes cotistas.

Ao analisar a situação de estudante cotista e não cotista sob a perspectiva da renda total da família, fica claro que a maior média de coeficiente de rendimento pertence ao grupo de estudantes não cotistas do vestibular com renda familiar maior que 40 salários mínimos e as menores estão entre os cotistas do BI independente da renda familiar do estudante. Como apresenta o Gráfico 23, as maiores médias estão nos grupos dos não cotistas independente da forma de ingresso e renda familiar.

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GRÁFICO 23 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO, RENDA FAMILIAR E COTISTA

Fonte: Elaborado pela autora com base no SIAC/PROGRAD/UFBA e questionário socioeconômico PROGAD/SSOA/UFBA.

A Tabela 10 demonstra que a média dos coeficientes de rendimentos dos estudantes pardos ingressos no curso de Medicina em 2012 pelo vestibular com renda familiar maior que 40 salários (8,55) é a maior das médias de CR, especialmente quando comparada com a média de estudantes não cotistas ingressos pelo vestibular (8,45), como visto no Gráfico 23. Isto sugere que os estudantes com as maiores rendas familiares apresentam os melhores desempenhos acadêmicos em toda a população deste estudo. Como é possível verificar ainda na Tabela 10, as menores médias de CR estão entre os estudantes pretos egressos do BI independente da renda familiar e dos estudantes pardos ingressantes pelo vestibular com renda menor que um salário mínimo. Esse resultado confirma a necessidade de políticas de ações afirmativas pela comprovação de existência de desvantagens para os pretos e pardos na sociedade baiana.

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TABELA 10 – MÉDIA DOS COEFICIENTES DE RENDIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UFBA INGRESSANTES EM 2012 POR FORMA DE

INGRESSO, RENDA FAMILIAR E ETNIA

Renda da Família BI Vestibular Outros Preto Pardo Outros Preto Pardo Até 1 salário mínimo - - - 7,40 - 6,93 Maior que 1 salário até 3 salários mínimos - 5,70 7,10 7,85 7,25 7,91 Maior que 3 salários até 5 salários mínimos 8,10 7,00 7,63 7,80 7,80 7,87 Maior que 5 salários até 10 salários mínimos 7,83 - 7,45 8,15 7,73 7,67