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Análise documental dos dados de observação do contexto

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.3 Análise documental dos dados de observação do contexto

A observação directa do contexto-sala de EP foi concretizada apenas por uma vez, no dia 20 de Janeiro de 2011, durante o período da manhã (com a duração de três horas).

Esta observação do contexto permitiu uma análise mais pormenorizada do ambiente educativo, nomeadamente das áreas existentes, dos instrumentos de trabalho utilizados, da dinâmica/rotina da sala, das próprias crianças e de algumas actividades. Dela resultou o preenchimento de uma grelha de observação (anexo 8), onde se recolheram algumas evidências de colaboração que estão referidas no quadro 4, que se segue:

A análise deste quadro 4 permitiu confirmar algumas das afirmações relativas a evidências incluídas nas categorias de análise formuladas no ponto 4.1, atrás referido. A título de exemplo, salientam-se de seguida os casos referentes à subcategoria com menor incidência em cada uma das categorias:

Quadro 4

Evidências de colaboração observadas no contexto-sala Ao nível da organização do ambiente educativo Ao nível dos instrumentos de trabalho Ao nível da metodologia utilizada Gestão do tempo:

Rotina diária e semanal similar.

Quadros de responsabilidade do grupo:

(Inspirados no Movimento Escola Moderna Portuguesa - MEM)

Mapa de Presenças; Quadro de Tarefas; Quadro das Rotinas; Quadro de Actividades.

Princípios reguladores da acção educativa:

Concepções, crenças e valores; Imagem da criança competente;

Imagem da educadora como mediadora; Ambiente democrático; Dinâmica participativa. Organização do espaço: Áreas de actividades idênticas; Existência da Área dos

Projectos.

Outros instrumentos de trabalho: Plano individual das crianças; Histórias infantis partilhadas.

Metodologia:

Metodologia mista com influência MEM

Metodologia de trabalho de projecto

Metodologia de resolução de problemas

128  Subcategoria A3 – Imagem de si como educadora:

Pela observação directa foi possível constatar que EP se procurou colocar, no seio do grupo, numa posição de mediadora das interacções entre as crianças, fazendo- lhes propostas que se constituem como desafios, tal como a actividade de expressão dramática que realizou no dia da visita ao contexto. A observação realizada corrobora assim perspectiva de Oliveira-Formosinho (2011), que considera que o papel do adulto é mediar a agência da criança através das interacções, pois estas “são meio central de concretização de uma pedagogia participativa” (p. 113) e a análise dessas interacções é que nos permite determinar se estamos perante uma pedagogia transmissiva ou participativa. Deste modo, interagindo na zona de desenvolvimento próximo (ZDP) das crianças, a educadora procurou andaimar, levando-as a atingir níveis de desenvolvimento a que não conseguiriam chegar por si sós (Vygotsky, 1978).

 Subcategoria B2 – Instrumentos de trabalho:

A baixa incidência verificada nesta subcategoria foi colmatada pelos instrumentos de trabalho observados directamente no contexto-sala de EP e pela sintonia que os mesmos evidenciam entre os dois contextos, dado serem inspirados no mesmo modelo curricular, o Movimento da Escola Moderna Portuguesa. Verificou-se que vários quadros de responsabilidade utilizados nas duas salas são idênticos na sua função e formato, como é o caso do Quadro de Presenças, de Tarefas, de Rotinas, de Actividades e também do Plano Individual das crianças. A observação realizada vem, pois, corroborar a perspectiva de Oliveira-Formosinho (2011) de que os instrumentos de gestão são manifestações de uma imagem de criança activa, competente e com direitos.

 Subcategoria C2 – Despiste de NEE:

Mais uma vez, a baixa incidência assinalada neste âmbito, justificada pelo facto de apenas uma criança ter sido submetida a despiste de NEE, foi confirmada no contexto, pelo conhecimento das crianças do grupo e pela identificação das dificuldades manifestadas em vários âmbitos por parte do TR. Foram observadas situações que comprovaram a necessidade de um diagnóstico preciso acerca do problema da criança, dadas as dificuldades que evidenciou em termos da oralidade e compreensão/participação em grupo.

129  Subcategoria D4 – Sentimento de angústia:

Não foi um sentimento que tivesse prevalecido ao longo do tempo e isso foi tão evidente na reduzida incidência que esta subcategoria apresentou, como no ambiente de sala vivenciado aquando da visita presencial ao contexto de EP. No entanto, ao longo do estudo, as referências a este sentimento estiveram quase sempre ligadas à situação de J., pelo que a observação directa foi importante, pois permitiu conhecer a criança e comprovar a sua instabilidade emocional, evidenciada também pela necessidade de proximidade e contacto com o adulto, que manifestou claramente durante o tempo em que decorreu a visita de EI.

 Subcategoria E2 – Clarifica ideias sobre a acção educativa:

Tal como já foi referido anteriormente em diversos pontos, o conhecimento aprofundado que as duas participantes possuem da forma de agir uma da outra, consolidado por este trabalho colaborativo, motivou que fosse desnecessário clarificar ideias sobre a acção educativa nas narrativas, a não ser quando tal foi solicitado por EI.

 Subcategoria F4 – Faz referência ao uso de recursos partilhados:

Os recursos que foram partilhados por meio deste trabalho colaborativo estavam presentes no contexto, como é o caso das histórias referidas nas narrativas/comentários, mas também de outros, como os cartazes utilizados para identificar as áreas de actividade da sala, ou as imagens integradas em quadros de responsabilidade.

 Subcategoria G7 – Controla:

Finalmente, neste âmbito da supervisão, o acto de controlar não é muito compatível com uma parceria horizontal, numa dinâmica que se estabeleceu entre pares, pelo que a baixa incidência de evidências neste âmbito faz sentido e é coerente com o tipo de interactividade estabelecida entre as duas participantes, que motivou uma presença de EI no contexto de EP como observadora-participante, muito bem acolhida pelo grupo de crianças, apesar de ter sido a sua primeira e única visita.

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CAPÍTULO V

CONCLUSÕES

Este capítulo apresenta os resultados finais do estudo desenvolvido, organizando-se da seguinte forma: Conclusões do estudo (5.1); Limitações e constrangimentos (5.2); Recomendações (5.3).

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