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3 CULTURA DIGITAL NA FORMAÇÃO CONTINUADA

6.4 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram analisados com base nos fundamentos da análise textual discursiva que, conforme os estudos Moraes e Galiazzi (2007, p.7), “corresponde a uma metodologia de análise de dados e informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas compreensões sobre fenômenos e discursos [...], representando um movimento interpretativo de caráter hermenêutico.”

O corpus da análise textual é constituído essencialmente de produções textuais, costuma- se denominá-lo de dados, afirmam Moraes e Galiazzi (2007, p.16-17). Nesta dissertação de mestrado, os textos que compõem o corpus da análise foram produzidos especialmente para a pesquisa a partir dos registros da observação participante, das respostas abertas e fechadas do questionário e da análise de documentos.

Segundo Moraes e Galiazzi (2007, p.112), em seu encaminhamento metodológico, “a análise textual discursiva pode ser entendida como o processo de desconstrução, seguido de reconstrução, de um conjunto de materiais linguísticos e discursivos, produzindo-se a partir disso novos entendimentos sobre os fenômenos e discursos investigados” – processo emergente de compreensão que culmina na produção de metatextos. Os autores explicam que isso “envolve identificar e isolar enunciados e produzir textos, integrando nestes descrição e interpretação, utilizando como base de sua construção o sistema de categorias construído.” A Figura 3 mostra o ciclo da análise textual discursiva, conforme o processo descrito anteriormente:

Figura 3: Ciclo da análise textual discursiva. Fonte: Moraes e Galiazzi (2007, p.41).

Em relação ao processo de categorização, Moraes e Galiazzi (2007, p.23-25) ensinam que as categorias na análise textual podem ser produzidas por intermédio de diferentes metodologias, utilizando um dos seguintes métodos, conforme definição dos autores:

 Método dedutivo – um movimento do geral para o particular, implica construir categorias antes mesmo de examinar o corpus. São “caixas” (Bardin, 1977, apud Moraes e Galiazzi, 2007) nas quais as unidades de análise serão colocadas ou organizadas. Esses agrupamentos constituem as categorias “a priori”. A dedução implica, geralmente, a procura de objetividade, verificabilidade e quantificação.  Método indutivo – implica produzir as categorias a partir das unidades de análise

construídas a partir do corpus. O processo indutivo caminha do particular ao geral, resultando no que se denomina de categorias emergentes. A indução traz dentro de si a subjetividade, o foco na qualidade, a ideia de construção, a abertura ao novo.

 Método intuitivo – as categorias produzidas por intuição originam-se de inspirações repentinas, “insights” que se apresentam ao pesquisador a partir de

DESCONSTRUÇÃO

uma intensa impregnação nos dados relacionados aos fenômenos. A intuição, tal qual a indução, traz dentro de si a subjetividade, o foco na qualidade, a ideia de construção, a abertura ao novo.

No presente trabalho de pesquisa, o processo de categorização fundamentou-se na combinação dos métodos indutivo e intuitivo, gerando as chamadas categorias emergentes – são construídas a partir das múltiplas vozes que emergem dos textos analisados . Cabe destacar que os seguintes entendimentos de Moraes e Galiazzi (2007, p.27):

1) o que se propõe na análise textual discursiva é utilizar as categorias como modos de focalizar o todo por meio das partes;

2) as categorias da análise necessitam ser válidas ou pertinentes no que se refere aos objetivos e ao objeto da análise.

Ainda de acordo com Moraes e Galiazzi (2007, p.32), “a análise textual discursiva visa à construção de metatextos analíticos que expressem os sentidos lidos num conjunto de textos”. Assim sendo, convém enfatizar que “a qualidade dos textos resultantes das análises não depende apenas de sua validade e confiabilidade, mas é, também, consequência do fato de o pesquisador assumir-se autor de seus argumentos.”.

É importante esclarecer que, em vários momentos da análise, são citados os discursos proferidos informalmente pelos professores durante as observações realizadas no campo de pesquisa como também nas respostas abertas do questionário, além de registros relevantes dos documentos, pois “uma descrição densa, recheada de citações dos textos analisados, sempre selecionadas com critério e perspicácia, é capaz de dar ao leitor uma imagem fiel dos fenômenos que descreve. Essa é uma das formas de sua validação.” (MORAES E GALIAZZI, 2007, p.35)

A análise textual discursiva se inicia com o processo de unitarização, também chamado de desconstrução ou desmontagem dos textos: consiste em analisar os textos do corpus da pesquisa em seus detalhes, identificando as unidades de sentido, ou enunciados isolados mais relevantes relacionados ao fenômeno estudado. As unidades de sentido são partes de um todo, por isso estão interconectadas.

No processo de unitarização, é preciso que o pesquisador esteja constantemente atento à validade das unidades que produz. São consideradas unidades válidas para uma pesquisa as que afirmem algo em relação ao objeto da investigação, portanto, “somente necessitam ser unitarizadas informações dos textos do ‘corpus’ que sejam válidas ou pertinentes ao objeto da pesquisa” (MORAES e GALIAZZI, 2007, p.115). Assim sendo, a Figura 4 mostra o resultado do processo de unitarização realizado neste trabalho de pesquisa.

Figura 4: Unidades de sentido.

Fonte: Autora da dissertação.

Moraes e Galiazzi (2007, p.116) explicam que “da classificação das unidades de análise resultam as categorias, cada uma delas destacando um aspecto específico e importante dos fenômenos investigados”. A partir dessas unidades de sentido são construídas as categorias iniciais, intermediárias e finais da análise. Em geral, afirmam os autores, essa construção vai de categorias específicas, restritas e em grande número, denominadas de categorias iniciais, a categorias cada vez mais amplas e em menor número, ou seja, categorias intermediárias e, em seguida, as finais. As unidades de sentido e todas as categorias estão inter-relacionadas, conforme aponta a Figura 5.

Figura 5: Unidades e diferentes níveis de categorização. Fonte: Moraes e Galiazzi (2007, p.119)

Convém frisar que as unidades de sentido e as categorias devem ser pertinentes ao objeto e aos objetivos da investigação para que sejam válidas.

UNIDADES DE SENTIDO professores; professoras; idade; formação; NEEJAs;

equipe; planejamento ; reuniões; interesse; motivação oficinas; informática; computadores; laboratório; EAD; cursos; conhecimentos carga horária; disponibilidade; demanda; trabalho; tempo de magistério; aposentadoria SEDUC; capacitação; valorização; organização; comunicação Unidades de sentido Categorias iniciais Categorias intermediárias Categorias finais