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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.4. Análise do projeto com relação ao conforto acústico

No contexto da escola de Palmas, ao avaliar os fatores que interferem na propagação dos ruídos, desde sua implantação na malha urbana até a aplicação dos materiais de acabamento utilizados na execução do projeto, percebe-se não serem os mais adequados.

Apesar de ser uma cidade nova com apenas vinte anos, possui problemas próprios das grandes capitais como a falta de terrenos disponíveis adequados e com área suficiente para implantação de equipamentos de grande porte, como é o caso da referida ETI que possui 8.300m2 de área construída e 11.000m2 de área urbanizada. O único terreno disponível da região norte e próximo às áreas de grande demanda de vagas ao ensino fundamental, com área aproximada para comportar a estrutura física, é inadequado para sua implantação, posto estar na esquina de duas avenidas coletoras da cidade: a NS1 com a LO 8, responsáveis pelo trajeto de interligação das quadras internas, ocasionando intenso trânsito de veículos e, por consequência, grandes ruídos.

Todavia, há um fator que favorece a minimização da interferência dos ruídos, apesar de a sua localização ser desfavorável: no horário de tráfego de veículos, que se intensifica das 12 às 13h é hora do almoço, e das 18 às 19h, coincide com o encerramento das atividades que ocorre as 17h30min, ou seja, a poluição sonora externa provocada por isso não interfere no bom funcionamento da escola.

6.4.2. Forma e distribuição interna

Na estrutura do projeto, um dos fatores negativos ocorre em função de o pátio estar acoplado ao bloco das salas de aula, o qual se integra aos demais espaços da escola, ocasionando grande fluxo de circulação de professores e alunos. Essa disposição central provoca problemas que interferem no bom funcionamento da escola, em menor escala nos horários das aulas, exceto nos momentos de troca de turmas que também ocorre no pátio coberto. Nesses momentos e nos intervalos os níveis de ruídos excedem, e muito, aos recomendados pela NBR 10.152 (45-50 decibéis). Os níveis de ruído são altos insuportáveis, atingindo 83 a 98 decibéis, criando um ambiente de trabalho estressante para os discentes e docentes que permanecem por até nove horas diárias na escola.

Por ser uma escola que oferece atividades de currículo regular e complementar, principalmente na área de esportes (figura 48), música (figura 49) e dança, o ideal seria que as distâncias entre os blocos fossem maiores para que a poluição sonora daqueles ambientes não interferisse nas salas de aula, local que exige grande concentração de alunos e professores. Então, para implantação de outras escolas de tempo integral, deste porte, será necessário um terreno maior do que este onde está implantada a escola. Outra solução seria a verticalização do projeto para prevenir os conflitos entre as atividades.

Figura 48: Atividade esporte

Fonte: Secretaria Mun. da Educação de Palmas

Figura 49: Aula de música

6.4.3. Materiais

As características construtivas dos materiais de revestimento aplicados no interior das salas não favorecem a absorção acústica de acordo com a NBR 12.179, ao contrário, a grande maioria apresenta níveis baixos de absorção acústica (tabela 13). As salas analisadas, 3, 7 e 9, no térreo, e 12, 16 e 18, no pavimento superior, possuem:

esquadrias em estrutura de alumínio com vidro comum de 6mm equivalendo a 22% da área do piso;

paredes revestidas com cerâmica 10x10cm até uma altura de 130cm;

pintura em esmalte sintético acima da cerâmica; e piso de granitina.

Material Coeficiente de absorção acústica (500 Hz)

Vidro 6mm 0,03

Cerâmica 0,05

Pintura esmalte sintético 0,03

Piso de granitina 0,01

Tabela 13: Coeficiente de absorção acústica (500 Hz) dos materiais aplicados Fonte: NBR 12.179

6.4.4. Aberturas

Uma das características do projeto é que todas as salas de aula possuem esquadrias em duas extremidades das paredes a fim de favorecer a ventilação cruzada. Como as esquadrias da fachada externa são pivotantes e permanecem na maior parte do tempo abertas, praticamente não há isolamento dos ruídos provenientes das vias urbanas que circundam a escola. Já as janelas voltadas para a circulação permanecem na maior parte do tempo fechadas, para minimizar os ruídos provenientes do pátio coberto. A NBR 12.179 estabelece isolamento de 26 a 32dB ao tipo de vidro aplicado na escola.

No item seguinte, avaliar-se-ão os fatores citados acima, comparando-os com as recomendações estabelecidas pelas normas NBR 12.179 e NBR 10.152.

6.4.5. Medições dos níveis sonoros nos diferentes tipos de ambientes A NBR 10.151 sugere sejam coletados três pontos no interior de cada sala, de acordo com o capítulo 3 da metodologia. Destes obtém-se a média, dados já trabalhados para avaliar se estão em conformidade aos recomendados pela NBR 10.152.

Data 18/3 após às 15h Níveis de Ruído Térreo

Sala Situação Média dos três pontos

Méd. Mím. Méd. Máx.

4 Janela aberta 73,63 73,63

Janela fechada 67,70 74,86

7 Janela aberta Janela fechada 74,30 66,80 74,80 73,40 9 Janela aberta Janela fechada 73,93 64,03 76,03 75,33

Sala prof. Janela aberta 63,26 70,16

Janela fechada 58,86 65,26

1º Pav.

Sala 12 Janela aberta Janela fechada 73,40 63,00 83,06 68,41 Sala 16 Janela aberta Janela fechada 73,60 60,66 80,63 68,30 Sala 18 Janela aberta Janela fechada 73,86 58,06 77,83 62,50 Tabela 14 – Medição de Ruído em determinados ambientes da escola

A tabela 14 mostra que todos os ambientes estão com os níveis de ruído bem acima do recomendado pela NBR 10.152, ou seja, de 40 a 50 decibéis. Nas duas situações, janelas aberta e fechada os níveis estão elevados, sendo que nas fechadas os valores são menores. Este dado confirma o estabelecido na NBR 12.179, ou seja, o nível de isolamento do vidro é baixo.

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