3 GASTOS PÚBLICOS EM EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE DA 6.3 ANÁLISE DO GASTO POR PERÍODO E POR FAIXA POPULACIONAL Dessa forma, no gráfico 8, é observado uma ligeira queda da proporção do gasto com relação ao fundo de participação dos municípios em 2010 nos municípios de 50 a 99.999 mil habitantes e acima de 500 mil habitantes. Já os municípios de até 4.999 mil habitantes apresentaram uma queda, muito pequena, iniciando uma leve recuperação em 2012. De forma geral, as faixas que obtiveram maior grau de volatilidade foram os municípios acima de 50 mil habitantes, sendo o comportamento mais estável durante o período nos municípios de abaixo dessa faixa. 40 GRÁFICO 8 – GASTO EM EDUCAÇÃO COM RELAÇÃO AO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO (FPM) DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES, POR ANO E POR FAIXA POPULACIONAL. FONTE: IBGE (2018); Tesouro Nacional (2018). Nota: Elaborado pelo autor. Já gráfico 9 ilustra o comportamento do gasto em educação com relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do recorte temporal. Assim, há uma nova evidência empírica da estabilidade dos gastos em educação com relação ao PIB. Uma tendência de queda ao longo do tempo é observada nos municípios de até 99.999 mil habitantes enquanto os municípios acima de 100 mil habitantes possuem uma neutralidade maior a um possível aumento ou queda no PIB. Contudo, o comportamento de queda vinha se concretizando desde 2007, sendo o ápice em 2013, o que sugere uma que o comportamento do gasto com relação ao PIB não se alinha com o comportamento observado pelo IDEB. 41 GRÁFICO 9 – GASTO EM EDUCAÇÃO COM RELAÇÃO AO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES, POR ANO E POR FAIXA POPULACIONAL. FONTE: IBGE (2018); Tesouro Nacional (2018). Nota: Elaborado pelo autor. Com relação ao gasto com educação em proporção à Receita Corrente Líquida (RCL), ilustrado pelo gráfico 10, novamente indica um comportamento mais volátil dos municípios superiores a 50 mil habitantes, sendo os municípios de 20 a 49.999 mil os menos voláteis neste período. 42 GRÁFICO 10 – GASTO EM EDUCAÇÃO COM RELAÇÃOA RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (RCL) DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES, POR ANO E POR FAIXA POPULACIONAL. FONTE: IBGE (2018); Tesouro Nacional (2018). Nota: Elaborado pelo autor. Por fim, os gastos com educação com relação à educação não ilustraram uma queda no período de 2009 a 2011, de acordo com o gráfico 11. Dessa forma, não há neste item uma relação direta com o comportamento do IDEB no mesmo período. GRÁFICO 11 – GASTO EM EDUCAÇÃO COM RELAÇÃO A POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES, POR ANO E POR FAIXA POPULACIONAL. FONTE: IBGE (2018); Tesouro Nacional (2018). Nota: Elaborado pelo autor. Com isso, há uma possível evidência de relação entre o comportamento do valor observado do IDEB entre os municípios paranaenses e as variáveis que 43 analisam o comportamento do gasto público com relação ao FPM e a RCL. O período de 2010 a 2012 foram de crescimento do fundo e da receita para o país como um todo assim como para os municípios paranaenses, o movimento de queda, portanto, deve ser analisado como um aumento menos que proporcional do gasto em educação. Entretanto, as faixas populacionais que se apresentaram mais voláteis em termos de crescimento de IDEB apresentaram um comportamento semelhante na análise de acordo com o FPM e RCL. Os municípios de até 4.999 mil habitantes são os possuidores do maior gasto em proporção ao FPM, ao PIB e à População, entretanto possui o menor gasto com relação à RCL. Já os municípios acima de 500 mil, que apresentaram uma maior variância no período analisado, são os responsáveis pelos maiores IDEB do Estado. Esses municípios possuem uma menor proporção do gasto com relação aos itens apresentado, refletindo uma maior independência financeira, porém que não acompanha seu alto dinamismo econômico, apresentando um comportamento engessado do gasto, como analisado pela literatura a respeito. Os municípios de 5 a 99.999 mil habitantes apresentaram, no geral, um comportamento mais consistente ao longo do tempo, mesmo não apresentando os maiores IDEB obtiveram um crescimento pouco volátil e com forte compromisso com a meta estabelecida do índice. Possuem tanto um comportamento estável com relação ao FPM E RCL. É importante analisar que, em períodos de alto crescimento de IDEB, de 2007 a 2009, o FPM dos municípios foi o item que possuiu um aumento claro também neste período, sendo observado, inclusive, uma leve queda na RCL líquida. Com isso é ilustrado um comportamento do IDEB muito próximo do gasto em educação com relação do Fundo de Participação dos Municípios e da Receita Corrente Líquida. Contudo, a revisão bibliografia não contemplou ainda uma análise dessas duas variáveis frente ao gasto. Enquanto municípios menos populosos são mais dependentes do FPM, por possuírem uma menor RCL são, portanto, mais suscetíveis a mudanças nesse fundo. Já os municípios mais populosos são, contudo, mais suscetíveis a mudanças na RCL por terem seus gastos baseados em sua atividade econômica. Um comportamento mais consistente no tempo deve ser o objetivo do Governo do Paraná, sendo este observado em municípios que possuem maior estabilidade do FPM assim como na RCL. 44 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do trabalho foi analisar os efeitos dos gastos públicos municipais em educação sobre a perspectiva do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), nos municípios paranaenses, nos anos de 2007 a 2015. Dessa forma, foi possível uma aproximação da influência das despesas orçamentárias sobre os indicadores de educação. Os principais resultados apontaram elementos convergentes e divergentes frente ao tamanho do gasto em educação e seus efeitos sobre o IDEB. Ao analisar a relação gastos em educação e indicadores do IDEB com algumas variáveis selecionadas, como dependência orçamentária, PIB e população, a discussão sobre o efeito da municipalização da educação pode ser ampliada sobre a luz da separação de peculiaridades de comportamento do gasto, para cada faixa populacional ou nível de atividade econômica. Os municípios de até 4.999 mil habitantes possuem uma maior dependência do FPM, o que pode justificar uma relativa dependência deste fundo para obtenção das metas estipuladas pelo IDEB. Os municípios acima de 100.000 mil habitantes possuem uma maior independência do FPM, contudo possuem também um gasto que não acompanha o tamanho de sua RCL, tendo em vista que são municípios com alta atividade econômica e, portanto, uma grande capacidade de arrecadação. Tal fato torna estes municípios muito instáveis em termos de progressos com o IDEB. Uma trajetória como dos municípios de 5 a 99.999 mil habitantes deve ser almejada pois garante uma consistência temporal interessante para os objetivos de longo prazo do IDEB, estes municípios possuem altos gastos com relação ao FPM e RCL. Portanto, este trabalho é puramente para a indagação de algumas variáveis que podem exercer influências sobre os resultados obtidos nos índices que avaliam a educação neste país. Com isso, é sugerido a aplicação de modelos econômicos mais sofisticados para as futuras contribuições para este tema, de forma a ampliar o entendimento sobre estas variáveis. Contudo, uma conclusão geral sobre a literatura e os dados obtidos é de que a intervenção estatal, de forma a coordenar políticas públicas para o direcionamento de objetivos de longo prazo assim como fornecer recursos para este fim, é crucial 45 para promoção de desenvolvimento do país no sentido de igualar aos países que possuem os melhores índices educacionais. 46 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Diário Oficial da União, 1988. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 1996. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro DE 1966. Código Tributário Nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 1966. BRASIL. Lei nº 9.424, de 24 de dezembro DE 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Brasília: Diário Oficial da União, 1996. BRASIL. Lei nº 11.494, de 20 de junho DE 2007. 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