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Análise dos custos e retorno do investimento na fase de projeto

No documento ADRIANO ANTENOR CAMPOS (páginas 64-73)

Os custos referentes ao projeto, aquisição dos equipamentos, estruturas metálicas, cabos de energia, acessórios e mão-de-obra envolvida foram cedidos pela Clemar Engenharia. Dos R$ 496.271,00 (Quatrocentos e Noventa e Seis Mil, duzentos e Setenta e Um Reais) investidos no projeto, 80% foram para aquisição dos principais equipamentos (Inversores, módulos, stringbox, estruturas metálicas, cabos e acessórios) enquanto os outros 20% foram referentes à mão-de-obra envolvida.

19 Documento disponível em: h ttp://celesc.com.br/portal/images/arquivos/normas/Normativa-GD-revisao-03-2016.pdf/. Acesso em: 05 mai. 2017.

A Tabela 14 apresenta de forma resumida o investimento para aquisição e execução do SGFV da UIP.

Tabela 14 - Custos do SGFV Implantado na UIP.

Custo Total do Sistema

implantado (R$) [CAPEX] Valores Observação

Compra na modalidade Importação do kit, com cobrança de PIS/ COFINS (1,65% / 7,6%) e Isenção de ICMS/IPI Conforme Convênio CONFAZ 101/97 - NCM 85013220 Stringbox + outros custos R$ 41.457,61 Fabricação Clemar

Suportes Metálicos para

Inclinação dos Módulos R$ 10.650,00 Fabricação de Terceiros Materiais Diversos R$ 71.702,31 Compra Clemar

Mão de obra Clemar instalação

do SGFV R$ 42.585,19 Mão de obra Clemar

Mão de obra de

terceiros-fixação dos suportes R$ 54.680,23 Mão de obra de Terceiros

Preço Total R$ 496.271,53 Custo implantação de todo Sistema R$ / Wp R$ 7,72 Capacidade instalada 64,2 kWp

Fonte: Elaboração própria (2018).

Como observado na Tabela 14, o custo total do investimento foi R$

496.271,00 (Quatrocentos e Noventa e Seis Mil, duzentos e Setenta e Um Reais), resultando num custo de R$ 7,72/Wp (Sete Reais e Setenta e Dois Centavos por Watt Pico). Analisando a Figura 32 que mostra os preços médios em R$/Wp (reais por watt pico) para implantação de sistemas fotovoltaicos no mercado brasileiro, elaborada pela Greener Tecnologias Sustentáveis (2017), nota-se que o custo investido pela Clemar para o projeto ficou cerca de 10% maior que a média do mercado nacional para o período de junho a dezembro de 2016, que era de R$ 7,00/

Wp para sistemas de porte acima de 50 kWp . Alguns motivos do custo acima do usual foram os equipamentos de seccionamento de corrente contínua e o monitoramento tanto do sistema em CC quando para o uso com o supervisório.

Todavia, esse custo de instalação está diminuindo ano-a-ano conforme a evolução da tecnologia e fabricação em massa dos equipamentos e uma maior competição no mercado.

Figura 32 - Preço Médio de implantação de SGFV (R$/Wp).

Fonte: Adaptado de Greener (2017).

Baseado nos valores de energia da Celesc (R$ 0,4315/kWh já com impostos médios de PIS=1,19%, COFINS 4,00% e ICMS 25%)20 no ano de 2016, e informações de produção de energia do sistema instalado, a Tabela 15 mostra a projeção do quanto de energia seria possível gerar e consequentemente o valor economizado na fatura de energia com a instalação de um SGFV de 64,26 kWp.

Vale ressaltar que, a terceira coluna da Tabela 15 (Fatura Celesc Sem GFV) apresenta na composição dos custos valores que não são os puramente cobrados no consumo de energia, pois entre eles apresentam-se os custos de contratação de demanda, custos com excedente de energia reativa injetada na rede, custos de taxa de iluminação pública, custos de adicional de bandeira (vermelha e/ou amarela)21, entre outros.

20 Valores retirados das faturas energia da Clemar referentes a 2016.

21 Bandeira Vermelha (Patamar 1 e 2) e Amarela, são valores cobrados na fatura de energia em épocas de pouca ou quase nenhuma disponibilidade de água para operação das usinas hidroelétricas. Os valores referentes a 2018 são, R$ 3,00/kWh para bandeira vermelha patamar 1, R$

5,00/kWh para bandeira vermelha patamar 2 e R$ 1,00/kWh para bandeira amarela (ANEEL, 2017).

Tabela 15 - Consumo Real x Geração Projetada x Economia na Fatura. instalação do SGFV versus o consumo de energia da UC.

22 Mesma simulação apresentada na Tabela 11 através do Software PVWATTS, porém, para uma potência instalada de 64,26 kWp ao invés de 139,33 kWp.

23 Esse valor considera o custo da energia deixada de ser consumida da rede da Celesc, considerando a incidência dos impostos (PIS/COFINS/ICMS).

Figura 33 – Consumo Real X Geração Projetada através do software Pvwatts para 64,26 kWp.

Fonte: Elaboração própria (2018).

Observando a Figura 33, pode-se verificar que nos meses de verão o SGFV tem uma maior produção de energia devido a maior disponibilidade solar e o ângulo de inclinação dos painéis, mas por sua vez, também tem um maior consumo de energia na utilização de máquinas de ar condicionado devido ao calor. Essa coincidência é extremamente relevante para a decisão na escolha desse tipo de tecnologia de geração, ou seja, se produz mais energia no momento de maior necessidade, sem a necessidade de exportar a energia para a rede da concessionária. Cabe ressaltar que o efeito da temperatura não foi considerado nesta análise.

A Figura 34 mostra a projeção de economia na fatura de energia com a instalação do SGFV.

Figura 34 - Projeção na Fatura de Energia Com e Sem SGFV.

Fonte: Elaboração Própria (2018)

Com esta capacidade instalada (64,26 kWp), a expectativa de geração média está na faixa de 84.777 kWh/ano, ou seja, cerca de 46% do consumo de energia anual da UC e mais de 30% de redução na fatura.

Avaliados os custos envolvidos no projeto, partiu-se para análise do tempo de retorno do investimento. Para esse cálculo, foi usada a função de Valor Presente Liquido (VPL) mostrada em (7), que é uma função muito utilizada na análise da viabilidade econômica de um investimento. Esse valor é definido como sendo o somatório dos valores presentes dos fluxos estimados da aplicação, calculados a partir de uma taxa dada e de seu período de duração (FREIRE, 2009).

Essa taxa é chamada de custo de capital, ou taxa mínima de atratividade (TMA) que,

para este projeto, foi usado como base um valor médio entre a taxa da poupança da caixa econômica federal e a taxa SELIC24 acumulado do ano de 2016.

𝑽𝑷𝑳 = −

(𝟏+𝒊)𝑭𝑪𝟎𝟎

+

(𝟏+𝒊)𝑭𝑪𝟏𝟏

+

(𝟏+𝒊)𝑭𝑪𝟐𝟐

+ ⋯ +

(𝟏+𝒊)𝑭𝑪𝒏𝒏 (7)

Sendo

VPL = Valor Presente Líquido

FC = é o valor do fluxo de caixa. O índice refere-se ao tempo. Trata-se de um desembolso.

i = taxa de desconto ou taxa mínima de atratividade. É a taxa mínima requerida para realizar o investimento ou o custo de capital do projeto do investimento.

n = representa o prazo de análise do projeto.

Importante verificar:

VPL Negativo = despesas maiores que as receitas, ou seja, o projeto é inviável;

VPL Positivo = receitas maiores que as despesas, ou seja, o projeto é viável;

VPL Zero = receitas e despesas são iguais, ou seja, a decisão de investir no projeto é neutra.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma fórmula da matemática financeira que representa a taxa que torna o VPL nulo, ou seja, indica a taxa que deverá ser comparada com o custo de capital exigido para o projeto. Assim, caso a TIR de determinado projeto seja superior ao custo do capital o projeto deve ser aceito, caso seja igual pode ou não ser aprovado e caso seja inferior o projeto deve ser rejeitado.

(PUCCINI, 2007). A Equação (8) representa a TIR.

𝟎 = −

(𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝑭𝑪𝟎 𝟎

+

(𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝑭𝑪𝟏 𝟏

+

(𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝑭𝑪𝟐 𝟐

+ ⋯ +

(𝟏+𝑻𝑰𝑹)𝑭𝑪𝒏 𝒏 (8)

24 A Taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira. Esta taxa é utilizada como referência para o cálculo das demais taxas de juros cobradas pelo mercado e para definição da política monetária praticada pelo Governo Federal do Brasil (ADVFN, 2018).

Outra importante consideração feita também para análise do investimento foi através do tempo de retorno do investimento – Payback, que é o tempo necessário para que o investidor recupere o investimento inicial de um projeto.

(GITMAN, 2010). A Equação (9) apresenta o cálculo do payback descontado.

De posse das equações matemáticas, para o cálculo do tempo de retorno do investimento feito em 2016, foram consideradas as seguintes variáveis:

Investimento inicial igual a R$ 496.271,00, horizonte do fluxo de caixa igual 25 anos, Taxa de Atratividade Mínima (TMA) de 11,22% (valor médio entre a poupança e a SELIC referentes a 2016 - 8,30% e 14,15% respectivamente), reajuste anual de operação manutenção do sistema (OPEX) de 6,29% baseado no índice IPCA25 do mesmo ano, e perda de rendimento linear dos módulos de 10% para os primeiros 10 anos de operação e 20% para os 25 anos de vida útil média. Também foi considerada a troca dos dois inversores26 do sistema no décimo terceiro ano de operação, conforme a vida útil média entre 10 e 15 anos27. Para o reajuste tarifário de energia, foi tomado como base o período de 2013 a 2016, sendo o valor médio nesse período de 8,46% a.a. para os consumidores do Grupo A4.

25 As taxas SELIC, poupança e IPCA foram consultadas em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/home>.

Acesso em: 11 jan. 2017.

26 Os custos dos inversores instalados foram de R$ 32.233,80 cada, em setembro de 2016. O preço atualizado em maio de 2018 foi de R$ 26.861,50. Cerca de 20% menor.

27 A vida útil do inversor pode ser verificada

em:<https://library.e.abb.com/public/6ae11b86a2044360c1257da10034a0ef/TRIO-27.6-JP_BCD.00578_EN_Rev%20B.pdf>. Acesso em 29 mai. 2018.

A Tabela 16 apresenta os reajustes tarifários da Celesc autorizados pela ANEEL no período de 2013 a 2017.

Tabela 16 - Reajustes na tarifa de energia da concessionária CELESC.

Histórico de Reajuste Tarifário Anual - CELESC

Ano 2013 2014 2015 2016 2017

Grupo A – Alta tensão 14,07% 22,42% 3,59% -6,25% 7,77%

Média até 2016 8,46% Média Até 2017 8,32%

Fonte: Elaboração própria com dados da ANEEL (2018)

Para análise do investimento em questão, uma tabela que se encontra no APÊNDICE B foi elaborada aplicando esses conceitos matemático-financeiros, com o objetivo de encontrar o tempo e a taxa de retorno do investimento, considerando os parâmetros econômicos referentes ao ano de 2016. A Tabela 17 mostra o resumo desses resultados.

Tabela 17- Análise do Investimento Projetado.

Investimento Inicial R$ 496.271,00 Custo com 02 inversores no 13º ano R$ 64.467,46 Total das economias em 25 anos R$ 2.715.475,73 (TMA) Juros Médios da Poupança e SELIC 2016 11,22%

TIR (Taxa interna de retorno) 12,46%

Reajuste Anual na Tarifa de Energia (2016) 8,46%

Reajuste Anual OPEX (IPCA 2016) 6,29%

Custo 183.267 kWh/ano SEM o sistema (VP) R$ 79.079,71 Custo 183.267 kWh/ano COM o sistema (VP) R$ 42.498,44 Total economia no ano (VP) R$ 36.581,28

% de economia (VP) 46,26%

Energia gerada em 25 anos - (kWh) 1.912.199,97

Custo Médio da Tarifa em 2016 – (R$/kWh) R$ 0,4315 quanto a taxa interna de retorno não se apresentaram muito atrativas, considerando a vida útil do sistema de 25 anos. Entretanto, se considerarmos o mesmo custo do investimento inicial (R$ 496.271,00), com os índices econômicos de 2017/2018, o payback mostra uma importante melhora, ou seja, apresenta o retorno em 14 anos e

5 meses e a geração de riqueza por volta de R$ 417.445,62 ao final da vida útil do SGFV. Essa melhora aparece principalmente pela importante queda na taxa SELIC (usada na TMA), que em 2018 estava na faixa de 6,5% contra 11,22% de 2016.

Cabe ressaltar que, a decisão da empresa em instalar o sistema não foi baseada exclusivamente no tempo de retorno do investimento e taxa de atratividade, mas também em outros critérios, tais como, conhecer as tecnologias envolvidas, capacitar equipe técnica para projetos e execução, além de conhecer os custos envolvidos nesse tipo de sistema.

3.4.2 Análise dos custos e retorno do investimento considerando índices

No documento ADRIANO ANTENOR CAMPOS (páginas 64-73)

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