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4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.4. Análise dos dados

Para a análise e interpretação dos dados, utilizamos os pressupostos metodológicos da análise de conteúdo de Bardin (1977), onde buscamos compreender os significados de suas falas a partir de uma interpretação do que foi dito, ao serem classificados em categorias, por exemplo. Como afirmam Silva, Gobbi e Simão (2005, p. 70)

a proposta que acompanha a análise de conteúdo se refere a uma decomposição do discurso e identificação de unidades de análise ou grupos de representações para uma categorização dos fenômenos, a partir da qual se torna possível uma reconstrução de significados que apresentem uma compreensão mais aprofundada da interpretação de realidade do grupo estudado.

Dessa forma, dividimos as falas dos participantes a partir de categorias temáticas (BARDIN, 1977) previamente estabelecidas por meio do roteiro do grupo focal, bem como de tópicos que surgiram durante a discussão. Nomeamos essas categorias de eixos temáticos, pois cada um deles abrange uma série de discussões sob diferentes aspectos, mas convergem para o mesmo tema. De acordo com o roteiro, dividimos a discussão em três momentos para facilitar o debate no grupo: o momento inicial de apresentação e introdução da temática sobre projetos de vida e planos futuros; o segundo momento ateve-se ao desenvolvimento da discussão em si, abordando os outros objetivos da pesquisa; e o terceiro de finalização e avaliação do grupo, onde os jovens fizeram uma síntese do que discutiram.

Os eixos foram pensados a partir desses momentos, e divididos a partir das temáticas discutidas, num total de quatro. O primeiro é mais focado nos projetos de vida dos jovens, nas estratégias e motivações que os orientam, e na relação da escola na construção e realização destes projetos. O segundo e terceiro eixos, vão falar, respectivamente, sobre os significados da escola para os jovens, o cotidiano escolar, suas dificuldades e desafios; como o Ensino Médio, as disciplinas e os professores têm ajudado em seus projetos, seguindo para a participação dos jovens na escola. No quarto, e último eixo, iremos abordar o terceiro momento de finalização do grupo onde os participantes fazem um resumo de tudo o que foi discutido partindo do questionamento “que escola queremos que nos ajude a pensar o futuro?”. Algumas questões não estavam no roteiro e foram surgindo no decorrer da discussão, trazidas pelos próprios jovens e que também foram incluídas nos eixos de análise, como por exemplo, a discussão sobre as diferenças entre a escola pública e a escola privada,

as relações entre eles e os professores e a falta de algumas atividades extra classe que foram retiradas do calendário escolar e que eles consideram importantes.

Acreditamos que partindo dessa configuração de análise conseguimos nos aproximar daquilo que inicialmente propomos em nossos objetivos e evidenciar os tópicos trazidos pelos próprios jovens durante a realização do grupo. Além disso, organizamos a análise em três momentos, como sugere Bardin (1977): a pré-análise; a exploração do material; e o tratamento dos resultados. No primeiro momento, organizamos o material a ser analisado e criamos um roteiro que nos ajudou a pensar os procedimentos seguintes.

Na fase de exploração do material, lemos e relemos várias vezes a transcrição do grupo focal fazendo uma leitura flutuante para destacar os pontos relevantes, passando posteriormente, para uma leitura mais aprofundada a fim de ter uma maior compreensão das falas, sempre procurando cumprir as orientações estabelecidas na fase anterior. Finalmente, na última etapa apresentamos as interpretações das informações construídas, utilizando referências que embasaram nosso trabalho tanto metodológica quanto teoricamente, procurando assim torná-los válidos e expressivos.

Como afirmam Silva, Gobbi e Simão (2005, p. 75) “o princípio da análise de conteúdo é definido na demonstração da estrutura e dos elementos desse conteúdo para esclarecer diferentes características e extrair sua significação”. Buscamos seguir esse preceito ao explicitar de forma clara todo o processo de análise realizado, bem como ao elucidar os eixos temáticos e o que fundamenta cada um. Além disso, fizemos uso das próprias falas dos jovens em todo o texto procurando assim, demonstrar a partir delas nossas interpretações. Nessa perspectiva, procuramos dar significado e valorizar o que foi dito pelos jovens compreendendo a importância que essa pesquisa proporcionou ao possibilitar a discussão sobre aspectos de seu cotidiano e de seu futuro, que talvez não fosse possível de outra forma.

Ao utilizar a técnica de análise de conteúdo esperamos poder entender melhor não só os significados da escola para os jovens e a sua relação com seus projetos de vida, como também um pouco de sua realidade sócio-cultural e das relações estabelecidas cotidianamente no ambiente escolar, pois

a consciência da realidade social não está expressa apenas no discurso declarado, ao optar pela utilização da técnica de análise de conteúdo, cabe ao investigador social tentar compreender e revelar as entrelinhas nas falas dos

atores, já que estas exteriorizam suas construções acerca de dada realidade (SILVA, GOBBI, SIMÃO, 2005, p. 80).

Sendo assim, acreditamos que os resultados construídos foram satisfatórios ao ponto que conseguimos compreender alguns aspectos da vida escolar dos jovens e como eles próprios se vêem nessa realidade, como significam as relações ali estabelecidas, que mudanças percebem como necessárias e que soluções apontam para os problemas encontrados. Acima de tudo foi possível dar a esses jovens uma oportunidade de participar e de se reconhecer nesse espaço escolar através de suas falas e da possibilidade de serem ouvidos.