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Capítulo 1: Pesquisa bibliográfica

2.5 Análise dos ácidos gordos

2.5.1 Derivatização

De modo a obter a hidrólise dos triglicerídeos e a conversão dos ácidos gordos em FAME, foram comparados, dois processos de derivatização diferentes, “a frio” em meio alcalino, mais rápido e menos agressivo, e “a quente” em meio alcalino e ácido, mais eficiente na derivatização de ácidos gordos livres.

2.5.1.1 Derivatização “a frio”

A fração lipídica foi redissolvida em heptano (3 mL) e adicionou-se Na2SO4 anidro e

KOH em metanol (2M; 200 L), tendo-se agitado em vórtex durante 1 minuto, seguido da adição de NaH2PO4 monoidratado e nova agitação. Após uma centrifugação (3000 rpm, 5

min), o sobrenadante límpido era transferido para frascos de injeção e estes eram armazenados em câmara frigorífica (cerca de 4°C) até à injeção para análise por cromatografia gasosa, no espaço de 24h. Todo este processo de derivatização alcalina foi realizado segundo as normas internacionais, sendo equivalente ao método de transesterificação “rápido” em meio alcalino descrito na norma ISO 12966-2:2011, método a).

2.5.1.2 Derivatização “a quente”

A fração lipídica foi redissolvida em 500 µL de diclorometano e adicionou-se KOH em metanol (0,5M; 1,5 mL). Os tubos de derivatização eram colocados em estufa com circulação de ar (100ºC) durante 10 minutos e depois de arrefecidos, era adicionada solução de BF3 em metanol (14%; 1,5 mL). Estes eram colocados novamente em estufa durante 30

minutos, ao fim do qual era adicionada solução aquosa de NaCl (0,9%; 2,5 mL) e heptano (2 mL). Seguia-se uma centrifugação (3000 rpm, 5 min) e a fase superior era retirada para novos tubos com Na2SO4 anidro. Aos tubos de derivatização era adicionado novamente

heptano para uma segunda extração, seguindo-se uma nova centrifugação (3000 rpm, 5 min), finda a qual a fase superior era retirada e adicionada à fase retirada anteriormente para os novos tubos. No final, agitavam-se os tubos no vórtex (1 min) e o sobrenadante límpido era transferido para frascos de injeção e estes eram armazenados em câmara frigorífica (cerca de 4°C) até à injeção para análise por cromatografia gasosa.

2.5.2 Separação de Isómeros Cis/Trans

Devido ao potencial de separação incompleto entre isómeros de ácidos gordos trans individuais em amostras com quantidades elevadas de TFA, em particular e prevalente no grupo C18:1, algumas amostras selecionadas foram ainda fracionadas por extração em fase sólida, utilizando colunas de Ag-SCX, seguindo-se as indicações do fabricante (Supelco). Para o efeito, inicialmente foram adicionados às colunas de SPE 4 mL de acetona, e em seguida o cartucho era equilibrado com 4 mL de hexano, deixando eluir gota a gota sem secar para no fim colocar a solução da amostra contendo o equivalente a 1 mg FAME em hexano. Deixava-se eluir gota a gota até a amostra estar toda na matriz da coluna e desperdiçavam-se os solventes adicionados. A primeira fração era eluída com 6 mL de hexano:acetona (96:4, v/v) e continha os SFA, os ácidos gordos trans monoenóicos e conjugados do ácido linoleico com configuração geométrica cis/cis e trans/trans (CLAs). A segunda fração era obtida com a adição de 4 mL de uma nova mistura de hexano:acetona (90:10, v/v), de forma a conseguir cis monoenóicos, trans/trans dienóicos, CLAs cis/trans e

trans/cis. Por fim, e de forma a obter a última fração com cis/cis dienóicos, outros dienóicos

e PUFA, adicionava-se novamente acetona à coluna.

Estas frações eram levadas individualmente à secura (40°C), em corrente de azoto, posteriormente redissolvidas em heptano e, novamente, analisadas por GC para identificação e quantificação dos isómeros cis/trans.

2.5.3 Separação por Cromatografia Gasosa

A injeção foi realizada em modo “split”, com uma razão de divisão de 1:100, sendo a temperatura do injetor de 250ºC e a do detetor de ionização de chama (FID) 270ºC. O hélio foi utilizado como gás de arraste, havendo separação dos compostos sob uma pressão de 120 kPa e um gradiente de temperatura de 140ºC a 200ºC, num total de 40 minutos. Todos os parâmetros estão de acordo com a norma ISO 15304:2002.

Os ácidos gordos foram identificados por comparação com padrões comerciais. Foram quantificados um total de 52 ácidos gordos com 8 a 24 átomos de carbono, incluindo os 11 isómeros trans, nomeadamente de C16:1 (n=1), C18:1 (n=4), C18:2 (n=3), e 18:3 (n=3).

Com base nas recomendações da norma ISO 15304:2002 e na finalidade do presente estudo (teor total de TFA), o total de TFA é apresentado como a soma de todas as ligações duplas trans dos ésteres metílicos dos ácidos gordos, expresso como uma fração de massa de todos os FAME e em seguida convertido para outras unidades, conforme detalhado a seguir.

Sob estas condições atingiu-se um limite de quantificação de 0,01% na gordura. O ácido linoleico conjugado (CLA), eluindo depois o ácido linolénico e previamente identificado com padrões comerciais, não foi incluído no conteúdo total de TFA devido à sua origem natural.

2.5.4 Cálculo

Em cada extrato lipídico foi calculada a percentagem relativa de cada ácido gordo. Para além disso, e com base na quantidade de padrão interno, estimou-se a quantidade dos ácidos gordos totais, através da soma das áreas dos picos dos FAME da amostra e da quantidade de amostra usada. A quantidade de ácidos gordos totais é utilizada como uma aproximação da quantidade total de gordura de triglicerídeos. A percentagem relativa de TFA também foi convertida para o total de massa de gordura, por 100 g de amostra e por dose recomendada.

2.5.5 Análise Estatística

Os resultados obtidos das determinações analíticas para cada grupo de alimentos expressam-se na forma de média, desvio padrão, mediana e amplitude interquartil. Foram também calculados valores máximos e mínimos do conteúdo de TFA para cada grupo.

As variáveis dependentes foram estudadas através do teste de Kruskal-Wallis, quando não se confirmava a distribuição normal dos dados obtida pelo teste de Shapiro- Wilk, e se existissem diferenças estatísticas com um nível de 5% de significância (p<0,05) era realizado o teste de Mann-Whitney. Se a distribuição normal dos dados fosse confirmada pelo teste de Shapiro-Wilk, as variáveis dependentes eram estudadas pelo teste

t de Student para amostras independentes. A maioria das análises estatísticas foram

realizadas com o programa estatístico SPSS (Programa Estatístico para Ciências Sociais) versão 22 para Windows. No entanto, as análises estatísticas para estimar o consumo de TFA e SFA foram realizadas recorrendo ao software R, versão 3.1.1, para Windows.

Resultados e Discussão

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