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ANÁLISE DOS DADOS

No documento Flavia Mota - dissertação (páginas 75-79)

CAPÍTULO III: A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

3.7 ANÁLISE DOS DADOS

3.7.1 Instrumento de Análise dos Dados Quantitativos

Para análise dos dados foi construído um banco de dados no programa EPI INFO, versão 3.5.2, o qual foi exportado para o software SPSS, versão 18, onde foi realizada a análise. Para avaliar o perfil pessoal dos alunos avaliados foram calculadas as frequências percentuais e construídas as tabelas de distribuições frequência. Ainda, foram construídas as distribuições de frequência dos motivos citados pelos alunos para a dedicação ao estudo, dos costumes durante a prática do estudo, dos gostos dos alunos acerca das atividades escolares e da percepção dos alunos acerca dos assuntos aprendidos.

A análise da motivação dos alunos acerca da prática escolar foi feita através da construção do escore de motivação o qual avaliou 12 itens do questionário adaptado aplicado

dadas: 3 pontos para sempre, 2 pontos para às vezes e 1 ponto para nunca. Ainda, as questões 4, 6, 8, 9, 10, 11 e 12 tiveram a pontuação é invertida.

Assim, os itens 1 e 2 se referem à motivação intrínseca. A motivação extrínseca por regulação identificada aparece nos itens 3, 4 e 5. Os itens 6, 7, 8 e 9 são de motivação extrínseca por regulação introjetada. Quanto à motivação extrínseca por regulação externa, essa foi avaliada nos itens 10, 11 e 12.

Foram calculados os escores médios obtidos em cada domínio. Para análise dos escores de motivação foram calculadas as estatísticas: mínimo, máximo, média e desvio padrão. Ainda, foram calculados os intervalos de confiança para as médias estimadas.

Para avaliar a normalidade do escore dos domínios avaliados foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Por causa da não indicação da normalidade do escore foi aplicado o teste de correlação de Spearman para avaliação da correlação entre os domínios de motivação. A comparação do grau de motivação dos alunos entre a escola de estudo, o sexo, a idade e o tipo de estrutura familiar dos alunos, foi aplicado o teste de Mann-whitney para comparação de dois grupos e o teste de Kruskall-wallis para comparação de três ou mais grupos. Todas as conclusões foram tiradas considerando o nível de significância de 5%.

3.7.2 Instrumento de Análise dos Dados Qualitativos

Para análise dos dados obtidos por meio das entrevistas, foi utilizada a prática da Análise do Discurso (AD), com a finalidade de analisar as construções ideológicas presentes nos discursos dos professores do Ensino Fundamental que estavam lecionando em turmas de 5º ano de duas escolas públicas municipais da cidade do Recife-PE, Brasil. A escolha por essa metodologia se deu no fato de que o seu objeto de análise se refere ao discurso.

Orlandi afirma que a Análise do Discurso trata do discurso e não se refere ao estudo da gramática, da língua, pois a palavra discurso, etimologicamente, significa “correr por, de movimento”, ou seja, o discurso é a palavra em movimento. Estudando-o, analisa-se a fala do homem. “Na análise do discurso procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história” (Orlandi, 2003, p. 15).

O discurso não é concebido como mero transmissor de informações, mas como efeito de sentido entre os interlocutores (o falante, o ouvinte), por meio do qual se faz a mediação entre o homem e a sua realidade natural, o contexto sócio-histórico.

Desse modo, a AD não interpreta a língua como abstração, fechada em si mesma e ideologicamente neutra, mas com significância. De acordo com Orlandi (2003), “[...] a ideologia e o discurso e a materialidade específica do discurso é a língua, trabalha a relação língua-discurso-ideologia” (p.17).

Isto posto, é através do discurso que se observa essa relação entre língua e ideologia, percebendo-se como a língua fornece sentidos por e para os indivíduos. Orlandi (2003) complementa citando Pêcheux (1993): “não há discurso sem sujeito e nem há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido”.

As condições de produção do discurso são compreendidas fundamentalmente nos sujeitos, na situação, na memória, incluindo o contexto sócio-histórico, ideológico. A memória tem suas características em relação ao discurso, e nessa perspectiva é considerada como interdiscurso, como memória discursiva, é o saber discursivo. O que Orlandi (2003) explica: “[...] O saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré-construido, o já-dito que está na base do dizível, sustentando cada tomada de palavra” (p. 31). Então, o interdiscurso possibilita falas, expressões que afetam o modo como o sujeito significa em uma dada circunstância discursiva.

Foucault (1971) concebe o discurso como sendo formado por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade, chamado de dispersão. De acordo com o autor, cabe à AD descrever essa dispersão, buscando o estabelecimento de regras capazes de reger a formação dos discursos, chamadas de “regras de formação”, as quais possibilitam saber os elementos dos discursos, que são: os objetos, diferentes tipos de enunciação, os conceitos, os temas e teorias, isto é, o sistema de relações entre diversas estratégias capazes de contemplar uma formação discursiva, permitindo ou excluindo certos temas ou teorias.

Brandão (2004) afirma que para Foucault o discurso é definido como um conjunto de enunciados que se remetem a uma mesma formação discursiva.

“Constituindo o discurso um dos aspectos materiais de ideologia, pode-se afirmar que o discurso é uma espécie pertencente ao gênero ideológico. Em outros termos, a formação ideológica tem necessariamente como um de seus componentes uma ou várias formações discursivas interligadas. Isso significa que os discursos são governados por formações ideológicas” (Brandão, 2004, p. 46).

Maingueneau (2001) enfatiza que as formações discursivas variadas interpretações pela complexidade que as abrangem, e se integram em novas formações discursivas, produzindo novas relações ideológicas.

As seguintes noções básicas que envolvem a AD foram consideradas na nossa pesquisa: Condições de produção do discurso; corpus; interdiscurso; formações discursivas; dito, não dito e silenciado.

A condição de produção do discurso, de acordo com Maingueneau (2001), “[...] representa o contexto social que envolve um corpus, que significa, um conjunto desconexo de fatores entre os quais são relacionados previamente os elementos que permitem descrever uma conjuntura” (p. 53).

O corpus é o recorte realizado na seleção dos textos a serem analisados no discurso, por meio da utilização de dizeres que se repetem, em que esses indivíduos ocupam um lugar institucional, enquanto agentes sócio-histórico-ideológico, e não enquanto sujeitos empíricos (Orlandi, 2003; Pinto, 1994).

Na presente investigação, os sujeitos que produziram os discursos analisados foram 10 (dez) professores do Ensino Fundamental anos iniciais, de uma escola pública municipal, constituíram o nosso campo de pesquisa. Os discursos foram coletados através de entrevistas semiestruturadas, realizadas nas salas das professoras, em dia e horário previamente agendados com as mesmas.

Orlandi (2003) afirma que o silêncio não significa a ausência de palavras, é o silêncio constitutivo, próprio para a condição de sentido e de interesse para nossa investigação. “[...] As relações de poder em uma sociedade produzem sempre a censura, de tal modo que há sempre silêncio acompanhado as palavras” (p.83).

Na nossa investigação, a apresentação dos resultados da análise dos discursos das professoras, obtidas através da entrevista semiestruturada, realizou-se a partir de Formações Discursivas (FD), que se coloca no âmbito dos sentidos construídos a partir da fala dos docentes.

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

No documento Flavia Mota - dissertação (páginas 75-79)