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4. PESQUISA, METODOLOGIA, RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO

4.6 Análise dos Dados

A análise quantitativa dos dados deu-se por meio de estatística descritiva, apresentando e sumarizando os gêneros textuais e os períodos nos quais a Cracolândia da região central da cidade de São Paulo apareceu como notícias nos cinco gêneros textuais pontuados nos jornais e intervalos selecionados. Para o tratamento dos dados estatísticos, recorreu-se ao programa Excel, software que possibilita a realização de observação aliada a cálculos percentuais e elaboração de gráficos.

67 Para a análise qualitativa dos dados, optou-se pela análise de conteúdo. Segundo Bardin, a análise de conteúdo é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações” (BARDIN, 1977, p. 31). E ela pode ser quantitativa ou qualitativa. No primeiro caso, o que importa é a frequência com que certas características do conteúdo aparecem. No segundo, a presença ou ausência de uma determinada característica do conteúdo ou de um determinado conjunto de características.

As análises foram realizadas em duas etapas (ver Quadro 2). Inicialmente, houve exame parcial do 1º Grupo Amostral, a fim de avaliar os aspectos que poderiam ser explorados com o 2º Grupo Amostral. Posteriormente, definiu-se o 3º Grupo Amostral para comprovar ou descartar a hipótese de exclusão da concepção deliberativa pela consubstancialidade da política e da comunicação, elaborada a partir da coleta de dados do 1º e 2º grupos, considerando as fontes das notícias.

68 O modelo de análise escolhido para esta pesquisa é misto e utiliza categorias para a interpretação dos dados. Conforme Duarte e Barros (2005, p. 79), categorias “são estruturas analíticas construídas pelo pesquisador que reúnem e organizam o conjunto de informações obtidas a partir do fracionamento e da classificação em temas autônomos, mas inter- relacionados”.

Para este estudo, foram criadas as seguintes categorias de análise quantitativa:

A) Gêneros textuais: notícias informativas e opinativas. Essa categoria é estruturada pelos códigos: A1 – Reportagem; A2 – Artigo; A3 – Coluna; A4 – Entrevista; e A5 – Editorial.

B) Período de abordagem: composto por textos publicados em quatro intervalos, estruturados pelos seguintes códigos: B1 – Pré-Eleitoral 2012; B2 – Pós-Eleitoral 2013; B3 – Pré-Eleitoral 2016; e B4 – Pós-Eleitoral 2017, que compreendem, respectivamente, julho, agosto, setembro e outubro de 2012; janeiro, fevereiro, março e abril de 2013; julho, agosto, setembro e outubro de 2016; e janeiro, fevereiro, março e abril de 2017.

E para a análise qualitativa, as categorias a seguir:

C) Ações reportadas: engloba iniciativas dos governos estadual e municipal e outros órgãos, visando atender usuários e o “fim” da Cracolândia, estruturada pelos códigos: C1 – Ação Estadual; C2 – Ação Municipal e C3 – Ação de Outros Órgãos, exemplificados no Quadro 3.

Quadro 3 - Códigos da Categoria Ações Reportadas Códigos Mostras de Marcação

C1 - Ação Estadual “Um ano após o início da operação na cracolândia, o governo do Estado de São Paulo vai fazer um ‘mutirão’ para internações involuntárias de dependentes químicos que ficam nas ruas do centro da capital. A permissão de recolhimento será dada por um parente. A ideia é lançar o programa em dez dias, com apoio de psiquiatras, juízes, promotores e advogados. (O Estado de S. Paulo, 4 JAN, 2013), (C1)”

C2 - Ação Municipal “Batizado de Redenção, o novo programa do prefeito João Doria (PSDB) para a cracolândia vai acabar com a remuneração de dependentes por serviços pagos pela prefeitura, como varrição, e oferecerá vagas de trabalho em empresas privadas, com salários de R$ 1.800. (Folha de S. Paulo, 6 JAN, 2017), (C2)”

69 (Continuação do Quadro 5)

C3 - Ação de Outros Órgãos

“‘A participação da Justiça e da OAB é justamente para evitar exageros. O objetivo do programa é garantir tratamento adequado para quem precisa e não tem condições de decidir sobre isso’, diz o advogado Cid Vieira de Souza Filho, presidente da Comissão de Estudos sobre Educação e Prevenção de Drogas da OAB-SP, que participa das discussões com o governo. (O Estado de S. Paulo, 3 JAN, 2013), C3)”

D) Participação cívica: engloba fontes dos textos, sendo estruturada pelos códigos: D1 – Fontes Oficiais, Oficiosas e Independentes; D2 – Fontes Primárias e Secundárias; e D3 – Fontes Testemunhais e Experts. O Quadro 4 traz exemplos de marcação dos códigos.

Quadro 4 - Códigos da Categoria Participação Cívica

Códigos Mostras de Marcação

D1 - Fontes Oficiais, Oficiosas e

Independentes

“Ação anticrack de Haddad é alvo de investigação em SP. Ministério Público apura falta de controle no dinheiro pago aos beneficiários. O Braços Abertos é uma das bandeiras da gestão municipal e teve como foco usuários de droga na região da cracolândia. O Ministério Público do Estado de São Paulo investiga indícios de irregularidades no programa De Braços Abertos, bandeira do prefeito Fernando Haddad (PT) voltada a dependentes de drogas, em especial na região

cracolândia, no centro da capital. (Folha de S. Paulo, 2 SET, 2016), (D1)”

D2 - Fontes Primárias e Secundárias

“Cracolândias de SP e Rio vão ser vigiadas por 220 câmeras.

Equipamentos doados pelo governo federal serão operados por policiais estaduais. Imagens servirão de combate a traficantes e serão

monitoradas de um micro-ônibus. A cracolândia da região central de São Paulo passará a partir de maio a ser monitorada por 220 câmeras, que funcionarão 24 horas por dia e serão operadas a partir de micro- ônibus com monitores. (Folha de S. Paulo, 25 ABR, 2013), (D2)” E3 - Fontes

Testemunhais e Experts

“‘A minha história é só triste, mano”. Usuário conta experiência de estar em abrigo da Prefeitura de dia e enfrentar o vício ao sair: ‘Tem de evitar o primeiro. Se não, fica a noite toda fumando’. O primeiro contato com as pedras de crack ocorreu quando ele tinha 15 anos. Hoje, com 21, o desempregado Valdir Cardoso dos Santos vive o drama de ser um adulto não com um projeto de vida produtivo, um sonho de uma vaga no ensino superior ou um trabalho decente. A tarefa dele, que mora na rua no centro de São Paulo e frequenta o espaço de

convivência da Prefeitura (para viciados e desabrigados), é livrar-se do cachimbo de crack que lhe entortou a vida na adolescência e só lhe rendeu dependência química, abandono, roubo e cadeia. (O Estado de S. Paulo, 1º JUL, 2012), (C3)”

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