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Análise do episódio do verão (janeiro de 2014)

No documento O clima urbano de Rancharia (SP) (páginas 136-142)

Foto 9: Veículo equipado com haste para o transecto móvel

7. A temperatura e a umidade relativa do ar em Rancharia (SP): resultados obtidos a

8.1 Análise do episódio do verão (janeiro de 2014)

A Tabela 4 mostra a velocidade do vento, os sistemas atmosféricos e as diferenças térmicas e higrométricas verificadas no momento da aquisição dos dados.

Tabela 4: Temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar (%) máxima, mínima, diferença térmico-higrométrica, ventos e sistemas atmosféricos atuantes nos dias dos registros pelos transectos móveis em janeiro de 2014 – Rancharia (SP).

Data T°C

Máx T°C Mín Diferença Térmica UR% Máx UR% Mín Higrométrica Diferença Ventos (m/s) atmosféricos Sistemas

05/01/14 23,8 21,6 2,2 86 74 12 2,8

Leste mTa

09/01/14 27,4 23,9 3,5 86 68 18 0,6

Leste Frente fria

19/01/14 28,9 24,3 4,6 65 54 11 0,2 Sudeste/ Nordeste mPt 20/01/14 30,7 26,1 4,6 65 54 11 1,7 Leste/ Nordeste mPt 29/01/14 30,2 25,5 4,7 57 30 27 0,6 Leste mTa

Fonte dos dados: Trabalho de campo realizado em janeiro de 2014. Dados de velocidade dos ventos: INMET, estação automática Rancharia e Presidente Prudente (SP). Organização:

Danielle F. Teixeira (2014).

No dia 05 de janeiro, domingo, foi realizado o primeiro transecto móvel do episódio do verão. Às 21 horas, o vento apresentava a velocidade de 2,8 m/s, proveniente do quadrante leste54. Atuava na região a Massa Tropical Atlântica e não houve registro de precipitação

neste dia, mas no dia anterior foram registrados 12 milímetros55. A temperatura máxima

registrada durante o dia foi de 30,5°C e a mínima foi de 19,5°C. A umidade relativa do ar variou entre 92,6% e 65,5%56.

Foi diagnosticada a ICU com a intensidade de 2,2°C (Prancha 4), o que a qualifica como uma ICU de moderada magnitude. O seu núcleo se posicionou na intersecção das avenidas percorridas na área central, local de uso comercial. Apesar de ser domingo, o

54 Fonte: INMET.

55 Dados disponibilizados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

56 Dados do ponto fixo rural, pois no mês de janeiro a estação automática do INMET não registrou dados

comércio local apresentava movimento em função dos bares e lanchonetes frequentados pelos citadinos e as vias contavam com tráfego médio de veículos.

A ilha seca ficou posicionada juntamente ao núcleo da ICU. A Ilha úmida alcançou a intensidade de 12%. As áreas periféricas a leste e oeste que correspondem a áreas de menor densidade de edificações e de transição urbano-rural formaram ilhas frescas e ilhas úmidas. Analisando os perfis longitudinal e latitudinal (prancha 5), é possível perceber que as maiores temperaturas e os menores valores de umidade relativa foram registrados nas áreas densamente construídas, notadamente no centro. Além disso, o trajeto oeste-leste apresenta maior diversidade no padrão de uso e ocupação da terra urbana, o que justifica a maior variação térmico-higrométrica verificada.

Outro padrão observado nos transectos foi um bolsão de ar frio e úmido delimitado no setor leste, no final do percurso oeste-leste, que corresponde a área de transição do urbano- rural e coincide com a proximidade de um fundo de vale.

No dia 09 de janeiro, quinta-feira, foi registrado 6 mm de chuva57 em Rancharia, decorrente do ingresso de uma frente fria no Estado de São Paulo. Às 21 horas o vento apresentou a velocidade de 0,6 m/s, proveniente de leste58 e a diferença verificada entre a maior e a menor temperatura no percurso foi de 3,5°C, uma ICU classificada como moderada intensidade (prancha 4). A diferença higormetrica foi de 18%, sendo que o ponto mais úmido marcou 86% e o mais seco registrou 68%. Houve um padrão de aquecimento no centro urbano em relação à periferia repetindo a configuração do transecto do dia 05 de janeiro.

A porção leste nos dois episódios (05 e 09 de janeiro) se caracterizou como uma ilha de frescor e uma ilha úmida de maiores intensidades. Neste episódio, a temperatura máxima registrada no trajeto foi de 27,4°C no centro da cidade, enquanto que a menor temperatura foi de 23,9°C na transição para o ambiente rural. Os valores da umidade relativa apresentaram a variação de 68% a 86% nestas mesmas posições. Os perfis dos trajetos (Prancha 5) ilustram a repetição do mesmo padrão térmico e higrométrico do transecto anterior (05/01/14), com o centro urbano mais aquecido e menos úmido, comparado com as áreas periféricas.

O transecto do dia 19 de janeiro aconteceu em um domingo, véspera de feriado. Atuou neste período a massa Polar Tropicalizada, que garantiu temperaturas absolutas elevadas. Durante o dia, a temperatura máxima registrada no ponto fixo rural foi de 31°C enquanto a mínima foi de 19,4°C. Às 21 horas, os ventos eram oriundos do sudeste e de nordeste,

57 Dados disponibilizados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). 58 Fonte: INMET.

estavam fracos, apresentando a velocidade de 0,2 m/s59. A diferença obtida entre os pontos de

registro do transecto móvel foi de 4,6°C, considerada como forte intensidade. No percurso, o ponto mais úmido registrou 65% e o mais seco marcou 54% de umidade relativa do ar. As diferenças térmico-higrométricas obtidas no percurso estão exibidas na prancha 4. Da mesma forma, as ilhas secas se concentraram no centro densamente construído e as ilhas úmidas posicionaram-se nas áreas periféricas. Verificou-se o padrão de aquecimento do centro urbano (Prancha 4), enquanto que ilhas frescas se concentraram nas áreas periféricas a leste, oeste e sul.

No dia 20 de janeiro, segunda-feira, foi feriado municipal. Atuou na região a massa Polar Tropicalizada, sistema que garantiu estabilidade atmosférica. A velocidade do vento às 21 horas registrou 1,7 m/s, proveniente de leste e nordeste60. Não ocorreu precipitação no dia

nem nos dias que antecederam a coleta dos dados. Neste transecto, a ICU atingiu a intensidade de 4,6°C e a ilha úmida foi de 11% (Prancha 4).

Foi possível verificar no perfil latitudinal e longitudinal (Prancha 5) que o ponto inicial do trajeto norte-sul, caracterizado como uma área de transição do rural para a área urbana se apresentou tão aquecido quanto o centro urbano e esteve mais aquecido e seco do que áreas igualmente definidas como área de transição rural-urbana. Ao norte, configurou um bolsão de ar quente entendido como calor antropogênico gerado por carros estacionados na via percorrida pelo transecto (sentido norte-sul) além dos refletores acesos no estádio de futebol da Vila Matarazo, pois no momento do registro dos dados, acontecia a 5ª Copa Eco Turística Mercosul de Futebol em Rancharia, evento realizado entre os dias 17 e 24 de janeiro de 2014.

O dia 29 de janeiro, quarta-feira, marcou o último dia de coleta de dados através do transecto móvel. Neste dia, sob condições de estabilidade atmosférica proporcionadas pela ação da massa Tropical Atlântica, a temperatura máxima do dia foi de 31,7°C e mínima de 20,3°C61. Às 21 horas o vento estava fraco, apresentava velocidade de 0,6 m/originário de

leste. A maior temperatura verificada no percurso foi de 30,2°C, registrada em área de grande adensamento urbano, com uso comercial, enquanto que a menor temperatura foi 25,5°C, anotada em área do rural próximo. Neste episódio foi diagnosticada a ilha de calor de forte magnitude, a maior diferença constatada no trabalho de campo que foi de 4,7°C (Prancha 5).

59 Fonte: INMET.

60 Fonte: INMET.

61 Dados registrados no ponto fixo rural.

É possível perceber que o ar mais aquecido ficou mais distribuído em toda a malha urbana, desde o setor central, estendendo-se ainda para as porções norte e sul da cidade e que a ICU teve dois núcleos na porção central. A maior intensidade da ilha seca também foi verificada neste episódio que registrou 27% de diferença higrométrica (Prancha 4). A umidade relativa do ar estava baixa, sendo que o ponto mais úmido marcou 57% e o mais seco registrou 30%. As ilhas secas ficaram definidas a partir de dois núcleos no centro (Prancha 5), relacionadas com a maior temperatura do ar no local. A ilha de frescor ficou bem configurada na porção leste do perímetro urbano, coincidindo com a distribuição da ilha úmida.

Nos cinco monitoramentos realizados em janeiro ficou estabelecido o padrão de aquecimento centro-periferia. Os maiores gradientes térmicos e higrométricos dependeram da estabilidade atmosférica, que foi determinada por ventos fracos e sem precipitação. O adensamento urbano, as funcionalidades urbanas e a densidade de vegetação arbórea foram elementos que influenciaram na característica da temperatura e da umidade relativa do ar, pois os maiores gradientes se distribuíram nas áreas densamente construídas. As ilhas de frescor e as ilhas úmidas ficaram delimitadas nas áreas com maior cobertura vegetal ou do rural próximo.

Prancha 4: Diferença térmica e higrométrica obtida pelo transecto móvel, 21 horas, janeiro de 2014, Rancharia (SP).

Diferença térmica, 05/01/2014. Diferença térmica, 09/01/2014. Diferença térmica, 19/01/2014. Diferença térmica, 20/01/2014. Diferença térmica, 29/01/2014.

Prancha 5: Perfis longitudinal e latitudinal da temperatura e umidade relativa do ar (valores absolutos) registrada às 21 no percurso do transecto móvel, janeiro 2014.

Temperatura e umidade relativa do ar, 05/01/2014. Temperatura e umidade relativa do ar, 09/01/2014. Temperatura e umidade relativa do ar, 19/01/2014.

No documento O clima urbano de Rancharia (SP) (páginas 136-142)