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A última etapa da pesquisa consistiu na análise dos dados coletados, que foram, a seguir, analisados qualitativamente. Para tanto, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, técnica de investigação preconizada por Laurence Bardin, pois a mesma, por meio do que está escrito, falado, e mapeado, permite identificar o que está implícito em cada conteúdo manifesto (MINAYO, 2003), ou seja, seus significados mais profundos.

Bardin (2010, p. 44) define a análise de conteúdo como

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

A análise de conteúdo tem duas funções, que, na prática, podem ou não coexistir: uma função heurística, cujo papel fundamental é enriquecer um estudo exploratório, aumentando a propensão à descoberta (análise de conteúdo “para ver o que dá”); e uma função de administração de prova, ou seja, há afirmações ou hipóteses previamente estabelecidas que servem de diretrizes para o estudo (análise de conteúdo “para servir de prova”) (BARDIN, 2010).

É importante mencionar que a técnica de análise de conteúdo é realizada por meio de três fases distintas:

1) a pré-análise;

2) a exploração do material; e

A primeira fase consiste, basicamente, da tarefa de organização. É um período de intuições, cujo objetivo é operacionalizar e sistematizar as ideias iniciais, conduzindo ao desenvolvimento de um esquema mais preciso das etapas seguintes de análise (BARDIN, 2010).

A pré-análise é iniciada com a denominada “leitura flutuante”, que permite um primeiro contato com o texto a ser analisado, sendo que, aos poucos, as primeiras impressões e orientações vão se tornando mais precisas em função dos objetivos propostos no estudo (BARDIN, 2010).

Comumente, a fase da pré-análise tem três finalidades: “a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final” (BARDIN, 2010, p. 121).

A escolha dos documentos ou a formação do corpus para a análise é uma etapa muito importante que deve seguir algumas regras, quais sejam: da exaustividade, da representatividade, da homogeneidade e da pertinência. Para a análise dos dados não é obrigatório que se estabeleçam a priori os objetivos ou hipóteses norteadoras, contudo a sua formulação é muito importante para indicar as dimensões e direções de análise (BARDIN, 2010).

Por fim, a última etapa da fase de pré-análise consiste na elaboração de índices e indicadores, ou seja, os índices devem ser escolhidos com base nas hipóteses e objetivos de análise, caso tenham sido determinados, e organizados em indicadores. A escolha dos índices permite construir indicadores precisos e seguros (BARDIN, 2010). Vale ressaltar que já na pré-análise serão definidas as operações de recorte do texto (unidades de registro) e de codificação.

Neste momento inicia-se a etapa de exploração do material selecionado, cujo objetivo é a administração das decisões tomadas na fase de pré-análise. Diz respeito, basicamente, às operações de codificação com base em regras pré-estabelecidas (BARDIN, 2010). A codificação

[...] corresponde a uma transformação – efetuada segundo regras precisas – dos dados brutos do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão, susceptível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices [...] (BARDIN, 2010, p. 129).

Então, verifica-se que a codificação corresponde à escolha das unidades de registro (recorte do texto em unidades significativas) que, para Bardin (2010, p. 38) podem ser “[...] a

palavra, a frase, o minuto, o centímetro quadrado”. Conforme a autora, as unidades de registro mais utilizadas são: a palavra, o tema, o objeto ou referente, o acontecimento, dentre outras.

Compreende também as operações de codificação, a escolha das regras de contagem, ou seja, a enumeração. Existem diversas regras de enumeração que devem ser seguidas quando da organização do material selecionado, e devem ser escolhidas de acordo com os objetivos e o tipo de material a ser analisado.

A escolha das categorias de análise (classificação e agregação) é uma das etapas mais importantes da codificação. É neste momento que as unidades de registro são agregadas e classificadas por meio da operação de categorização. Para Bardin (2010, p. 145), “[...] a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia), com critérios previamente definidos”. Conforme a autora, as categorias “[...] são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos” (BARDIN, 2010, p. 145).

O processo de categorização pode ser realizado de duas maneiras: ou é fornecido previamente o sistema de categorias, e à medida que os elementos são encontrados vão sendo alocados a elas da melhor maneira possível; ou não é fornecido previamente o sistema de categorias, o qual resultará da classificação dos elementos encontrados. Os títulos das categorias só serão definidos no final da operação de categorização (BARDIN, 2010).

A última fase da análise de conteúdo diz respeito ao tratamento dos resultados obtidos, a inferência e a interpretação. O tratamento dos resultados é realizado com base na pré-análise e na exploração do material em análise, que se refere ao corpus da pesquisa. Tal procedimento permitirá que sejam executadas, posteriormente, as etapas de inferência e interpretação dos mesmos. Conforme explica Bardin (2010, p. 41):

Se a descrição (a enumeração das características do texto, resumida após tratamento) é a primeira etapa necessária e se a interpretação (a significação concedida a estas características) é a última fase, a inferência é o procedimento intermediário, que vem permitir a passagem, explícita e controlada, de uma à outra.

Sob esta perspectiva, constata-se a importância da inferência para a análise de conteúdo, pois sem ela não é possível chegar a interpretações significativas dos dados obtidos referentes aos objetivos propostos de pesquisa. Para Bardin (2010, p. 40), a análise de

conteúdo tem como objetivo principal “[...] a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”.

Com base nas orientações traçadas anteriormente sobre a técnica de análise de conteúdo, foram realizados o tratamento e a análise dos dados coletados.

As entrevistas foram transcritas, organizadas (corpus da análise) e lidas exaustivamente, tendo como norteadores os objetivos da pesquisa e, consequentemente, de análise. Esses procedimentos permitiram que as informações consideradas mais significativas para o desenvolvimento da análise fossem reconhecidas e, com isso, desenvolver os indicadores que nortearam toda a análise dos dados obtidos nas entrevistas.

As unidades de registro (recorte das falas dos participantes da pesquisa) foram definidas e selecionadas de acordo com os objetivos estabelecidos no presente estudo. Posteriormente, foram agrupadas e classificadas em categorias e subcategorias de análise por meio da operação de categorização. Isto é, as unidades de registro foram agrupadas segundo elementos de semelhança para, em seguida, serem alocadas nas categorias e subcategorias de análise estabelecidas. O sistema de categorias foi elaborado de duas maneiras:

• previamente, baseando-se nos objetivos do estudo e na literatura sobre a temática de comportamento informacional;

• por meio da classificação dos elementos encontrados durante a leitura das entrevistas transcritas.

A partir dos procedimentos realizados anteriormente foi possível interpretar e discutir as informações obtidas, as quais serão apresentadas na seção seguinte.

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa, que estão organizados pelas seguintes categorias de análise: Suporte informacional: fontes de informação disponíveis; Fontes de informação utilizadas para identificar informação; Fontes de informação utilizadas para localizar informação; Fontes de informação utilizada para obter informação; Dificuldades na localização de informação; Auxílio na atividade de busca de informação; Fatores que influenciam o comportamento de busca de informação.