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ANÁLISE DOS CLUSTERS (LISA) ESPACIAIS DAS PATENTES PER CAPITA

No documento rosaliviagoncalvesmontenegro (páginas 90-95)

O uso dos indicadores locais de associação espacial (LISA) é importante, pois proporciona, para cada observação, uma indicação da existência de clusters espaciais significativos, de valores similares, ao redor daquela observação. A interpretação para a estatística Ii de Moran local é dada da seguinte forma: valores positivos de Ii significam que

existem clusters espaciais com valores similares (altos ou baixos) e os valores negativos de Ii

significam que existem clusters espaciais com valores diferentes entre a região e seus vizinhos.

Os mapas de clusters para as patentes per capita, no período de 1997 a 2003, serão apresentados a seguir na Figura 5, sendo os resultados da estatística Ii significativos no nível

de 5%.

Figura 5 - Mapas de clusters para as patentes per capita nas microrregiões paulistas no período 1997-2003

1998

1999

2001

2002

2003

Pelos mapas de clusters ratifica-se o avanço da atividade inovativa em direção às

microrregiões do interior paulista notado nos mapas de dispersão de Moran. Essa tendência é coerente com o papel do interior do estado de São Paulo em absorver investimentos e de se tornar alternativa locacional à região metropolitana.

No ano de 1997 o padrão espacial Alto-Alto (AA) é composto pelas seguintes microrregiões do interior paulista: Franco da Rocha, Campinas, Piracicaba, Limeira, Rio Claro. As regiões de Limeira, Piracicaba e Rio Claro são as que mais se destacam no padrão espacial AA, nos anos de 1998, 1999, 2000 e 2001. Outras microrregiões também aparecem como integrantes do padrão espacial AA em anos seguintes, como: Pirassununga (1998), Jaú, Ribeirão Preto e Araraquara.

Com relação ao padrão Alto-Baixo (AB) destacam-se Votuporanga e Franca, no qual estão presentes em quase todos os anos, exceto 2001. Votuporanga está assinalada como um

cluster AB, pois apresenta uma elevada área de concentração de patentes per capita vizinha do

cluster Baixo-Baixo (BB). Além da região citada, encontram-se as seguintes microrregiões de Birigui e Jales, no padrão espacial AB.

O padrão espacial Baixo-Alto (BA) é encontrado nas microrregiões: Bragança Paulista, Osasco, Sorocaba, Jaú, Araraquara, Pirassununga, Rio Claro (2002 e 2003). Ressalta-se que a microrregião de Jaú encontra-se nos dois tipos de padrões espaciais, AA (1999, 2002) e BA (1997, 1998, 2000, 2001).

Por último, o padrão Baixo-Baixo (BB) se encontra nas seguintes microrregiões: Bananal, Itapetininga, Capão Bonito, Itapeva, Jales, Araçatuba, Dracena, Auriflama, Andradina, Birigui, Franca, Piedade, Registro e Avaré. Verifica-se também que algumas microrregiões possuem uma oscilação de dois padrões espaciais AB ou BB, em diferentes anos.

A análise sobre o avanço da atividade inovativa que ocorre rumo às microrregiões do interior paulista é explicada por Diniz e Crocco (1996). Os autores destacam que o processo de desconcentração da área metropolitana de São Paulo ocorre devido à expansão de cidades de porte médio do interior paulista. A reestruturação das cidades de pequeno e médio porte está relacionada com as mudanças tecnológicas e organizacionais que ocorrem nessas regiões. Além do surgimento de novos setores industriais, o crescimento em cidades de porte médio, próximas às grandes capitais do Centro-Sul ou mesmo em áreas metropolitanas de menor dimensão dentro desta região viabiliza ainda mais a desconcentração das áreas industriais na capital.

Com isso, apesar do atraso relativo da indústria e tecnologia brasileiras, em relação à fronteira mundial, algumas experiências bem-sucedidas vinculadas a incubadoras, aos pólos e parques tecnológicos, estão localizadas em Campinas e São Carlos. Regiões que se destacaram nos mapas de clusters com o padrão espacial (AA), tendo uma alta concentração da atividade inovativa em quase todos os anos sob análise.

As duas regiões supracitadas possuem algumas características apontadas por Souza e Garcia (1999), como importantes para o sucesso de um parque tecnológico: a proximidade geográfica com universidades ou institutos de pesquisa; alto grau de transferência de tecnologia da universidade para o conjunto dos produtores; presença de produtores especializados atuando em setores de alta tecnologia e o surgimento de organismos voltados à prestação de serviços às empresas.

A microrregião de Campinas destaca-se pela especialização em setores de alta tecnologia e pela oferta de profissionais qualificados (SUZIGAN et alii, 2006). A localidade dispõe de duas grandes universidades, a Unicamp e a PUCCAMP. Diversos institutos de pesquisa também se localizam na região como: o IAC, o Instituto de Tecnologias de Alimentos (Ital), o CTI e o CPqD/Telebrás. Por conta disso, diversas empresas de alta tecnologia atuam principalmente nos ramos de informática, microeletrônica, telecomunicações, opto-eletrônica e química fina, fomentando a atividade inovativa na região.

Já a microrregião de São Carlos conta com a presença de empresas com base tecnológica e uma boa infra-estrutura de ciência e tecnologia, que abrange duas universidades públicas, a USP e a UFSCar, e dois centros de pesquisa da Embrapa. Além disso, na região encontra-se o Centro de Indústrias Nascentes de São Carlos (Cedin), órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. O centro é responsável pelo programa de incubadoras local, assumindo responsabilidade com boa parte dos custos das empresas incubadas (SOUZA e GARCIA, 1999).

Tanto a microrregião de Campinas quanto a de São Carlos apresentam inúmeras potencialidades, principalmente nos setores de alta tecnologia, que a partir da base de ciência e tecnologia, promovida nas instituições e centros de pesquisa, gera a atividade inovativa observada nos mapas de clusters ao longo dos anos.

Pelo mapa dos percentuais da média das patentes per capita (Figura 6) também é possível observar a concentração e o percentual das patentes de cada microrregião. Destacam- se as regiões de Rio Claro, São Carlos, Piracicaba, Amparo, São Paulo, Itapecerica da Serra, de acordo com os valores percentuais do intervalo considerado, entre 4.1% e 11.2%.

Figura 6 - Mapa dos valores percentuais da média das patentes per capita no período 1997-2003

Fonte: Elaboração própria com base no programa ArcView Gis 3.2

No documento rosaliviagoncalvesmontenegro (páginas 90-95)

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